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ConflitosÁfrica do Sul

Partido Comunista acusa EUA de espionagem na África do Sul

Lusa
15 de maio de 2023

Principal parceiro na coligação governativa na África do Sul acusou hoje Washington de espionagem contra Pretória após embaixador dos Estados Unidos ter acusado o país de fornecer armas à Rússia.

Partido Comunista acusa EUA de espionagem na África do Sul
Foto: Imago/Imagebroker/Hohenacker

"Acreditamos que sim. Como se explica que um embaixador que representa um país estrangeiro no nosso país poderia ter feito tais afirmações", declarou o porta-voz do Partido Comunista da África do Sul (SACP, na sigla em inglês), Alex Mashilo, em entrevista ao canal de televisão sul-africano ENC.

"Eles [Estados Unidos] estão definitivamente a fazer espionagem na África do Sul e usaram as informações obtidas dessas atividades de espionagem para fazer essas alegações. Não aceitamos isso como SACP", afirmou.

O Partido Comunista da África do Sul, principal parceiro na coligação governativa sul-africana desde 1994, juntamente com o Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), e a confederação sindical Cosatu, é a mais recente voz a criticar as declarações do embaixador dos Estados Unidos da América (EUA) em Pretória, Reuben Brigety.

"Na verdade, as Nações Unidas não sancionaram a Rússia, as sanções contra a Rússia vêm dos Estados Unidos dominados pela NATO, são sanções unilaterais fora do quadro legal das Nações Unidas", considerou Alex Mashilo.

"A África do Sul não é uma colónia dos Estados Unidos, não podemos ser forçados a seguir a política externa dos Estados Unidos. Somos uma república independente, com as nossas próprias políticas e relações internacionais", vincou o dirigente comunista sul-africano.

Crise diplomática

As alegações sobre a suposta venda de armas à Federação Russa do embaixador norte-americano, que foi chamado de imediato ao Ministério das Relações Internacionais e Cooperação sul-africano para se explicar, causaram uma crise diplomática com Pretória, antiga aliada de Washington no continente durante o anterior regime de segregação racial do 'apartheid'.

O Presidente sul-africano, Cyril Ramapahosa, reiterou hoje que o seu país mantém uma posição "não-alinhada" em relação à guerra da Rússia contra a Ucrânia, salientando que a África do Sul procura "contribuir para a criação de condições que tornem possível uma resolução duradoura do conflito".

"A realidade é que o conflito entre a Rússia e a Ucrânia e as tensões que lhe estão subjacentes não serão resolvidos por meios militares. Ele deve ser resolvido politicamente", disse Cyril Ramaphosa, na sua 'newsletter' semanal ao país. "A África do Sul não tomará partido numa disputa entre potências globais", assegurou.

"Não aceitamos que a nossa posição não-alinhada favoreça a Rússia acima de outros países. Tão pouco aceitamos que isso coloque em risco as nossas relações com outros países", apontou o Presidente sul-africano.

Ramaphosa sublinhou que, no ano passado, também "reafirmou" a posição da África do Sul sobre o conflito militar na Ucrânia nas conversações que manteve com o Presidente norte-americano Joe Biden, em Washington, e com o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, em Londres.

"Reafirmei a nossa posição de não-alinhamento e expliquei que a África do Sul acredita que esse conflito deve ser resolvido por meio do diálogo. Em agosto, receberei os líderes do Brasil, Índia, China e Rússia para a Cimeira dos países do BRICS. A África do Sul tem relações fortes e duradouras com todos esses países", frisou o líder sul-africano.

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