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Ucrânia: Rússia ataca último reduto em Mariupol

nn | com agências
3 de maio de 2022

Tropas da Rússia começaram ofensiva à fábrica de Azovstal, último reduto da resistência ucraniana em Mariupol. ONU anunciou retirada "bem-sucedida" de 101 civis ali encurralados. Guterres pede mais pausas humanitárias.

 Bilderchronik des Krieges in der Ukraine 3.5.22
Foto: Alexei Alexandrov/AP/picture alliance

"Durante toda a noite recebemos bombardeamentos aéreos, duas civis morreram - o ataque a Azovstal está em curso", disse ao jornal "Ukrainska Pravda" o vice-comandante do regimento Azov, Svyatoslav Palamar ("Kalina").

Já o chefe da polícia de patrulha em Mariupol, Mikhail Vershinin, afirmou que após a retirada de civis, as tropas russas "começaram a atacar de dia e de noite, e agora começaram a invadir a fábrica a partir de vários lugares".

Por sua vez, o Ministério da Defesa da Rússia acusou o Regimento Azov e as Forças Armadas ucranianas, ambos entrincheirados na siderúrgica, de aproveitarem uma trégua para a evacuação de civis para ocuparem posições de combate.

"Neste momento, unidades do exército russo e da República Popular de Donetsk com o apoio da aviação e da artilharia estão a começar a destruir essas posições", disse o porta-voz da pasta, Vadim Astafiev, segundo a agência de notícias oficial russa "RIA Novosti".

Milícias pró-russas atacam posições ucranianas perto da fábrica de AzovstalFoto: ALEXANDER ERMOCHENKO/REUTERS

Retirada "bem-sucedida" de 101 civis

A ONU anunciou esta terça-feira (03.05) a retirada "bem-sucedida" de 101 civis há semanas encurralados naquele complexo industrial siderúrgico.

"Estou feliz e aliviada por confirmar que 101 civis foram retirados com êxito da fábrica siderúrgica de Azovstal, em Mariupol", declarou a coordenadora humanitária das Nações Unidas para a Ucrânia, Osnat Lubrani, citada num comunicado. 

Segundo a responsável, mais 58 pessoas foram retiradas de Manhush, uma cidade nos arredores de Mariupol, no sudeste do país, no âmbito desta operação coordenada pelas Nações Unidas e o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e iniciada a 29 de abril, com o acordo das partes em conflito, na sequência de compromissos feitos pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, nas suas recentes visitas a Moscovo e Kiev.  

"Hoje, acompanhámos 127 pessoas a Zaporijia, cerca de 230 quilómetros a noroeste de Mariupol, onde estão a receber assistência humanitária inicial, incluindo cuidados médicos e psicológicos, das agências especializadas da ONU, do CICV e dos nossos parceiros humanitários", indicou Osnat Lubrani, precisando que "algumas das pessoas resgatadas decidiram não ir para Zaporijia com a coluna". 

O CICV informou, quase ao mesmo tempo, que a operação durou cinco dias e que, enquanto a coluna de autocarros e ambulâncias saía da cidade, algumas pessoas sozinhas e famílias - algumas a pé e outras em veículos - se lhe juntaram para estarem protegidas. 

"Esta complexa operação permitiu a saída de grupos de civis de Azovstal e da zona de Mariupol, embora esperássemos que fosse possível retirar mais pessoas. São necessários, com urgência, acordos semelhantes entre as partes para aliviar o imenso sofrimento da população civil", indicou a Cruz Vermelha em comunicado. 

Guterres "satisfeito"

O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, - que já reconheceu que o Conselho de Segurança da ONU falhou na prevenção da guerra - manifestou-se "satisfação" pela retirada de civis, pedindo "mais pausas humanitárias". 

"Estou satisfeito por mais de 100 civis terem sido retirados com sucesso da siderúrgica Azovstal em Mariupol, numa operação coordenada com sucesso pelas Nações Unidas e pelo Comité Internacional da Cruz Vermelha", afirmou em comunicado. 

O secretário-geral disse esperar que a coordenação contínua da ONU com Kiev e Moscovo "leve a mais pausas humanitárias", que "permitirão aos civis uma passagem segura para longe dos combates e que a ajuda chegue às pessoas onde as necessidades são maiores". 

Civis nas imediações de Kharkiv, UcrâniaFoto: Ricardo Moraes/REUTERS

A Rússia iniciou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia - justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar o país vizinho para segurança da Rússia ..

Entretanto, a invasão foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto. 

13 milhões de refugiados

Cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia, e a guerra, que entrou no 69.º dia, causou até agora a fuga de mais de 13 milhões de pessoas, mais de 5,5 milhões das quais para os países vizinhos, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que a classifica como a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). 

A ONU confirmou hoje que 3.193 civis morreram e 3.353 ficaram feridos, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a cidades cercadas ou a zonas até agora sob intensos combates.