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Ucrânia: ONU diz que navios com cereais vão circular

Lusa | AFP
2 de novembro de 2022

A Rússia vai retomar o acordo sobre as exportações de cereais ucranianos após receber "garantias escritas" da Ucrânia sobre a desmilitarização do corredor utilizado para o seu transporte, anunciou o Governo russo.

Istanbul Getreidefrachter aus Ukraine warten auf Durchfahrt durch Bosporus
Foto: UMIT BEKTAS/REUTERS

"A Rússia considera que as garantias recebidas até agora parecem suficientes e retoma a implementação do acordo", disse o Ministério da Defesa russo na rede social Telegram, citado pela agência francesa AFP.

"As exportações de cereais e alimentos da Ucrânia precisam continuar. Embora nenhum movimento de navios esteja planeado para 2 de novembro sob a Iniciativa do cereal do Mar Negro, esperamos que navios carregados partam na quinta-feira" (03.11), tinha declarado na terça-feira à noite (01.11) o coordenador das Nações Unidas na delegação do Centro de Coordenação Conjunta de Istambul (JCC), Amir Abdulla, na rede social Twitter. 

Momentos depois da posição de Amir Abdulla, o ministro das Infraestruturas da Ucrânia, Oleksandr Kubrakov, também garantiu, na mesma rede social, que "a Iniciativa do cereal do Mar Negro continua". 

Oleksandr Kubrakov, ministro das Infraestruturas da UcrâniaFoto: Anatolii Siryk/NurPhoto/IMAGO

"Na quinta-feira, oito navios com produtos agrícolas devem passar pelo corredor dos cereais. Recebemos a confirmação das Nações Unidas", referiu ainda Kubrakov. "Inspeções também serão realizadas no Bósforo na quinta-feira", acrescentou o ministro ucraniano antes mesmo do anúncio da retoma do acordo por parte de Moscovo. 

Moscovo suspendeu acordo

Moscovo tinha suspendido o acordo, assinado em julho, após um ataque com drones à frota militar russa em Sebastopol, mas até a terça-feira, os cargueiros continuaram a navegar, confirmou o JCC. 

Quando a delegação russa se retirou, as inspeções dos últimos dias foram realizadas apenas com a Turquia e as Nações Unidas, embora a Rússia e a Ucrânia sejam informadas dos resultados, indicou o JCC. 

Numa conferência em Ancara, o Ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlüt Çavusoglu, explicou que tinha falado duas vezes com o seu homólogo russo, Sergei Lavrov, para avaliar os problemas com o acordo de cereais, e que a Rússia tinha "preocupações de segurança" após o ataque à sua Marinha em Sebastopol. 

"Não estou a dizer que [os russos] estão certos ou errados, mas têm exigências de segurança. Também escreveram para as Nações Unidas sobre os obstáculos às exportações russas de cereais e fertilizantes. Isso não é novo", disse Çavusoglu. 

Hulusi Akar, ministro da Defesa turcoFoto: KENZO TRIBOUILLARD/AFP/Getty Images

Esses produtos "não estão na lista de sanções, mas os navios que os transportam não podem atracar nos portos, não podem contratar seguros, não podem ser pagos", referiu o ministro dos Negócios Estrangeiros turco sobre as queixas de Moscovo. 

Lamentações da Túrquia

Em uma entrevista à imprensa, o ministro da Defesa turco, Hulusi Akar, também explicou na noite de terça-feira que o seu homólogo russo, Sergei Shoigu, já lhe havia indicado antes do ataque em Sebastopol o seu desconforto pela Rússia não receber as mesmas facilidades que a Ucrânia para exportar os seus produtos. 

Akar insistiu que o seu governo está a fazer todo o possível para restabelecer a validade do acordo, mas comentou que, de qualquer forma, os navios com bandeira turca que fazem a rota para os portos ucranianos "não enfrentam problemas". 

Esses navios "continuarão a zarpar", previu o ministro turco.

Notícia atualizada às 12h27 (UTC) com o anúncio do regresso da Rússia ao acordo de exportações de cereais.

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