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Ucrânia rejeita rendição de Mariupol exigida pela Rússia

cm | mjp | com agências
21 de março de 2022

Governo ucraniano recusa-se a depor as armas na sitiada Mariupol, contrariando a exigência da Rússia, que em troca propunha abrir corredores humanitários. Guerra já obrigou 10 milhões de pessoas a fugir, diz a ONU.

Ukraine - Zerstörte Häuser in Mariupol
Foto: Mikhail Tereshchenko/TASS/dpa/picture alliance

A Rússia ordenou, no domingo (20.03), às forças ucranianas que abandonem a cidade de Mariupol, cercada há semanas e em grande parte já destruída, até à manhã de segunda-feira. Em troca, as forças russas autorizariam dois corredores humanitários para saída da cidade.

No entanto, a vice-primeira-ministra da Ucrânia, Irina Vereshuchuk, recusou a rendição. "Não se pode falar em rendição, deposição de armas. Já informámos o lado russo sobre isto", afirmou, em declarações ao canal ucraniano Pravda, citadas pela agência Associated Press. "Eu escrevi: em vez de perderem tempo em oito páginas de cartas, abram o corredor", afirmou.

A agência de notícias russa TASS avançou que os residentes de Mariupol tinham até às 05h00 de segunda-feira para responder à oferta das forças russas. O chefe do centro de controlo da Defesa Nacional Russa, Mikhail Mizintsev, anunciou, citado pela agência espanhola EFE, que todos os elementos do exército ucraniano poderão abandonar a cidade entre as 10h00 e as 12h00, bem como todos os "mercenários estrangeiros".

Habitantes de Mariupol deixam a cidade a pé.Foto: Maksim Blinov/SNA/IMAGO

3 mil mortos em Mariupol

A cidade sitiada de Mariupol, que tem sofrido episódios de bombardeamento pesado das forças russas, está sem alimentos, água e energia. Os relatos que saem da localidade são de uma extrema violência e destruição, com cadáveres espalhados pelas ruas. 

Num comunicado hoje divulgado, a organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) lembrou que as autoridades locais estimam em 3.000 o número de mortos na cidade, que terá 80% dos edifícios destruídos. Nem um número nem outro foi verificado de forma independente.

"Residentes que escaparam [de Mariupol] disseram que hospitais, escolas, lojas e inúmeras casas foram danificadas ou destruídas por bombardeamentos. Muitos disseram que os seus familiares ou vizinhos sofreram ferimentos sérios ou, nalguns casos, fatais, de fragmentos de explosivos", pode ler-se no texto da HRW, que recorda os ataques russos a hospitais e a um teatro que albergaria centenas de pessoas.

A organização realçou que as populações civis devem poder aceder a assistência humanitária e ser retiradas de forma segura. "A Rússia está proibida de obrigar civis, de forma individual ou em massa, a viajar para cidades russas ou para países como a Bielorrússia".

A HRW sublinhou que o Tribunal Penal Internacional, a comissão de inquérito do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas e outras jurisdições relevantes "devem investigar potenciais crimes de guerra em Mariupol, com vista a processar os mais responsáveis".

Desde 24 de fevereiro, a invasão russa causou pelo menos 902 mortos e 1.459 feridos entre a população civil, incluindo mais de 170 crianças, e provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, entre as quais mais de 3,3 milhões para os países vizinhos, indicam os mais recentes dados da ONU. Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

Forças pró-Rússia em Mariupol.Foto: Alexander Ermochenko/REUTERS

Kiev debaixo de fogo

Na noite deste domingo, várias explosões foram ouvidas na capital ucraniana, Kiev. Um novo ataque russo teve como alvo a zona residencial de Podilskyi. Além de habitações, um centro comercial foi atingido e pelo menos uma pessoa morreu.

Horas antes, o presidente da câmara da capital, Vitali Klitschko condenou uma explosão que atingiu um prédio residencial no noroeste de Kiev e que deixou, pelo menos, cinco pessoas feridas: "Eles querem assustar as pessoas, mas isso não vai acontecer. Os ucranianos não têm medo. Além disso, estas ações provocam mais ódio e um desejo mais forte de combater o agressor."

Também este domingo, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, voltou a apelar a negociações urgentes com Putin, sem as quais não será possível pôr fim à guerra: "Sempre insistimos em negociações. Sempre oferecemos diálogo, oferecemos soluções para a paz. E quero que todos me ouçam agora, especialmente em Moscovo. É hora de nos encontrarmos. Hora de conversar. é hora de restaurar a integridade territorial e a justiça para a Ucrânia". Zelensky alertou ainda que, sem um acordo, o confronto entre os dois países levará a "uma terceira guerra mundial".

"Eles têm uma clara intenção de fazer absolutamente tudo para tornar a crise humanitária nas cidades ucranianas um 'argumento' para os ucranianos cooperarem com os ocupantes. Isso é um crime de guerra. Eles serão responsáveis ​​por isso. Cem por cento", garantiu.

O presidente da Ucrânia deixou claro que o país não irá reconhecer a independência dos territórios da região de Donbass, uma das exigências de Kremlin.

Putin e Biden trocam acusações sobre "crime de guerra"

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