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Ucrânia: Situação em Borodianka pior do que em Busha

tms | com agências
8 de abril de 2022

PR ucraniano diz que a situação em Borodianka é "muito pior" do que em Busha. E há novos ataques no país, com pelo menos 35 mortos e 100 feridos, um dia após a suspensão da Rússia do Conselho de Direitos Humanos da ONU.

Destruição em BorodiankaFoto: Kostiantyn Honcharov/DW

A situação em Borodianka, uma pequena cidade a noroeste de Kiev recentemente evacuada pelas tropas russas, é "muito pior" do que em Busha, afirmou nesta sexta-feira (08.04) o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.

"Há mais vítimas" do que em Busha, disse Zelensky em discurso divulgado em vídeo, no qual relatou os acontecimentos dos combates do último dia.

As redes sociais começaram a denunciar que nesta pequena cidade perto de Kiev a situação deixada após a partida dos soldados russos era caótica e que, ao contrário de Busha, outra cidade ucraniana atacada por Moscovo, havia muitos desaparecidos e não foram encontrados corpos, apesar dos danos materiais causados aos edifícios.

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Segundo relatos do enviado especial da agência de notícias EFE a Borodianka, a cidade foi devastada pelas tropas russas, "que, de acordo com os habitantes locais, dispararam sem piedade, destruindo tudo e matando indiscriminadamente, mas ninguém sabe onde estão os corpos".

Rússia suspensa do Conselho de Direitos Humanos

Volodymyr Zelensky falou também, no Twitter, sobre a suspensão da Rússia do Conselho de Direitos Humanos da ONU por uma maioria de países das Nações Unidas. Disse que foi um passo importante.

"Esta é outra punição pela agressão da Rússia contra a Ucrânia. Estamos agradecidos pela solidariedade dos parceiros. Temos de continuar a exercer pressão coordenada sobre a Rússia em todos os fóruns internacionais. Vamos obrigar a Rússia a buscar a paz juntos", declarou.

A Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou na quinta-feira uma resolução que suspende a Rússia do Conselho de Direitos Humanos devido a alegados crimes de guerra e crimes contra humanidade na Ucrânia.

Votação sobre a suspensão da Rússia do Conselho de Direitos Humanos da ONUFoto: John Minchillo/AP/dpa/picture alliance

A resolução, apresentada pelos Estados Unidos da América (EUA) e apoiada pela Ucrânia e outros aliados, obteve 93 votos a favor, 24 contra e 58 abstenções entre os 193 Estados-membros da Organização das Nações Unidas.

Votaram contra o texto países como a Rússia, Bielorrússia, China, Cuba, Síria, Coreia do Norte, Nicarágua ou Irão, e entre os países que se abstiveram estão Brasil, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Índia ou México.

"Tempo de ouvir a ONU"

Esta sexta-feira, chefe da diplomacia europeia, que se desloca a Kiev para uma reunião com o chefe de Estado ucraniano, acompanhado da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que "é tempo de o Governo russo ouvir a voz da Assembleia Geral da ONU".

Josep Borrell reagia à decisão de suspensão de Moscovo do Conselho de Direitos Humanos da ONU e apontou que a decisão foi necessária "para defender a integridade" daquele órgão.

Segundo Borrell, a resolução, que "expressa sérias preocupações com a crise dos direitos humanos e humanitária em curso na Ucrânia, particularmente com os relatos de violações graves e sistemáticas dos direitos humanos e do direito humanitário internacional por parte da Federação Russa", reforça a autoridade da Assembleia Geral da ONU "e demonstra a prontidão da comunidade internacional para agir". 

Novos ataques no leste ucraniano

Entretanto, apesar da decisão na ONU, a Rússia lançou nas últimas 24 horas sete ataques nas regiões de Donetsk e Lugansk, também no leste da Ucrânia, que foram repelidos, disse esta sexta-feira o Estado Maior do exército ucraniano.

Segundo o último relatório de guerra, as forças da Ucrânia destruíram quatro tanques, dois sistemas de artilharia, 10 unidades blindadas e 11 veículos russos.

O Estado Maior disse que os esforços da Rússia estão concentrados no leste da Ucrânia, nomeadamente no cerco do porto estratégico de Mariupol, no Mar de Azov, e numa ofensiva na cidade de Izyum, junto ao rio Donetsk, na região de Kharkiv.

Corpos de vítimas do ataque em KramatorskFoto: Hervé Bar/AFP/Getty Images

Estação de comboio atingida

No entanto, um ataque com foguetes matou hoje pelo menos 35 pessoas numa estação de comboio em Kramatorsk, no leste do país. O local estava a ser utilizado para evacuações civis.

Os jornalistas da agência de notícias AFP no local viram pelo menos 20 corpos de pessoas agrupados e deitados debaixo de lonas de plástico ao lado da estação.

O chefe da companhia ferroviária da Ucrânia, Alexander Kamyshin, avançou que "mais de 30 pessoas foram mortas e mais de 100 ficaram feridas" no ataque à estação.

Kramatorsk foi atingido por ataques russos no início desta semana, mas tinha sido em grande parte poupado à destruição testemunhada por outras cidades do leste da Ucrânia desde a invasão russa a 24 de fevereiro. As autoridades ucranianas avisaram os residentes do leste do país para fugirem imediatamente para oeste, antes de um ataque russo antecipado.

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04:24

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Novas sanções

O Conselho da União Europeia adotou hoje o quinto pacote de sanções à Rússia pela sua contínua agressão militar contra a Ucrânia e "atrocidades" cometidas pelo exército russo, que contempla a proibição de importação de carvão, madeira e 'vodka'.

Esta nova ronda de sanções acordadas pelos 27 Estados-membros alarga também a lista de entidades e individualidades alvo de medidas restritivas, anunciando o Conselho da UE, em comunicado, que passam a ser abrangidos "familiares de indivíduos já sancionados, a fim de garantir que as sanções da UE não sejam contornadas". 

A Comissão propusera a inclusão na lista de sanções das duas filhas adultas do Presidente russo, Vladimir Putin, mas a confirmação só surgirá quando a lista atualizada for publicada, ainda durante o dia de hoje, em jornal oficial da UE. 
 

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