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Ucrânia: Um milhão de refugiados em uma semana de guerra

gcs | cm | com agências
3 de março de 2022

ACNUR apela a um cessar-fogo, mas combates continuam na Ucrânia. Exército russo diz que tem a cidade de Kherson sob "controlo total". Alemanha vai enviar mais armas para combater a invasão.

Dois estudantes africanos a viver na Ucrânia que conseguiram encontrar refúgio na RoméniaFoto: ROBERT GHEMENT/EPA-EFE

- Mais de um milhão de refugiados, segundo ACNUR

- Conversações de paz entre Ucrânia e Rússia previstas para hoje

- Tribunal Penal Internacional abre investigação sobre crimes de guerra

- Alemanha deverá enviar mais armas para a Ucrânia

Última atualização às 08:28 (UTC - Tempo Universal Coordenado)

 

Mais de um milhão de pessoas deixou a Ucrânia à procura de refúgio nos países vizinhos, anunciou esta quinta-feira (03.03) Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR).

A Rússia invadiu a Ucrânia há uma semana. Bombardeou as principais cidades ucranianas, incluindo a capital, Kiev, e as suas tropas têm o "controlo total" sob Kherson, no sul do país.

Nas redes sociais, o chefe da administração regional, Gennadi Lakhouta, pediu aos moradores para permanecerem em casa, pois "os ocupantes estão em todas as partes da cidade e são muito perigosos".

A Ucrânia contabiliza até agora mais de 2.000 civis mortos devido ao conflito.

Filippo Grandi, o alto comissário da ONU para os refugiados, apelou no Twitter a um cessar-fogo: "É tempo de as armas se calarem, para que possa ser prestada assistência humanitária que salve vidas".

O Tribunal Penal Internacional (TPI) abriu, entretanto, um inquérito sobre possíveis crimes de guerra e crimes contra a humanidade na Ucrânia. O pedido para a investigação foi apresentado por 39 países, incluindo a Alemanha, a França, o Reino Unido, Espanha e Portugal.

"O meu gabinete encontrou uma base razoável para acreditar que foram cometidos crimes dentro da jurisdição do Tribunal e identificou possíveis casos que seriam admissíveis", anunciou o procurador-chefe TPI, Karim Khan.

"Reitero o meu apelo a todos os que participam nas hostilidades na Ucrânia para que cumpram estritamente as normas aplicáveis do direito internacional humanitário", acrescentou.

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02:16

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Conversações de paz

A segunda ronda de conversações entre a Ucrânia e a Rússia, prevista para ontem, foi adiada para esta quinta-feira. O local e a hora das negociações ainda não foi confirmado.

Segundo o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergey Lavrov, as exigências continuam a ser as mesmas. Moscovo reafirma que "a Crimeia é uma parte da Rússia" e exige "o reconhecimento das repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk e a desmilitarização e desnazificação [da Ucrânia], da mesma forma que a Alemanha fascista foi sujeita a tal procedimento".

Grupos que representam sobreviventes do Holocausto condenaram o uso das palavras "desnazificação" e "genocídio", que têm sido usadas pelo Presidente russo, Vladimir Putin, para justificar a invasão da Ucrânia.

"Não podemos aceitar que as palavras sejam deturpadas dessa forma", lê-se num comunicado assinado por representantes de comités de antigos campos de concentração, incluindo o Comité Internacional de Auschwitz.

Condenação internacional

Na quarta-feira (02.03), a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou uma resolução que condena a invasão russa da Ucrânia e exige o fim da guerra. No "quadro" dos votos, um manto verde espelha um esmagador apoio de 141 dos 193 Estados-membros a contrastar com apenas 5 votos contra e 35 abstenções, também de Angola e Moçambique.

"Muitas elites africanas foram forjadas no bloco leste, elites africanas que governam países como Angola e Moçambique. As suas elites políticas têm uma relação muito forte com a atual elite russa", comentou esta semana o politólogo angolano Olívio N'Kilumbu em entrevista à DW África.

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Senegal, Mali, Argélia, Zimbábue, Burundi, Uganda e África do Sul foram alguns dos países africanos que também se abstiveram na votação. Em comunicado, o Governo sul-africano considerou que a resolução das Nações Unidas é um obstáculo ao diálogo, que pode acentuar uma divisão "mais profunda" entre as partes.

Mais armas para a Ucrânia

A Alemanha terá aprovado, entretanto, um "apoio suplementar à Ucrânia". Uma fonte governamental alemã, citada pela imprensa, adiantou que Berlim prevê entregar ao país mais 2.700 mísseis antiaéreos, do tipo Strela.

No fim de semana passado, o chanceler alemão Olaf Scholz já anunciara o envio de 500 mísseis terra-ar Stinger, além de mil armas antitanque, 14 veículos blindados e 10 mil toneladas de combustível. Scholz justificou a decisão com o "momento de viragem" no continente europeu, causado pela invasão russa.

Os EUA também entregaram centenas de mísseis antiaéreos à Ucrânia. A Estónia, a Letónia e a Lituânia também entregaram mísseis antiaéreos e mísseis antitanque a Kiev.

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