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Ucrânia: União Europeia endurece sanções contra Rússia

Lusa
9 de março de 2022

Depois do embargo às importações de petróleo e gás russo dos EUA e Reino Unido, União Europeia reforça sanções a oligarcas russos e bancos da Bielorússia. Presidente Zelensky garante que Ucrânia está aberto ao diálogo.

Ukraine Donezk | Zerstörung in Wohnsiedlung nach Beschuss
Foto: Leon Klein/AA/picture alliance

Após os Estados Unidos da América e o Reino Unido terem anunciado, esta terça-feira, um embargo às importações de petróleo e gás russo, que o Kremin diz ser a declaração  de uma "guerra económica" contra Moscovo, a União Europeia concordou, esta quarta-feira, em reforçar as sanções "a 160 dirigentes e oligarcas russos e membros das suas famílias implicados na agressão russa contra a Ucrânia" e  três bancos bielorrussos.

Segundo um comunicado da Comissão Europeia, que já veio saudar a decisão, as sanções passam a abranger 14 oligarcas e homens de negócios proeminentes, envolvidos em setores económicos que são uma importante fonte de rendimentos para Moscovo (nomeadamente indústrias metalúrgicas, agrícolas, farmacêuticas, de telecomunicações e digitais) e mais 146 membros do Conselho da Federação Russa, que ratificou decisões governamentais relativas à Ucrânia.

Atualmente, as medidas restritivas da UE aplicam-se a um total de 862 pessoas e 83 entidades.

Por outro lado, a China fez saber que irá enviar ajuda humanitária para a Ucrânia, incluindo alimentos e bens de primeira necessidade, no valor de 721.000 euros, mas que se continua a opor às sanções impostas à Rússia.

"Empunhar o bastão das sanções a toda a hora nunca trará paz e segurança, mas causará antes sérias dificuldades às economias e meios de subsistência dos países em questão", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros Zhao Lijian disse, em conferência de imprensa.

Guerra na Ucrânia fez já mais de 2,1 milhões de refugiadosFoto: Leon Klein/AA/picture alliance

Zhao Lijian afirmou ainda que a China e a Rússia "vão continuar a realizar uma cooperação comercial normal, incluindo o comércio de petróleo e gás, no espírito do respeito mútuo, igualdade e benefícios mútuos".

Ucrânia aberta ao diálogo

Entretanto, em declarações, esta semana, o Presidente ucraniano afirmou já que não vai insistir na adesão da Ucrânia à NATO, uma das questões que motivaram oficialmente a invasão russa.

Num outro sinal de abertura a negociações com Moscovo, durante uma entrevista ao canal televisivo norte-americano ABC, Zelensky disse estar disponível para um "compromisso" sobre o estatuto dos territórios separatistas no leste da Ucrânia, cuja independência o Presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu unilateralmente, pouco antes de lançar o ataque militar.

"Quanto à NATO, moderei a minha posição sobre esta questão há algum tempo, quando percebi que a NATO não estava pronta para aceitar a Ucrânia", disse o líder ucraniano nesta entrevista.

"A Aliança tem medo de tudo o que seja controverso e de um confronto com a Rússia", explicou Zelensky, acrescentando que não quer ser o Presidente de um "país que implora de joelhos" por uma adesão à NATO.

Por várias vezes, Putin disse que a adesão da Ucrânia à NATO constituía uma ameaça para os interesses de Moscovo, tendo exigido ao Ocidente que não expandisse a sua zona de influência militar junto das suas fronteiras.

O Presidente russo também reconheceu as duas autoproclamadas repúblicas separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia, exigindo agora que Kiev também as reconheça.

Presidente ucraniano, Volodomyr ZelenskyFoto: Ukranian Presidential Press Ofice/AP/picture alliance

Questionado sobre esta exigência russa, durante a mesma entrevista televisiva, Zelensky disse estar aberto ao diálogo.

"Estou a falar de garantias de segurança. Penso que quando se trata destes territórios ocupados temporariamente (...), que só foram reconhecidos pela Rússia, (...) podemos discutir e chegar a um compromisso sobre o futuro destes territórios", explicou o líder ucraniano.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia [Dmytro Kuleba] e da Rússia [Serguei Lavrov] vão reunir-se, esta quinta-feira (10.03), na Turquia. Um encontro que o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, deseja que permita alcançar um cessar-fogo

"Desejo que o encontro entre os ministros dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia [Dmytro Kuleba] e da Rússia [Serguei Lavrov], que se encontram pela primeira vez desde o início da invasão russa, amanhã [quinta-feira] no Fórum Diplomático de Antalya, abra a porta a um cessar-fogo duradouro", disse o chefe de Estado turco.

Macky Sall reunido com Putin

O chefe de Estado senegalês, Macky Sall, atual presidente da União Africana, encontrou-se, esta quarta-feira, com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, para "procurar um cessar-fogo duradouro" na Ucrânia, anunciou o próprio na rede social Twitter. 

"Regozijo-me com o meu encontro desta manhã com o Presidente Putin, na minha qualidade de presidente da União Africana, para procurar um cessar-fogo duradouro na Ucrânia", escreveu Sall na sua conta. 

"Saúdo a sua vontade de manter o diálogo para um resultado negociado do conflito", continuou.

A União Africana tinha, numa declaração emitida em 24 de fevereiro, apelado à Rússia e a "qualquer outro ator regional ou internacional a respeitar imperativamente o direito internacional, a integridade territorial e a soberania nacional da Ucrânia". 

Chernobyl sem energia

Entretanto, o fornecimento de energia elétrica para a central nuclear de Chernobyl e para os respetivos equipamentos de segurança foi "completamente" cortado devido às ações militares russas. O anúncio foi feito pelo distribuidor de energia ucraniano, Ukrenergo, que acrescentou que, com a ofensiva russa em curso no território ucraniano, "não há possibilidade de restabelecer as linhas" de energia.

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