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Ucrânia: Zelensky aberto a negociações com Moscovo

cvt | Reuters | Lusa | AFP | AP | DPA
8 de novembro de 2022

Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse estar aberto apenas a negociações "genuínas" para restabelecer as fronteiras da Ucrânia, atribuir uma compensação ao país e punir os responsáveis por crimes de guerra.

Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky
Foto: Valentyn Ogirenk/REUTERS

O Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse que Kiev entrará em "negociações de paz genuínas" com a Rússia desde que Moscovo ponha fim à agressão e seja restaurada a integridade territorial da Ucrânia e garantida uma indemnização por todos os danos causados pela guerra.

Zelensky acrescentou que "o respeito pela Carta das Nações Unidas" e "garantias de que isto não voltará a acontecer" também terão de ser dadas, frisando que essas são "condições completamente compreensíveis".

O chefe de Estado ucraniano disse ainda, na segunda-feira à noite, que Kiev propôs repetidamente conversações com a Rússia, mas foi recebida com "respostas russas insanas, com novos ataques terroristas, bombardeamentos ou chantagem".

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A principal condição para o reinício das negociações com a Rússia seria a restauração da integridade do território da Ucrânia, enfatizou o secretário da Segurança Nacional e Conselho de Defesa da Ucrânia, Oleksiy Danilov.

Um conselheiro sénior do Presidente Zelensky acrescentou que a Ucrânia nunca se recusou a negociar com a Rússia e estaria pronta para conversações com o seu futuro líder, mas não com Vladimir Putin.

"Negociar com Putin significaria desistir, e nunca lhe daremos este presente. O Exército russo tem de sair do território ucraniano e depois virá o diálogo", disse Mykhailo Podolyak numa entrevista ao jornal italiano La Repubblica publicada esta terça-feira (08.11).

Os comentários do conselheiro de Zelensky surgiram após a publicação de uma reportagem pelo jornal norte-americano Washington Post segundo a qual a administração do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, estaria a encorajar, a título privado, os líderes da Ucrânia a sinalizarem uma abertura para negociar.

O conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, teria estado envolvido em conversações confidenciais com altos funcionários russos para reduzir o risco de um agravamento da guerra na Ucrânia, avançou uma fonte familiarizada com as negociações.

Já o vice-ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Andrei Rudenko, salientou esta terça-feira que Moscovo não está a estabelecer quaisquer condições para o recomeço de conversações com a Ucrânia e acusou Kiev de não ter "boa vontade".

"Esta é a sua escolha, sempre declarámos a nossa disponibilidade para tais negociações", disse Rudenko.

Bombeiros na região de Donetsk, considerada "epicentro" dos combatesFoto: Alexey Maishev/SNA/IMAGO

Eleições intercalares nos EUA

Segundo Oleksandr Merezhko, líder da comissão de política externa no Parlamento ucraniano, uma vitória republicana nas eleições intercalares, que irão determinar a composição das duas câmaras do Congresso norte-americano esta terça-feira ,"não terá qualquer impacto no apoio dos EUA à Ucrânia".

Ainda assim, o Presidente Zelensky fez um apelo aos norte-americanos na rede social Telegram: "Peço-vos que mantenham uma unidade inabalável, como fazemos agora, [...] até ouvirmos que a paz foi finalmente restaurada".

A embaixadora dos Estados Unidos junto às Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield, chegou esta terça-feira a Kiev "para reiterar o inabalável apoio de Washington à Ucrânia na defesa da sua liberdade e soberania".

Estados Unidos realizam hoje eleições intercalaresFoto: John Minchillo/AP/picture alliance

Consultas sobre arsenais nucleares

A Rússia e os Estados Unidos estão a debater a possibilidade de, no final do mês, realizarem consultas sobre os respetivos arsenais nucleares estratégicos, podendo retomar as inspeções no âmbito do Tratado de Redução de Armas Estratégicas.

O objetivo de proceder às consultas foi hoje avançado por dois jornais russos, o Kommersant e o Izvestia, depois de, na segunda-feira à noite, o conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan, ter confirmado a existência de contactos.

Segundo o Kommersant, o encontro - o primeiro presencial desde o início da campanha militar russa na Ucrânia, em fevereiro - deverá acontecer "no final de novembro ou início de dezembro", num país do Médio Oriente. Anteriormente, estas reuniões eram sempre realizadas em Genebra.

O jornal Izvestia refere, por seu lado, que "se Washington não colocar obstáculos, a reunião para a retoma das inspeções no âmbito do Tratado de Redução de Armas Estratégicas poderá ocorrer em breve".

Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional dos EUAFoto: Manuel Balce Ceneta/AP Photo/picture alliance

Armas nucleares

A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zajárova, disse esta terça-feira, sem detalhar, que Moscovo mantém "contactos específicos" com Washington sobre assuntos "que o exigem".

"Estamos abertos ao diálogo sobre questões de interesse mútuo", afirmou, citada pela agência TASS. 

Mais tarde, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Andrei Rudenko, veio a público negar a existência de negociações com os Estados Unidos sobre a Ucrânia. "Não, não mantemos", declarou Rudenko aos jornalistas, de acordo com a agência de notícias russa TASS.

A Ucrânia tem alertado para a possibilidade de a Rússia usar armas nucleares, tendo o Presidente Zelensky adiantado, numa entrevista dada em outubro à britânica BBC, que Moscovo ainda não está pronto para usar esse tipo de armamento, mas está a preparar-se.

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