UE discute sanções à Rússia mas petróleo e gás dividem 27
Lusa | DW (Deutsche Welle)
11 de abril de 2022
Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) discutem hoje um sexto pacote de sanções à Rússia, face à agressão contra a Ucrânia, mas possíveis embargos às importações de petróleo e gás dividem os 27.
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A reunião de hoje, a decorrer no Luxemburgo, tem lugar apenas três dias após a adoção formal, pelo Conselho, do quinto pacote de sanções da UE dirigido a Moscovo, na sequência das atrocidades cometidas pelas forças russas em Busha e noutras localidades ucranianas entretanto libertadas, e que visou pela primeira vez o sensível setor energético, com um embargo às importações de carvão, a partir de agosto próximo.
No entanto, são sobretudo as receitas das exportações de gás e petróleo da Rússia para a UE que mais ajudam Moscovo a financiar a sua máquina de guerra russa, como o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tem apontado incessantemente.
Por essa razão, a Comissão Europeia já começou a trabalhar nesta área, sendo, todavia, muito difícil um entendimento entre os 27, dada a forte dependência energética de alguns Estados-membros relativamente à Rússia, designadamente ao nível do gás.
Dificilmente será alcançado compromisso
A reunião de hoje é presidida pelo Alto Representante da UE para a Política Externa e de Segurança, Josep Borrell, que poderá dar conta aos 27 das impressões recolhidas durante a sua deslocação de sexta-feira a Kiev - com uma paragem em Busha -, acompanhando a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
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02:10
Em Kiev, Borrell deu conta da sua intenção de lançar hoje uma discussão sobre um embargo ao petróleo russo - atendendo a que a proibição de importações de gás parece neste momento inviável, dada a forte dependência de países como Alemanha e Áustria -, mas muito dificilmente será alcançado um compromisso, numa questão que exige unanimidade, como é a de sanções europeias.
Os 27 deverão dar hoje luz verde, isso sim, a mais um pacote financeiro, o terceiro, de 500 milhões de euros para a aquisição e fornecimento de material de guerra à Ucrânia, numa altura em que se avizinham importantes batalhas na região do Donbass, dado ser expectável uma forte ofensiva russa nesta zona leste do território ucraniano.
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Manifestações pró-Rússia na Alemanha
Manifestantes pró-Rússia voltaram a sair às ruas na Alemanha, no domingo (10.04), para exigir o fim da discriminação contra a população russófona do país, que dizem estar em curso desde que o conflito na Ucrânia eclodiu.
Cerca de 600 pessoas marcharam em Frankfurt, o centro financeiro do país, onde foram hasteadas muitas bandeiras russas. Um protesto de dimensão semelhante teve lugar na cidade de Hannover, acompanhada por 350 carros, segundo dados da polícia.
Muitos observadores têm questionado se estes protestos não serão manifestações disfarçadas de apoio à guerra. Ambas as iniciativas deste domingo foram recebidas por contra-demonstrações de apoio à Ucrânia.
Rússia - Ucrânia: Uma cronologia das relações que levaram a guerra à Europa
Ao invadir a Ucrânia, o Presidente Vladimir Putin foi acusado pelos países ocidentais de provocar uma guerra na Europa. Veja aqui a cronologia dos acontecimentos que levaram à guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Foto: UMIT BEKTAS/REUTERS
2004
O candidato pró-Rússia, Viktor Yanukovich (na foto), é declarado Presidente, mas alegações de fraude eleitoral provocam um movimento de protesto. Conhecida como a Revolução Laranja, a iniciativa força uma nova votação, que resulta na eleição do pró-ocidental Viktor Yushchenko.
Foto: Reuters/T. Makeyeva
2005
Um ano mais tarde, o novo Presidente, Viktor Yushchenko, promete retirar a Ucrânia da órbita de Moscovo e conduzi-la em direção à NATO e União Europeia. Durante a sua campanha em 2004, Yushchenko sofreu uma tentativa de assassinato por envenenamento que o deixou desfigurado. Desde então, fez uma recuperação física total.
Foto: picture-alliance/dpa/Sputnik/A. Vitvitsky
2008
Na cimeira de Bucareste, a NATO concorda em iniciar o processo de adesão da Ucrânia e da Geórgia. "Acordámos hoje que estes países se tornarão membros da NATO", lê-se na declaração da cimeira. Na mesma cimeira, o Presidente russo, Vladimir Putin (na foto), avisou que as relações com o Ocidente dependeriam do respeito pelos interesses do seu país.
Foto: Vladimir Rodionov/dpa/picture-alliance
2010
Viktor Yanukovich derrota Yulia Tymoshenko nas presidenciais e torna-se chefe de Estado. As eleições foram consideradas justas por observadores internacionais. Uma semana antes da assinatura do acordo com a UE, Yanukovich suspende o processo e anuncia que a Ucrânia prefere juntar-se à Rússia na União Aduaneira Eurasiática.
Foto: Reuters
2013 e 2014
A decisão de Yanukovich gera uma onda de protestos de apoiantes da integração europeia. O movimento chamado "Euromaidan", por centrar as manifestações na Praça Maidan, em Kiev, tornam-se violentos. Dezenas de manifestantes são mortos, mas o Presidente acaba por ser retirado do Governo, exilando-se na Rússia.
Foto: Tomas Rafa
2014 - anexação da Crimeia
Em março, a Rússia anexa a península da Crimeia, no sudeste da Ucrânia.
Em abril, separatistas com apoio de Moscovo declaram a independência das "repúblicas" de Luhansk e de Donetsk, na região oriental ucraniana do Donbass, iniciando uma guerra que provoca 14 mil mortos em oito anos.
Foto: Imago Images
2019
O ex-ator e comediante Volodymyr Zelensky é eleito Presidente da República em 21 de abril e promete pôr fim ao conflito no leste da Ucrânia. Em 2021, apela ao novo Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, para apoiar a adesão da Ucrânia possa à NATO, colocando o país em novamente nos trilhos rumo à Europa.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Sivkov
2021 - Março até Novembro
O Governo russo estaciona tropas perto da fronteira da Ucrânia, alegando treinos miltares.
A Ucrânia acusa Putin de ter concentrado 100 mil tropas e armamento pesado nas suas fronteiras, o que motiva um pedido de explicação dos EUA ao Kremlin. Putin acusa o Ocidente de exacerbar tensões "entregando armas modernas a Kiev e conduzindo exercícios militares provocatórios" no Mar Negro.
Foto: Maxar Technologies via REUTERS
2021 - Dezembro
Biden adverte que a Rússia será alvo de sanções económicas duras se invadir a Ucrânia.
Moscovo divulga as suas exigências ao Ocidente: tratados a proibir a adesão da Ucrânia e da Geórgia à NATO, o estabelecimento de bases militares no leste e a retirada de tropas aliadas da Roménia e da Bulgária, num regresso à situação anterior a 1997.
Foto: Brendan Smialowski/AFP
2022 - 10 de Fevereiro
Tropas russas e bielorrussas iniciam dez dias de exercícios de combate próximo da fronteira da Bielorrússia com a Ucrânia. A presença destas tropas gera mais preocupação na comunidade internacional, que vê os exercícios como um posicionamento estratégico das tropas russas, dando-lhes mais um ponto de entrada na Ucrânia.
Foto: Alexander Zemlianichenko/AP Photo/picture alliance
2022 - 21 de Fevereiro
Os líderes das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Luhansk pedem a Putin para as reconhecer como Estados independentes. Putin assina os decretos em que a Rússia reconhece a independência das regiões e ordena ao exército russo que envie uma missão de "manutenção da paz" para os territórios no leste da Ucrânia.
A NATO acusa Moscovo de fabricar um pretexto para invadir a Ucrânia.
Foto: Alexei Alexandrov/AP Photo/picture alliance
2022 - 22 de Fevereiro
Zelensky pede ao Ocidente "medidas de apoio claras e eficazes", assegura que os ucranianos "não vão ceder uma única parcela do país" e responsabiliza a Rússia por tudo o que acontecer.
Olaf Scholz, chanceler da Alemanha, diz que tomou medidas para interromper a certificação do gasoduto Nord Stream 2, numa decisão saudada pela UE e pelos EUA.
Foto: Clemens Bilan/Getty Images
2022 - 24 de Fevereiro
Tropas russas entram na Ucrânia e muitos locais são atingidos por mísseis. Vladimir Putin pronuncia um discurso no qual afirma que apenas alvos militares serão atingidos. Mas relatos de civis feridos e vídeos de ataques em zonas urbanas enchem as redes sociais. Várias baixas são reportadas nas primeiras horas do conflito.
Foto: Ukrainian President s Office/Zuma/imago images
2022 - 24 de Fevereiro
Edifícios residenciais civis atingidos durante a operação militar do Kremlin contra a Ucrânia. Relatos, vídeos e pedidos de ajuda surgem nas redes sociais, expondo vários cenários em que zonas urbanas e civis foram apanhados na destruição dos ataques militares.
Foto: UMIT BEKTAS/REUTERS
2022 - 24 de fevereiro
Muitas pessoas utilizaram as estações de metro em Kiev como abrigo durante a operação militar do Kremlin. As sirenes contra ataques aéreos soaram pela primeira vez desde a 2ª Guerra Mundial. As estações encheram-se de pessoas à procura de guarida.
Foto: Zoya Shu/AP/dpa/picture alliance
2022 - 24 de Fevereiro
Protestos contra a iniciativa militar do Kremlin surgem em vários países, incluindo na Rússia. Na foto, uma manifestante russa é detida pela polícia enquanto segura um cartaz que diz "Não à guerra!".