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UE pondera reduzir cooperação com Burundi

Jesko Johannsen / AFP / gs9 de dezembro de 2015

A União Europeia poderá afrouxar os laços de cooperação com o Burundi devido à situação dos direitos humanos no país. O Governo burundês não convenceu a União de que está a conseguir resolver os problemas internos.

Foto: Reuters/G. Tomasevic

A União Europeia poderá restringir a cooperação com o Burundi, restringindo-a apenas a ajuda humanitária, devido à situação dos direitos humanos no país. O anúncio foi feito, esta terça-feira (08.12), em Bruxelas, através de um comunicado, citado pela agência de notícias France Presse, depois de longas conversações entre representantes das duas partes.

A ajuda humanitária da União Europeia, o principal doador do Burundi, para o período 2014-2020, representa cerca de 430 milhões de euros. No entanto, o financiamento poderá vir a ser interrompido já que os representantes europeus entendem que o país da África Oriental não tem feito o suficiente para resolver os problemas humanitários.

O porta-voz do Governo do Burundi, Willy Nyamitwe, tinha contudo outras expetativas para as consultas com a União Europeia. "As pessoas vão perceber que criticaram o Burundi com base em informações falsas. Esperamos que a União Europeia entenda que o Burundi deve continuar o seu desenvolvimento e que apoie as iniciativas do Governo ", disse Nyamitwe antes das conversações.

Willy Nyamitwe, porta-voz governamentalFoto: DW/J. Johannsen

Risco de genocídio?

O anúncio da União Europeia surge numa altura em que a Organização das Nações Unidas alerta para um "risco grave" de a violência no Burundi degenerar em genocídio.

"Não digo que isso aconteça amanhã, mas há um sério risco de, se a violência não parar, tudo isto poder descambar numa guerra civil. Depois disso, tudo é possível", afirmou Adama Dieng, conselheiro especial das Nações Unidas contra o genocídio.

O porta-voz governamental tem outra opinião: "Hutus e tutsis vivem juntos, não vão lutar. Não há ameaça de guerra civil ou genocídio no nosso país", afirmou Willy Nyamitwe.

Protesto em maio de 2015 contra terceira candidatura de NkurunzizaFoto: Reuters/G. Tomasevic

Dominado pelos grupos hutu e tutsi, o Burundi tem uma composição étnica semelhante à do vizinho Ruanda. A violência entre as duas etnias conduziu a uma guerra civil no Burundi, que entre 2003 e 2006, causou a morte de mais de 200 mil pessoas.

Atualmente, há tiroteios e explosões quase todas as noites na capital Bujumbura. A situação deteriorou-se desde que o Presidente Pierre Nkurunziza anunciou a recandidatura a um terceiro mandato, que venceu na eleição presidencial em julho. A escalada de violência causou centenas de mortos, desde abril, e obrigou mais de 200 mil pessoas a deixarem o país, segundo a ONU.

Teme-se por isso que a atual crise seja o rastilho de uma nova guerra civil. "Estamos praticamente em guerra. Se não começarmos um diálogo hoje, amanhã será demasiado tarde. O clima no Burundi é tenso. Se formos ao interior do país, sente-se medo no seio da população", disse o ativista Denis Ndayishemeza do Fórum para a Consciência e Desenvolvimento.

O Fórum faz parte de um grupo de 10 organizações não-governamentais locais que foram proibidas pelo Governo do Presidente Pierre Nkurunziza por terem participado em manifestações. Assim, parte da sociedade civil do país ficou excluída da Comissão de Diálogo Inter-Burundês criada recentemente pelo Governo para impulsionar o processo de reconciliação.

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