UE vai apoiar mais 10.000 agricultores moçambicanos
Lusa
4 de novembro de 2022
A União Europeia (UE) vai apoiar mais 10.000 agricultores moçambicanos a produzir cereais para o país enfrentar a crise alimentar mundial agravada pela guerra na Ucrânia.
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A medida vai resultar de um reforço de 15 milhões de euros para o programa Promove AgriBiz hoje celebrado em Maputo. "Estes fundos permitirão, a partir desta época agrícola, alargar o nosso atual apoio a um maior número de agricultores, ajudando-os a produzir cada vez mais e de forma mais sustentável para que possam enfrentar crises futuras e, em especial este ano, atenuar o impacto do dramático aumento dos custos de produção", referiu Antonino Maggiore, embaixador da UE em Moçambique.
O Promove AgriBiz já apoia 22.000 agricultores e o reforço hoje anunciado representa um incremento de 45%. O diplomata falava na cerimónia de assinatura do apoio em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e o Instituto de Cereais de Moçambique (ICM).
"Os novos fundos atribuídos ajudarão a criar a reserva alimentar estratégica, de acordo com o mandato do ICM. O objetivo é apoiar a produção de 16.000 toneladas de milho e 4.000 toneladas de feijão", detalhou a UE, em comunicado.
A ajuda faz parte dos 23 milhões anunciados em setembro para Moçambique, como parte do pacote global de 600 milhões de euros do Fundo Europeu de Desenvolvimento para ajuda alimentar e produção nos países mais vulneráveis de África, das Caraíbas e do Pacífico (ACP).
A agricultura de subsistência é a principal fonte de alimentos para a maioria da população moçambicana que se estima ronde atualmente os 31,6 milhões de pessoas, cerca de metade com menos de 18 anos.
Agricultura urbana em Maputo: um modelo a ser seguido
A atividade de horticultura na cintura verde da capital moçambicana garante a subsistência de milhares de pessoas. O cultivo de hortícolas, como beterraba, couve e espinafre, é um propulsor da economia local.
Foto: DW/R. da Silva
Cintura verde
O vale do Infulene é a principal cintura verde da capital moçambicana. A produção de hortícolas é intensa com os agricultores a aproveitar a baixa do rio Milauze, que separa as cidades de Maputo e Matola e a zona da Costa do Sol. A agricultura urbana é praticada por milhares de pessoas. Abnério Matusse, de 26 anos, consegue, assim, alimentar os seus dois filhos.
Foto: DW/R. da Silva
No meio da cidade
O modelo de agricultura urbana de Maputo é semelhante ao implementado em Havana devido à Revolução Cubana. As cinturas verdes na capital cubana foram fundamentais para a população sobreviver ao isolamento na guerra civil. Em Maputo e arredores, mais de dez mil agricultores de pequena escala promovem a agricultura dentro da cidade.
Foto: DW/R. da Silva
Terras férteis
A cintura verde do vale do Infulene é a zona de agricultura urbana mais extensa. Os pequenos agricultores aproveitam a fertilidade dos solos para juntarem a produção à beleza. Os jovens que aqui trabalham criaram uma paisagem agrícola para atrair mais clientes.
Foto: DW/R. da Silva
No quintal de casa
Nas zonas onde a terra é bastante fértil, as famílias aproveitam os espaços nos seus quintais para reduzir a dependência dos mercados. Dessa maneira, não gastam dinheiro, senão pouco apenas para a compra de mudas.
Foto: DW/R. da Silva
Banquinha
Famílias de baixa renda preferem ir comprar verduras e vendê-las em banquinhas em frente às suas casas. Os principais clientes são os vizinhos, que reduzem assim as distâncias para os mercados. Os canteiros de beterrabas, couve-acelga, cenouras, espinafres e muitas outras hortícolas servem como base para a alimentação da população de Maputo.
Foto: DW/R. da Silva
Mercados
Perto da praia da Costa do Sol, existe também uma cintura verde que permite a produção de hortícolas para os mercados suburbanos de Maputo. Daqui, saem produtos para o maior mercado informal de Maputo, o mercado de Xikelene, na Praça dos Combatentes.
Foto: DW/R. da Silva
Couve, a preferida
Nestes canteiros na cintura da Costa do Sol, a couve é das mais procuradas hortaliças. Por isso, os agricultores sempre as colocam à disposição dos seus clientes.
Foto: DW/R. da Silva
Subsistência de famílias
Muitas famílias dedicam-se à pratica da agricultura urbana para sobreviver. Por se tratar de produtos da época, os vendedores afirmam que são muitos os clientes que compram para o consumo de vários tipos de saladas.
Foto: DW/R. da Silva
Nas escolas
A prática da agricultura já é uma realidade nas escolas. As autoridades educacionais introduziram a disciplina de agropecuária, e o resultado é visível. Muitos alunos dedicam-se a esta prática. Com a orientação de seu professor, cada um abre o seu canteiro.
Foto: DW/R. da Silva
Vendedores locais
Senhoras como dona Helena tem o seu próprio canteiro. A cidadã colhe quantidade suficiente para vender. Dependendo da adesão dos clientes, ela garante que regressa ao canteiro para buscar mais hortaliças.
Foto: DW/R. da Silva
Água para a rega
Mesmo no tempo seco, a água está sempre disponível. Os produtores abrem pequenas valas para canalizar água que chegue para todos. É uma fonte que não seca, por isso, mesmo no tempo de muito calor, as hortícolas são sempre vendidas.
Foto: DW/R. da Silva
Pressão
Na zona da Costa do Sol, há muita produção, mas há também muita pressão dos grandes burgueses em Maputo que compram espaços a fim de construir casas luxuosas. Há algumas pessoas que acabaram deixando de praticar a agricultura para ceder o espaço aos endinheirados.