UEFA: Os 3 finalistas a Jogador do Ano 2020/21
20 de agosto de 2021Não há Messi, Cristiano Ronaldo, Robert Lewandowski. Não há sequer goleadores. Não há guarda-redes, nem mesmo defesas com desarmes perfeitos.
Este ano, o júri da UEFA quer entregar o prémio de Jogador do Ano na Europa 2020/21 a um médio. Geralmente, o jogo passa sempre por eles, seja a defender ou a atacar. Por eles passa o equilíbrio ou desequilíbrio de uma equipa. Os melhores, para a UEFA, foram Kevin De Bruyne, N´Golo Kanté e Jorginho. Afinal, quem foi o melhor jogador em 2020/21? A eleição será na próxima quinta-feira, 26 de agosto.
Kevin De Bruyne
É uma referência do futebol belga - um dos melhores e mais completos jogadores da sua geração, do futebol europeu e mundial. Em Inglaterra, mais propriamente na cidade de Manchester, no City, mora um dos mais completos médios do futebol moderno. Kevin De Bruyne é um dos poucos insubstituíveis de Pep Guardiola no Etihad Stadium. O médio ofensivo de 30 anos, avaliado em 100 milhões de euros, foi um dos protagonistas dos "citizens" na reconquista da Premier League, o terceiro título em quatro épocas.
De dispensado por Mourinho, no Chelsea, a referência no Wolfsburgo e lenda no Manchester City, De Bruyne já fez melhores épocas, a nível individual, mas a importância no jogo do City é máxima. Em 2020/21, mesmo com lesões, o jogador belga somou 40 jogos oficiais, com 10 golos e 18 assistências. Números muito abaixo do que fez em 2019/20, época em que realizou 48 jogos, somando 16 golos e 23 assistências! Foi até nomeado para o prémio de Jogador do Ano para a UEFA, mas teve um problema: estava lá Robert Lewandowski, o avançado polaco que somou 55 golos e dez assistências em 47 jogos oficiais. Engoliu a concorrência...
A nível coletivo, para além da conquista da Premier League, De Bruyne conduziu o City até à primeira final da Liga dos Campeões do clube inglês, final essa que viria a perder frente ao Chelsea, por 1-0, num jogo em que De Bruyne acabaria por sair aos 60 minutos devido a uma lesão grave no nariz e no olho esquerdo, que acabou por afetar a sua presença e prestação no EURO2020. Quem saiu com motivos para sorrir foi um jogador especial e diferente de todos os outros no Chelsea.
N´Golo Kanté
Em 2014, estreou-se na Ligue 1 pelo Caen. Um ano depois foi transferido para o Leicester City, onde, em 2016, entrou para a história do futebol inglês e mundial ao conquistar a Premier League pelos "foxes". Em 2018, Kanté foi campeão do mundo na Rússia e, no ano seguinte, vencedor da Liga Europa pelo Chelsea. Na época passada, tocou nos céus do futebol europeu ao conquistar a Liga dos Campeões e foi considerado o MVP da final da "Champions". É a curta e grossa história de N´Golo Kanté, um jogador único.
As semelhanças são recorrentes com uma antiga lenda do futebol francês, Claude Makélélé. Jogadores de baixa gravidade, muito rápidos com e sem bola, médios defensivos e "carregadores de piano". Kanté nunca será lembrado pelos golos ou assistências, mas sim pelo "flash" do jogo. O trintão francês tem uma resistência e velocidade fora do comum, boa qualidade de passe e exímia proteção da bola. Não fez uma grande primeira metade de época, devido a lesões e ao trabalho atribulado de Frank Lampard no Chelsea, que acabaria por ser dispensado no arranque de 2021 e deu lugar a Tomas Tuchel. Com a chegada de um técnico alemão, que vem da escola do "Gegenpressing" (contra-pressão), quem melhor para tirar o máximo de rentabilidade de um jogador como Kanté?
A segunda metade da época foi diferente. Passou a jogar como duplo-pivô defensivo com Jorginho e o meio-campo dos "blues" foi insuperável. Mais do que na Premier League, onde o Chelsea terminou no 4º lugar, Kanté destacou-se na Liga dos Campeões, com jogos épicos frente ao Real Madrid (meias-finais) e na final frente ao Manchester City. O médio francês esteve insuportável dentro de campo. Não há muitos mais adjetivos para descrever Kanté, mas fica esta frase: 70% do planeta é composto por água, o resto é coberto por N´Golo Kanté...
Jorginho
Época (quase perfeita). A nível coletivo, Jorginho atingiu o topo europeu. O internacional italiano conquistou a Liga dos Campeões, o EURO2020 e a Supertaça Europeia (já em 2021/22). Mais recentemente, no Europeu, Jorginho foi eleito o melhor médio da competição.
O médio de 29 anos só falhou 15 minutos dos sete jogos da Itália, impressionante. Numa seleção italiana reformulada, com a entrada de Roberto Mancini, Jorginho foi o comandante de um meio-campo a três - totalmente diferente da forma como joga no Chelsea - e não tremeu. Foi inclusive o jogador que mais quilómetros percorreu (86,6 km), foi com Akanj - defesa suíço - um dos jogadores com maior número de bolas recuperadas, 46, registou o maior número de interceções, 25, e foi o jogador que mais faltas sofreu, 19 ao todo. Médio defensivo, trinco, construtor de jogo recuado, "regista", "professor", "Rádio Jorginho"... Jorginho foi o camisola 6 mais forte em 2020/21.