No Uganda, as autoridades lutam para bloquear o alastramento do ébola. Após a eclosão da epidemia na vizinha República Democrática do Congo em agosto passado, o vírus cruzou recentemente a fronteira, pela primeira vez.
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Três pessoas da mesma família morreram com ébola no Uganda e mais três casos suspeitos foram registados no país. Segundo a ministra ugandesa da Saúde, Ruth Aceng, o grando medo neste momento é que este seja apenas o começo da eclosão da doença no Uganda.
"O surto de ébola na República Democrática do Congo [RDC] ainda está em curso, há mais de 2.000 casos confirmados. Assim, a probabilidade de que [pessoas infetadas] venham da RDC para o Uganda é muito elevada", afirmou Aceng.
O Uganda registou cinco casos da doença desde 2000. Agora, intensificou os esforços para conter o vírus, examinando todas as pessoas que chegam do leste da RDC. O Governo disponibilizou ainda uma vacina experimental contra a doença.
"Apartir desta sexta-feira (14.06) vamos começar novamente a vacinação dos trabalhadores de saúde na fronteira, de outros trabalhadores e a vacinação em anel para os que tiveram contato com eles", anunciou a ministra Ruth Aceng.
Uganda: Ações para travar alastramento do ébola
Aumenta o nível de alerta
O chefe do Departamento de Emergência da Organização Mundial de Saúde (OMS) diz que, até agora, não se confirmou a propagação do ébola de pessoa para pessoa no Uganda.
Mike Ryan garante que "o Uganda está perfeitamente seguro, mas, obviamente, é preciso um nível mais alto de alerta. As pessoas têm de estar cientes de que o ébola está próximo e devem tomar as precauções necessárias."
"Eu acredito que o Governo tem sido muito bem sucedido em comunicar isso", acrescenta Ryan.
O Uganda é considerado um país na vanguarda da luta contra o ébola. Mas, perante os casos mais recentes da doença, muitos ugandeses sentem-se inseguros. "Penso que o Governo deve continuar a sensibilizar as pessoas. Tendo em conta que já se confirmaram alguns casos, isso significa que não estamos seguros", afirmou um cidadão.
Emergência global?
O comité de emergência da OMS reúne esta sexta-feira para decidir se o surto na RDC deve ser declarado como uma emergência internacional, o que poderia resultar em recomendações sobre viagens ou comércio.
Há meses que se receia que o surto alastre para além das fronteiras da RDC. As autoridades dizem que os ataques contra profissionais de saúde e clínicas no leste do país, devastado por conflitos, estão a dificultar a contenção do vírus.
Na quinta-feira (13.06), o Sudão do Sul, que faz fronteira com os dois países, aumentou o nível de alerta. O ministro da Saúde, Riek Gai Kok, disse que, com os casos confirmados no Uganda, há "um risco muito, muito alto".
O Ministério da Saúde sul-sudanês sublinhou que precisa urgentemente de 12 milhões de dólares para "manter e melhorar" a prevenção contra o ébola.
Ébola na Serra Leoa
Mais de 1.500 pessoas já foram infectadas no país. Apesar disso, os habitantes tentam não desistir e desafiam juntos o vírus.
Foto: DW/Scholz/Kriesch
A vida continua
Todos os dias, Sward Dembi (d) vende pimentões na grande feira da capital de Serra Leoa, Freetown. Claro que ela tem medo de se infectar com o ebola no meio da multidão do mercado apertado, afirma a jovem de 19 anos. Mas ela não tem escolha: a família dela depende dessa renda.
Foto: DW/Scholz/Kriesch
Arquitetura contra o ebola
Em todo o país faltam centros de isolamento para tratar os infectados. Mas também faltam equipes e instalações. O arquiteto Kamara deixou seus outros projetos de lado e ajuda na construção de um centro de isolamento para pacientes de ebola em Freetown, que deve começar a funcionar em poucas semanas.
Foto: DW/Scholz/Kriesch
Proteção policial
Ela não quer revelar seu nome, mas os outros a chamam de "Mama G". Para muitos, a policial é quase uma mãe, que dedica seu tempo para as preocupações das pessoas de seu bairro. Há três semanas, ela foi desligada de suas funções para poder acompanhar o funeral de vítimas do ebola. Um trabalho que a ocupa em tempo integral, admite a policial.
Foto: DW/Scholz/Kriesch
Deixar o país não é uma opção
O alemão Ole Hengelbrock, de 28 anos, foi para Freetown há mais de um ano para cuidar de um projeto da organização humanitária Cap Anamur sobre crianças de rua. Hoje, Serra Leoa já virou um segundo lar para ele. Por um tempo, ele até jogou na Primeira Liga de futebol do país. Hengelbrock descarta a possibilidade de voltar para a Alemanha por causa da crise do ebola.
Foto: DW/Scholz/Kriesch
Voluntário
É a primeira vez que Momudo Lambo, de 28 anos, veste uma roupa de proteção. Ele participa de um treinamento para voluntários dispostos a trabalharem nas estações de tratamento de ebola. Um trabalho perigoso, mas, "em tempos difíceis como agora, algo obrigatório".
Foto: DW/Scholz/Kriesch
Informação
A única coisa capaz de ajudar contra o ebola é o conhecimento sobre o vírus, afirma Usman Rahim Bah. Com seu próprio dinheiro, ele preparou material informativo, que agora distribui de casa em casa.
Foto: DW/Scholz/Kriesch
Sempre em serviço
Stella trabalha como enfermeira há quase 30 anos – e, nesse meio tempo, já viu muita coisa. A atual crise, porém, supera tudo. Quando o primeiro caso de ebola foi anunciado em sua clínica e vários colegas pediram as contas, ela decidiu ficar – e hoje se diz confiante que seu país vencerá a epidemia.
Foto: DW/Scholz/Kriesch
Perigo constante
Desmond Reez lidera uma equipe da Cruz Vermelha. Ele é responsável por seus colegas, que diariamente recolhem corpos de vítimas da doença altamente infecciosa para enterrá-los. "Eu sei que nós somos bem treinados e estamos protegidos", disse o sanitarista. Todos os dias, ele espera que a epidemia finalmente acabe.