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PolíticaUganda

Uganda: Eleição não foi "100% confiável", diz observadora

kg | DW (Deutsche Welle) | com agências
17 de janeiro de 2021

Em entrevista à DW, observadora eleitoral diz que organização precária, pouca informação e baixa participação nas urnas prejudicaram as eleições, que deram vitória a Yoweri Museveni. EUA exigem investigação independente.

O Presidente Yoweri Museveni foi reeleito com 58,64% dos votosFoto: Henry Nicholls/REUTERS

Charity Kalebbo Ahimbisibwe, chefe da Coalizão de Cidadãos para a Democracia Eleitoral no Uganda, diz que não acredita que as eleições gerais de 2021 foram livres, justas e confiáveis.

Em entrevista à DW, a observadora eleitoral enumera a violência durante a campanha, a organização precária das seções eleitorais e o facto de dois milhões de ugandeses não terem tido a chance de se registar para a votação como fatores que contribuíram para eleições pouco credíveis.

O Presidente Yoweri Museveni foi anunciado o vencedor das eleições de 14 de janeiro este sábado (16.01), com 58,64% dos votos, impondo uma derrota ao candidato da oposição, Bobi Wine, que denunciou "uma farsa completa". Há 35 anos no poder, Museveni vai cumprir um sexto mandato de cinco anos.

Charity Kalebbo Ahimbisibwe é chefe da Coalizão de Cidadãos para a Democracia Eleitoral no UgandaFoto: Frank Yiga/DW

"Teve também o encerramento das redes sociais... Não havia muito fluxo de informações", diz Charity Kalebbo Ahimbisibwe. "É difícil responder à pergunta se a votação foi livre, justa e confiável. Houve os três aspetos. Mas se foi 100%, acho que não", acrescentou.

Pelo menos 7 milhões dos 18 milhões de eleitores do país não compareceram às urnas. "Provavelmente, não sabiam em quem votar ou estavam apenas a fazer uma declaração de que talvez não queiram ser pegos nessa maré política", disse a observadora referindo-se à violência que marcou o período pré-eleitoral.

"A única coisa que vimos, em apenas uma ou duas assembleias de voto, foi a questão do regresso de funcionários dando a um eleitor mais do que os três votos que deveriam ter. Mas fraude, enchimento de votos, acho que não houve. Em grande parte, foi um processo pacífico", sublinha.

"Profunda perturbação"

O porta-voz da diplomacia norte-americana, Morgan Ortagus, declarou num comunicado este sábado (16.01) que está "profundamente perturbado" com as notícias de violência e irregularidades nas eleições no Uganda.

O candidato da oposição, Bobi Wine, fala numa "farsa completa"Foto: Abubaker Lubowa/REUTERS

"O povo ugandês participou nas eleições nacionais multipartidárias de 14 de janeiro, apesar de um ambiente de intimidação e medo. Estamos profundamente perturbados com os muitos relatos credíveis de violência policial no período que antecede as eleições e irregularidades durante as sondagens", escreveu  

A administração norte-americana pediu ainda "investigações independentes". "Apelamos veementemente a investigações independentes, credíveis, imparciais e exaustivas sobre estes relatórios e a que os responsáveis sejam responsabilizados", afirma.

Os EUA dizem ainda condenar "os contínuos ataques aos candidatos políticos" e instam o Governo ugandês "a respeitar os seus direitos humanos e liberdades fundamentais, incluindo a liberdade de expressão".

"Estamos gravemente preocupados com o assédio e as contínuas ameaças à sociedade civil. Finalmente, registamos a continuação do encerramento da Internet a nível nacional e apelamos à sua imediata restauração, juntamente com a dos serviços de comunicação social", acrescentam.

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