Uhuru Kenyatta reconduzido como Presidente do Quénia
Lusa
28 de novembro de 2017
Uhuru Kenyatta é reconduzido esta terça-feira (28.11) para um segundo mandato como Presidente do Quénia, apesar de alguns dos seus seguidores e da oposição recusarem reconhecê-lo como chefe de Estado.
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A cerimónia de posse de Uhuru Kenyatta, do partido TNA, para mais um mandato de cinco anos realiza-se após meses de polémica e recursos para a Justiça, período que sucedeu a eleições realizadas em agosto e repetidas em outubro, que a oposição considera não terem sido legítimas.
Há uma semana, o Supremo Tribunal validou a vitória de Kenyatta, descartando os recursos que tinham sido apresentados em contestação aos resultados eleitorais, entre os quais o da principal coligação da oposição, a Super Aliança Nacional (NASA, na sigla em inglês), liderado por Raila Odinga.
Nas segundas eleições, em 26 de outubro, Odinga retirou a candidatura e pediu que os eleitores boicotassem o sufrágio, o que provocou que a participação baixasse de 79,5% em agosto para 38,9%, com Kenyatta a registar uma vitória esmagadora, com mais de 98% dos votos.
Embora a NASA tenha anunciado um "movimento de resistência nacional" e "assembleias populares", com as quais pretende pressionar o Executivo a convocar novas eleições com as exigidas garantias democráticas, Kenyatta tentou projetar uma imagem de normalidade.
Longa crise
O conflito poderá durar demasiado tempo, uma vez que boa parte dos bastiões opositores são zonas deprimidas do país, nas quais se vive com menos de dois dólares por dia (1,6 euros) e pelo boicote de várias empresas anunciadas pela NASA, não contribui para que a crise seja ultrapassada.
Odinga, de 72 anos, não quer desperdiçar a última oportunidade de cumprir o sonho de ser Presidente do Quénia e continua a reunir seguidores, levando-os a protestar contra Kenyatta em manifestações que já causaram dezenas de mortos, com a polícia a ignorar os pedidos de contenção formulados pelas associações de direitos humanos.
Na cerimónia de tomada de posse de Kenyatta, de 56 anos, é previsível que o líder da oposição ignore o convite para o estádio Kasarani de Nairobi, com capacidade para 60 mil pessoas. Vinte chefes de Estado foram convidados, a que se juntam mais de 1.600 "pessoas importantes".
Quase 2,9 milhões de dólares (2,4 milhões de euros) é o custo estimado da cerimónia, na qual também toma posse como vice-presidente William Ruto.
Política e controvérsia nas eleições do Quénia
A campanha eleitoral no Quénia acaba de se tornar ainda mais complicada do que já era com a formação da Super Aliança Nacional (National Super Alliance – NASA), que almeja derrotar o partido no Governo.
Foto: Reuters/M. Eshiwani
NASA tenta derrotar o partido no poder
A aliança da oposição, NASA, nomeou o ex-primeiro ministro Raila Odinga candidato à presidência. Trata-se, com grande probabilidade, da última tentativa de Odinga, um opositor veterano de 72 anos, de ser eleito Presidente, após três candidaturas falhadas. A NASA esforçou-se por nomear um candidato passível de angariar votos dos principais grupos étnicos.
Foto: Reuters/M. Eshiwani
A recruta de novos membros de áreas chave
A NASA quer derrotar o Presidente em exercício, Uhuru Kenyatta, que concorre pela segunda e última vez pela sua formação política, Jubilee Party. Recentemente, a aliança ganhou um novo co-presidente na pessoa do governador de Bomet, Isaac Ruto. O dirigente do sudoeste do país garante à NASA o apoio do Vale de Rift, a maior província do país.
Foto: Reuters/T. Mukoya
Eleições no décimo aniversário de violência política
As eleições gerais quenianas realizam-se em 18 de agosto de 2017. Este ano, cerca de 19 milhões de quenianos recensearam-se para votar, embora ainda decorra um inquérito para eliminar da lista os eleitores entretanto falecidos. As eleições realizam-se dez anos após um sufrágio que desencadeou uma onda de violência, que resultou em mais de mil mortos e centenas de milhares de deslocados.
Foto: Reuters/M. Eshiwani
Número inesperado de eleitores
O número elevado de eleitores que se apresentou nas mesas de voto para eleger o candidato à presidência do partido governamental, obrigou ao adiamento do voto. O Jubilee Party não estava preparado para tantos eleitores, e teve que providenciar mais boletins de votos, antes de continuar a votação poucos dias mais tarde.
Foto: Reuters/M. Eshiwani
Violência eleitoral
As eleições deste ano para os governos e parlamentos regionais já foram marcadas pela violência. Dezenas de pessoas foram feridas no início do mês de Maio em Nairobi na central do partido de oposição Movimento Laranja Democrático, quando apoiantes de um candidato ao senado atacaram os adeptos da candidata desta formação política.
Foto: Reuters/M. Eshiwani
Alegações de fraude
Já há alegações de fraude. O líder da oposição, Raila Odinga, afirmou que o seu cartão de identidade foi usado para recensear outras pessoas. Em 2013, o equipamento electrónico para a contagem de votos falhou, alimentando suspeitas de fraude eleitoral. Em janeiro, o Presidente Kenyatta aprovou uma lei que impõe um recurso à contagem manual de votos caso o equipamento electrónico não funcione.
Foto: Reuters/M. Eshiwani
O problema das etnias
No Quénia, o voto geralmente é determinado pela etnia. O critério para as alianças políticas é a capacidade de angariar votos dos cinco principais grupos étnicos do país. Kenyatta e o seu vice, William Ruto, formaram uma aliança entre dois grupos étnicos: a maioria kikuyu, da qual origina o Presidente, e os kalenjin de Ruto. Estas duas etnias protagonizaram os confrontos violentos de 2007.