União Africana apoia reforço queniano à missão do órgão na Somália
18 de novembro de 2011 A União Africana se disse a favor nesta sexta-feira (18.11) de um aumento de tropas quenianas na Missão da UA na Somália, também conhecida como AMISOM.
Na quarta-feira (16.11), o Quênia anunciou intenção de fornecer tropas à AMISOM após encontro em Nairóbi entre os presidentes queniano, Mwai Kibaki, o somali Sharif Cheikh Ahmed e o ugandês Yoweri Museveni.
Uma reunião a porta fechada do Conselho de Paz e Segurança da União Africana começou na quinta-feira (17.11) de manhã em Adis Abeba e discute, entre outros assuntos, o combate às milícias islâmicas shebab presentes no sul da Somália e com suposta ligação à rede terrorista internacional Al Qaeda.
Segundo Ramtane Lamamra, comissário pela paz e segurança da União Africana, a oferta queniana de reforçar as tropas do órgão foi apoiada na quinta-feira durante uma reunião na capital etíope. Um dos países que manifestou apoio foi a Etiópia. O porta-voz do ministério das Relações Exteriores do país, Dina Mufti, afirmou: "Com base no espírito da resolução da Autoridade Intergovernamental sobre o Desenvolvimento, IGAD, a Etiópia, como membro da IGAD, apoia a posição do Quênia e espera que a missão queniana tenha sucesso".
Para diplomata, intervenções separadas podem criar dificuldades
As forças quenianas já estão presentes no sul da Somália. Em 14 de outubro, Nairóbi lançou uma ofensiva militar contra as milícias shebab que o Quênia responsabiliza por uma série de sequestros e ataques terroristas em seu território.
Uma participação do Quênia no âmbito da AMISOM poderia ser um "avanço positivo, pois apelamos há muito tempo a mais contribuições" para a missão, afirmou o secretário permanente do ministério das Relações Exteriores do Uganda, James Mugume.
Mugume disse ser a favor de uma intervenção queniana na Somália sob a bandeira da AMISOM, dizendo que operações separadas da missão da UA e do Exército queniano na Somália "poderia criar dificuldades".
Mufti, da Etiópia, ainda acrescentou que o motivo para o apoio da Etiópia à vontade queniana de integrar tropas da AMISOM "é que as milícias shebab são contra a paz na região e os esforços do Quênia se concentram em enfraquecer os shebab. Isto deverá contribuir para assegurar a paz [também] para a Etiópia", disse.
"Para fortalecer os esforços somalis pela paz, deverá haver uma conferência de líderes africanos em Adis Abeba brevemente. Esperamos que países-membros da IGAD concordem e assumam uma posição comum", adiantou Dina Mufti.
A União Africana confirmou também que a própria Etiópia poderia enviar tropas à Somália, mas não se sabe se os soldados etíopes farão parte da AMISOM ou serão enviados sob a bandeira da organização regional IGAD, sigla inglesa para Autoridade Intergovernamental sobre o Desenvolvimento. A IGAD reúne sete países da África Oriental: Djibuti, Eritréia, Etiópia, Quênia, Somália, Sudão e Uganda.
A Etiópia já invadiu a Somália em 2006, com o apoio dos Estados Unidos, para combater os tribunais islâmicos do país. O Exército etíope conseguiu o objetivo rapidamente, mas não conseguiu pacificar o centro e o sul do país. As tropas etíopes acabaram saindo da Somália no início de 2009. Segundo especialistas, este teria sido um dos motivos para a emergência das milícias rebeldes islâmicas shebab na região.
Investimento em paz e segurança
De acordo com Ramtane Lamamra, Uganda e Burundi – que atualmente são os únicos países cujos soldados integram o contingente de 9.700 homens da AMISOM – continuarão compondo a missão da União Africana na Somália. Djibuti e Serra Leoa também prometeram reforçar as tropas.
"Saúdo especialmente a chegada de um batalhão do Djibuti", disse Lamamra em Adis Abeba. "Chegou o momento de entender que é preciso fazer um investimento: um investimento na paz, na reconciliação e na democracia na Somália. É um investimento pela paz e pela segurança regional e global, assim como pela economia mundial. Acredito que haja muitos benefícios implícitos na ação que não deveriam ser questionados", alertou o comissário pela paz e segurança da UA.
A Somália não tem governo efetivo e é palco de conflitos desde 1991. O país também é atingido atualmente por uma grave crise alimentar, consequência destas violências e da seca que assola o Corno de África – e considerada a pior estiagem na região em 60 anos.
Na sexta-feira, as Nações Unidas suspenderam o estado de fome em três províncias do sul da Somália, controladas pelos shebab. Três outras províncias continuam sob o estado de fome.
Autora: Renate Krieger (com agência AFP)
Edição: António Rocha