União Africana garante "apoio total" ao Acordo de Paris
Lusa | gs
4 de junho de 2017
Depois da saída dos Estados Unidos, a União Africana quer acelerar a implementação do Acordo de Paris sobre alterações climáticas.
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"O continente africano, apesar de ser menos responsável que outros pelos fatores que causam as alterações climáticas, é o que sofre mais diretamente", refere o comunicado do presidente da União Africana (UA) e chefe de Estado da Guiné-Conacri, Alpha Condé.
No comunicado o presidente da organização pan-africana lembra que a UA "teve um papel preponderante durante os encontros da COP21 e subscreveu todos os compromissos" e, por isso, "reafirma o seu apoio total e incondicional ao Acordo de Paris".
A UA "exorta a comunidade internacional a aplicar e a acelerar a implementação dos acordos de Paris", lê-se no documento.
Condé pretende "sensibilizar o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre as questões do aquecimento global" durante a cimeira do G20, que vai decorrer em junho na Alemanha.
O anúncio de Alpha Condé acontece na sequência do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter anunciado, recentemente (31.05), a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris sobre alterações climáticas.
O Presidente da guiné-Conacri, Alpha Condé, foi eleito em janeiro para a liderança rotativa da UA. E é também o coordenador da Iniciativa africana para as energias renováveis (Arei), lançada na cimeira da COP21 em Paris, em dezembro de 2015.
O Acordo de Paris pretende limitar a subida da temperatura mundial, reduzindo as emissões de gases com efeito de estufa. Entrou em vigor a 4 de novembro de 2016, depois de concluído em dezembro de 2015, na capital francesa. Foi assinado por 195 países e já ratificado por 147.
Lago Tanganica: um grande lago em perigo
Um grupo ambientalista alemão elegeu o Lago Tanganica como "o lago em perigo de 2017". Faz parte dos Grandes Lagos e é partilhado pela Tanzânia, República Democrático da Congo, Burundi e Zâmbia.
Foto: NASA
Lago Tanganica
A Global Nature Fund, uma ONG com sede na Alemanha, nomeou o Lago Tanganica, localizado na África Central, como o "Lago Ameaçado de 2017". Em conjunto com parceiros locais, esta organização pretende alertar para a necessidade da adoção de medidas que levem à preservação deste lago, partilhado por quarto países africanos, nomeadamente, República Democrática do Congo, Tanzânia, Zâmbia e Burundi.
Foto: picture alliance/dpa/C. Frentzen
Poluição – uma das muitas ameaças
Poluição, sobre-exploração e sedimentação são alguns dos problemas que ameaçam a diversidade de espécies neste vasto lago africano. Resíduos industriais e domésticos, provenientes das cidades e aldeias localizadas no litoral, são descarregados nesta água. Também os "ferry" e os pescadores, que utilizam óleo para os geradores e para as luzes de pesca noturna, poluem o lago.
O Lago Tanganica possui 1.470 metros de profundidade, o que faz dele o segundo lago mais profundo do mundo. É também o segundo maior lago de água doce em volume. Só aqui estão aglomerados quase 17% dos recursos de água doce não congelada existentes no planeta. Milhões de pessoas dependem do lago para o seu sustento.
Foto: SeaWiFS Project
Crescimento da população aumenta pressão
O crescimento da população no Burundi, na República Democrática do Congo, na Tanzânia e na Zâmbia tem aumentado a pressão sobre os recursos do Lago Tanganica. Um milhão de pessoas vive na bacia deste reservatório e depende da pesca: cerca de cem mil são pescadores. Quanto maior a população, mais bocas são necessárias alimentar.
Foto: Getty Images/AFP/J. Cendon
Famoso pela biodiversidade
Crocodilos do Nilo, garoupas gigantes, medusas de água doce e enguias são apenas alguns dos exemplos da biodiversidade do Lago Tanganica. No total, possui mais de 1.500 espécies de plantas e animais, das quais 40% não podem ser encontradas em qualquer outra parte da Terra.
Foto: picture-alliance/dpa/G. Fischer
Pesca excessiva
Os recursos naturais do Lago Tanganica estão a ser explorados em demasia. A pesca excessiva no lago levou a uma dramática redução nas capturas. Entre 1995 e 2011, o número de pescadores quadruplicou, enquanto o número total de peixes diminuiu cerca de um quarto. A quantidade de peixe capturada, por ano, por cada pescador individualmente desceu 81% no mesmo período de tempo.
Foto: Brent Stirton/Getty Images for WWF-Canon
Os desafios ambientais
Pius Yanda, professor especialista em alteracões climáticas da Universidade de Dar Es Salaam, na Tanzânia, entende que é importante que se discuta sobre como se deve responder às ameaças à integridade ecológica do lago. "Se as pessoas participarem ativamente no processo de discussão sobre as ameaças ambientais que o lago enfrenta será melhor", afirma.
Foto: Imago
Alterações climáticas
Em 2016, um estudo da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, mostrou que a escassez de pescado no lago não se deve apenas à pesca excessiva, mas também às alterações climáticas. O aumento da temperatura da água, registado desde 1800, está a contribuir também para o declínio das algas, o principal alimento dos peixes.