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UA pede mais investimento no combate ao extremismo em África

bd | com agências
20 de fevereiro de 2023

Terminou este domingo, em Adis Abeba, a cimeira de dois dias da União Africana (UA), com a recomendação de mais investimento no combate ao extremismo em África. Ataques armados em Moçambique estiveram em destaque.

Chefes de Estado e de Governo da União Africana estiveram reunidos em Adis Abeba, onde também marcou presença o secretário-geral da ONU, António Guterres
Chefes de Estado e de Governo da União Africana estiveram reunidos em Adis Abeba, onde também marcou presença o secretário-geral da ONU, António GuterresFoto: Eduardo Soteras/AFP/Getty Images

Os líderes de 55 nações africanas reuniram-se na cimeira de dois dias na capital etíope para discutir uma série de desafios que o continente enfrenta, incluindo terrorismo, golpes de Estado, conflitos e alterações climáticas.

Em conferência de imprensa, o comissário para os Assuntos Políticos, Paz e Segurança, Bankole Adeyoe, disse que a UA a quer mobilizar a comunidade internacional para apoiar as forças que combatem o terrorismo em Cabo Delgado, norte de Moçambique. "Estamos satisfeitos e orgulhosos com a Missão Militar da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SAMIM) em Cabo Delgado", sublinhou.

Futebol contra o terrorismo em Cabo Delgado

02:27

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"A assembleia reiterou o seu compromisso com a paz em todo o continente, incluindo a África Austral, enquanto mobiliza a comunidade internacional, como as Nações Unidas e parceiros de desenvolvimento, para apoiarem esta força de restabelecimento de paz em Cabo Delgado", acrescentou o comissário.

Bankole Adeyoe destacou ainda a importância de haver união face a um inimigo global: "É necessário que caminhemos juntos para travar o alastramento do terrorismo, extremismo violento e radicalização na África Austral. Esta é a primeira vez que a região da SADC vive tal situação” de insegurança devido ao extremismo.

As declarações de Adeyoe estão em linha com as de Moussa Faki Mahamat, presidente da comissão da UA, que já havia referido que "a comunidade internacional tem de contribuir” porque o extremismo "é uma ameaça para a paz e a segurança internacionais."

Mahamat acrescentou que "a UA pretende prosseguir o diálogo com os seus parceiros, em particular as Nações Unidas, para garantir mais financiamentos, para além dos recursos africanos".

"Tolerância zero" contra golpes

A UA também insistiu em implementar "tolerância zero" para mudanças antidemocráticas de poder e prometeu pôr em prática o acordo de livre comércio em todo o continente.

18 meses de golpes e tentativas de golpe na África Ocidental

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No último dia da cimeira (19.02), a organização anunciou que mantém a suspensão do Burkina Faso, Guiné-Conacri, Mali e Sudão, quatro países que estão a ser governados por líderes militares após golpes de Estado.

Moussa Faki Mahamat, presidente da comissão da UA, defendeu um novo modelo de sanções a aplicar aos países que foram palco de golpes de Estado.

"As sanções gerais não devem afetar os países, e sabemos perfeitamente que as sanções económicas e financeiras afetam principalmente a população. Talvez devêssemos insistir em sanções individuais específicas que possam dissuadir aqueles que geralmente levam a cabo golpes e evitar sanções gerais que possam afetar os interesses da população", defendeu.

CEDEAO mantém sanções

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) também decidiu manter as sanções contra o Burkina Faso, o Mali e a Guiné-Conacri, três países liderados por militares golpistas.

Estes três países da África Ocidental foram suspensos pela CEDEAO após sucessivos golpes militares em 2020, 2021 e 2022. O Mali e a Guiné-Conacri também foram sujeitos a outras sanções, em parte suspensas desde então.

Umaro Sissoco Embaló, atual presidente da CEDEAOFoto: Amanuel Sileshi/AFP/Getty Images

Os países membros da CEDEAO decidiram "manter as sanções existentes contra os três países e impor proibições de viagem a membros do Governo e outros funcionários" do Mali, Burkina Faso e Guiné-Conacri, de acordo com um comunicado assinado pelo Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, atual presidente da CEDEAO, na sequência de um encontro organizado no sábado em paralelo à Cimeira da União Africana (UA), em Adis Abeba.

Os três países solicitaram em 10 de fevereiro passado o levantamento da suspensão da CEDEAO, mas também da UA, lamentando as "sanções impostas". O retorno à ordem constitucional é teoricamente esperado em 2024 no Mali e no Burkina Faso, e em 2025 na Guiné-Conacri.

"África precisa de ação"

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, concorda que África precisa de mais apoios para avançar: "África precisa de ação. Primeiro, ação económica. África tem um potencial muito rico, mas não é rica em apoio global", reconheceu.

"Investir nos caminhos africanos para a prosperidade requer financiamento e os países em desenvolvimento são repetidamente abandonados à sua sorte. O sistema financeiro global nega-lhes o alívio da dívida e o financiamento, enquanto cobra taxas de juro exorbitantes", disse Guterres.

Discursando na cimeira da UA, o Presidente angolano, João Lourenço, também se mostrou preocupado com a insegurança no continente e pediu à organização medidas concretas, como a operacionalização de uma força de reação rápida.