União Africana pede cumprimento da lei em Gaza e na Ucrânia
31 de outubro de 2023"Não podemos exigir o respeito pelo direito internacional quando se trata de crises africanas, o cumprimento do quadro dos direitos humanos, e quando se trata de Gaza, quando se trata de Israel, o caso é diferente. Ou mesmo quando se trata da Ucrânia e da Rússia", criticou .
"Quando vivemos todos no mesmo mundo, o direito internacional deve ser aplicável a todos nós da mesma forma", disse o diplomata, acrescentando: "É esse o objetivo das Nações Unidas, é esse o objetivo do sistema internacional, que temos de respeitar".
Adeoye falava durante o debate "A agenda da União Africana para a paz e a segurança", organizado esta segunda-feira (30.10), em Londres, pelo centro de estudos britânico Instituto de Relações Internacionais (Chatham House).
"Não podemos encarar os conflitos da crise africana de forma isolada. Não podemos limitar-nos a uma palavra para Israel ou para a Ucrânia e outra palavra ou condição para África", vincou.
O responsável reiterou que a União Africana (UA) defende uma solução de dois Estados em coexistência - Israel e Palestina.
Risco de "genocídio sem precedentes"
A organização emitiu, em meados de outubro, um comunicado conjunto com a Liga Árabe a alertar para o risco de "um genocídio sem precedentes" na Faixa de Gaza no caso de uma ofensiva terrestre israelita no território palestiniano controlado pelo movimento islamita Hamas.
Ambas consideraram uma violação do direito internacional o ultimato israelita para a população do norte da Faixa de Gaza se deslocar para o sul do território e pediram ajuda humanitária urgente aos palestinianos, "apelando à comunidade internacional para que esteja à altura dos princípios comuns de humanidade e justiça".
O comissário referiu ainda que a UA está a desenvolver capacidades próprias para preservar a paz no continente, nomeadamente através do Fundo de Paz da União Africana.
Adeoye adiantou que o Fundo deverá gastar 22 milhões de dólares (20,7 milhões de euros no câmbio atual) em 2023 e 2024 de um total de 370 milhões de dólares (348 milhões de euros) acumulado com contribuições de Estados membros.
O Fundo permite apoiar medidas relacionadas com a mediação e diplomacia preventiva, capacidade institucional e operações de apoio à paz.
"O que queremos é que o Conselho de Segurança das Nações Unidas, a comunidade internacional, a Commonwealth, os [países] amigos, os aliados nos apoiem para garantir que possamos cumprir uma agenda de paz", salientou.