União Africana suspende Sudão após repressão de protestos
cvt | Reuters | AFP | Lusa
7 de junho de 2019
Depois da repressão violenta das manifestações dos últimos dias, a União Africana suspendeu o Sudão até que seja formado um governo de transição liderado por civis. Etiópia tenta mediar tensão entre civis e militares.
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Abiy Ahmed, o primeiro-ministro da Etiópia, país onde está localizada a sede da União Africana (UA), já chegou a Cartum, onde deverá encontrar-se esta sexta-feira (07.06) com dirigentes do Conselho Militar que ocuparam o poder depois do afastamento do Presidente Omar al-Bashir. O governante deve reunir-se também com os organizadores das concentrações que exigem o afastamento dos militares do poder.
Reunido numa sessão de emergência na capital da Etiópia, Addis Abeba, o Conselho de Paz e Segurança (CPS) da UA invocou a interrupção da ordem constitucional para suspender o Sudão.
União Africana suspende Sudão após repressão de protestos
"Decidimos, em conformidade com os instrumentos relevantes da UA - em especial os atos constitutivos da UA, o protocolo do CPS e a Carta Africana sobre democracia, eleições e governação - suspender a partir de hoje a participação da República do Sudão em todas as atividades da UA até à criação efetiva de uma autoridade de transição liderada por civis como única forma de permitir ao Sudão sair da crise atual", anunciou o representante da Serra Leoa e atual presidente do conselho, Patrick Kapuwa.
ONU pede investigação
O derramamento de sangue foi condenado também pelas Nações Unidas e pelo Ocidente. "Insistimos na necessidade de uma investigação que clarifique os acontecimentos ocorridos a 3 de junho no Sudão, para levar a julgamento os responsáveis pelo assassinato de sudaneses inocentes, tal como solicitado pelo Conselho de Paz e Segurança da União Africana", disse o embaixador sul-africano, Jerry Matthews Matjila, na sede da ONU, em Nova Iorque.
O Reino Unido, antigo poder colonial, convocou o embaixador do Sudão ao Ministério dos Negócios Estrangeiros para manifestar a sua preocupação. A Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, que apoiam os militares sudaneses, apelaram ao diálogo sem condenar a repressão.
A aliança da oposição disse não estar pronta para continuar o diálogo e exigiu que os militares entreguem o poder. A oposição diz que 108 pessoas foram mortas e mais de 500 ficaram feridas na repressão violenta dos protestos, desde segunda-feira (03.06).
No entanto, segundo os números do Governo, 61 pessoas morreram durante as operações militares contra os movimentos de contestação. Soliman Abdel Gabbar, subsecretário do Ministério da Saúde do Sudão, especificou em conferência de imprensa que destas, 52 pessoas morreram nos últimos três dias na capital sudanesa, Cartum, e que os corpos de outras duas foram retirados do Rio Nilo, junto da cidade.
Os chefes de Estado há mais tempo no poder
São presidentes, príncipes, reis ou sultões, de África, da Ásia ou da Europa. Estes são os dez chefes de Estado há mais tempo no poder.
Foto: Jack Taylor/Getty Images
Do golpe de Estado até hoje - Teodoro Obiang Nguema
Teodoro Obiang Nguema Mbasogo assumiu a Presidência da Guiné Equatorial em 1979, ainda antes de José Eduardo dos Santos. Teodoro Obiang Nguema derrubou o seu tio do poder: Francisco Macías Nguema foi executado em setembro de 1979. A Guiné Equatorial é um dos países mais ricos de África devido às receitas do petróleo e do gás, mas a maioria dos cidadãos não beneficia dessa riqueza.
Foto: DW/R. Graça
O Presidente que adora luxo - Paul Biya
Paul Biya é chefe de Estado dos Camarões desde novembro de 1982. Muitos dos camaroneses que falam inglês sentem-se excluídos pelo francófono Biya. E o Presidente também tem sido alvo de críticas pelas despesas que faz. Durante as férias, terá pago alegadamente 25 mil euros por dia pelo aluguer de uma vivenda. Na foto, está acompanhado da mulher Chantal Biya.
Foto: Reuters
Mudou a Constituição para viabilizar a reeleição - Yoweri Museveni
Yoweri Museveni já foi confirmado seis vezes como Presidente do Uganda. Para poder concorrer às eleições de 2021, Museveni mudou a Constituição e retirou o limite de idade de 75 anos. Venceu o pleito com 58,6% dos votos, reafirmando-se como um dos líderes autoritários mais antigos do mundo. O candidato da oposição, Bobi Wine, alegou fraude generalizada na votação e rejeitou os resultados oficiais.
Foto: Getty Images/AFP/I. Kasamani
"O Leão de Eswatini" - Mswati III
Mswati III é o último governante absolutista de África. Desde 1986, dirige o reino de Eswatini, a antiga Suazilândia. Acredita-se que tem 210 irmãos; o seu pai Sobhuza II teve 70 mulheres. A tradição da poligamia continua no seu reinado: até 2020, Mswati III teve 15 esposas. O seu estilo de vida luxuoso causou protestos no país, mas a polícia costuma reprimir as manifestações no reino.
Foto: Getty Images/AFP/J. Jackson
O sultão acima de tudo - Haji Hassanal Bolkiah
Há quase cinco décadas que o sultão Haji Hassanal Bolkiah é chefe de Estado e Governo e ministro dos Negócios Estrangeiros, do Comércio, das Finanças e da Defesa do Brunei. Há mais de 600 anos que a política do país é dirigida por sultões. Hassanal Bolkiah, de 74 anos, é um dos últimos manarcas absolutos no mundo.
Foto: Imago/Xinhua/J. Wong
Monarca bilionário - Hans-Adam II
Desde 1989, Hans-Adam II (esq.) é chefe de Estado do Liechtenstein, um pequeno principado situado entre a Áustria e a Suiça. Em 2004, nomeou o filho Aloísio (dir.) como seu representante, embora continue a chefiar o país. Hans-Adam II é dono do grupo bancário LGT. Com uma fortuna pessoal estimada em mais de 3 mil milhões de euros é considerado o soberano europeu mais rico.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Nieboer
De pastor a parceiro do Ocidente - Idriss Déby
Idriss Déby (à esq.) foi Presidente do Chade de 1990 a 2021. Filho de pastores, Déby formou-se em França como piloto de combate. Apesar do seu autoritarismo, Déby foi um parceiro do Ocidente na luta contra o extremismo islâmico (na foto com o Presidente francês Macron). Em abril de 2021, um apenas dia após após a confirmação da sua sexta vitória eleitoral, Déby foi morto num combate com rebeldes.
Foto: Eliot Blondet/abaca/picture alliance
Procurado por genocídio - Omar al-Bashir
Omar al-Bashir foi Presidente do Sudão entre 1993 e 2019. Chegou ao poder em 1989 depois de um golpe de Estado sangrento. O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu em 2009 um mandado de captura contra al-Bashir por alegada implicação em crimes de genocídio e de guerra no Darfur. Em 2019, foi deposto e preso após uma onda de protestos no país.
Foto: Getty Images/AFP/A. Shazly
O adeus - José Eduardo dos Santos
José Eduardo dos Santos foi, durante 38 anos (de 1979 a 2017), chefe de Estado de Angola. Mas não se recandidatou nas eleições de 2017. Apesar do boom económico durante o seu mandato, grande parte da população continua a viver na pobreza. José Eduardo dos Santos tem sido frequentemente acusado de corrupção e de desvio das receitas da venda do petróleo. A sua família é uma das mais ricas de África.
Foto: picture-alliance/dpa/P.Novais
Fã de si próprio - Robert Mugabe
Robert Mugabe chegou a ser o mais velho chefe de Estado do mundo (com uma idade de 93 anos). O Presidente do Zimbabué esteve quase 30 anos na Presidência. Antes foi o primeiro-ministro. Naquela época, aconteceram vários massacres que vitimaram milhares de pessoas. Também foi criticado por alegada corrupção. Após um levantamento militar, renunciou à Presidência em 2017. Morreu dois anos mais tarde.