UE e África iniciam mês de diálogo sobre investimento verde
Lusa
24 de março de 2021
A presidência portuguesa do Conselho da União Europeia (UE) inicia hoje um mês repleto de conferências virtuais entre países africanos e europeus sobre o desenvolvimento sustentável e o investimento verde.
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O Governo português, em parceria com o Banco Europeu de Investimento (BEI), decidiu realizar "um mês de diálogo entre países africanos e europeus" sobre o desenvolvimento sustentável e o investimento verde, disse à Lusa o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Francisco André.
Serão, ao todo, 25 conferências virtuais, designadas "Green Talks", que começam hoje, em Dakar, no Senegal, que irão decorrer até ao dia 23 de abril, dia em que Lisboa irá receber o Fórum Europeu de Investimento Verde UE-África, em formato híbrido, e que "será o culminar deste diálogo" entre ambas as regiões.
"Será um diálogo que vai decorrer durante 30 dias e que nós queremos que seja o mais participado possível", salientou Francisco André. O Governo não pretende um diálogo "apenas na base tradicional de contactos entre governantes de países europeus e países africanos", pelo que estarão também presentes "empresas, atores da sociedade civil, universidades, organizações não-governamentais (ONG), portanto, todos aqueles que sejam representantes da sociedade dos países de ambos os continentes", destacou.
As conferências virtuais irão decorrer "em várias cidades dos dois continentes", adiantou o responsável, acrescentando que terão lugar não só nas capitais dos países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP), como também "em vários outros países onde há representações, designadamente o BEI". Do lado europeu, irá decorrer também "em várias capitais que têm maior interesse e preocupação no diálogo político do relacionamento entre a União Europeia e a África", explicou.
Pandemia e alterações climáticas são o maior desafio
Considerando que, "a par da pandemia, as alterações climáticas são o maior desafio que as sociedades hoje enfrentam", Francisco André sublinha a importância deste diálogo sobre a transição verde, sobretudo com África, "continente que é especialmente afetado pelos efeitos das alterações climáticas", apontou.
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"Para que esta transição exista, para que, de facto, se combatam as alterações climáticas, é preciso discutir, trabalhar em conjunto e ter uma resposta coordenada", realçou, acrescentando que "o sucesso [da transição verde] requer uma abordagem conjunta".
Além disso, o responsável admite que a realização destes eventos também é "muito importante" para Portugal, uma vez que "África é também uma prioridade da presidência portuguesa" do Conselho da UE, "desde sempre", vincou.
"Nós achamos que esta iniciativa de conseguir manter um diálogo durante 30 dias com países do continente africano é muito positiva, não tem precedentes nos tempos mais recentes e achamos que é um bom exemplo", destaco.
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Cimeira UE-União Africana
Questionado sobre se há alguns avanços quanto à realização da Cimeira entre a UE e a União Africana, cuja data ainda não está definida, apesar do interesse manifestado pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, Francisco André reiterou o desejo de Portugal de que esta cimeira tenha lugar "tão rápido quanto possível".
Embora a convocação dessa cimeira não seja da competência da presidência portuguesa do Conselho da UE, mas do Conselho Europeu, o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros considerou que as conferências virtuais, que hoje se iniciam, e o Fórum de Investimento Verde UE-África, que decorre em abril, são já uma iniciativa portuguesa que permitirá "manter bem vivo este diálogo" com os parceiros africanos
"Nós acreditamos que [estes eventos] são importantes para o diálogo entre os dois continentes e que irão também ajudar a robustecer e a contribuir para a agenda dessa cimeira, quando ela tiver lugar", frisou, por fim.
Bienvenu à Matonge: um pedaço de África em Bruxelas
Bruxelas é a capital da União Europeia - e lar de cerca de 100 mil africanos. No colorido bairro de Matonge, eles vivem um pouco como na terra natal, a República Democrática do Congo (RDC).
Foto: DW/E. Shoo
Kinshasa na Bélgica
Cerca de 100 mil pessoas com raízes africanas vivem em Bruxelas, o que é quase 10% da população da capital da Bélgica. A maioria veio das ex-colónias belgas - República Democrática do Congo e Ruanda. Outros, de países do Oeste Africano - como Senegal, os Camarões e Burkina Faso. Todos eles encontram um pedaço de casa em Matonge, que é também o nome de um bairro da capital do Congo, Kinshasa.
Foto: DW/E. Shoo
Vestidos para ocasiões especiais
Pode-se comprar de todas as cores e modelos: tecidos de algodão para casamentos ou festas religiosas. Mesmo as europeias compram aqui e apreciam as opções coloridas. Em muitas lojas, a proprietária corta o modelo desejado na hora. Porém, os tecidos não são provenientes do Gana ou do Congo, mas da Holanda. "Eles têm uma melhor qualidade", diz uma vendedora.
Foto: DW/E. Shoo
Cabelos do Brasil, da Índia e da China
Perucas, tranças, cosméticos. Em Matonge, estão os especialistas em cabelos crespos. É lá que as mulheres de ascendência africana vão buscar seu novo visual - do mais simples ao mais complexo. As extensões de cabelo e perucas variam consideravelmente em qualidade e preço. Mechas de cabelo artificial podem custar a partir de 10 euros. Uma peruca feita de cabelo brasileiro pode valer até 300 euros.
Foto: DW/E. Shoo
Bate-papo em Matonge
Também os homens vêm a Matonge. Emmanuel sempre recebe aqui o seu novo corte de cabelo. Ele vem de Kinshasa, e em Matonge ele se sente um pouco como em casa. "Sempre encontro conhecidos aqui," diz. Por um novo visual, os pagam menos que as mulheres - o corte de cabelo custa a Emmanuel apenas oito euros.
Foto: DW/E. Shoo
Ligação com África
As lojas em Matonge se adaptaram às necessidades dos seus clientes africanos. Especialmente populares são as lojas de telefonia que oferecem chamadas de baixo custo para a terra natal. Além disso, se instalaram aqui prestadores de serviços financeiros que ganham bastante com os muitos africanos que transferem parte de seu salário para a família em África.
Foto: DW/E. Shoo
Pequenos presentes de África
Quem procura um presente colorido de África na cinzenta Bruxelas, vai encontrá-lo aqui. A variedade na loja Afrikamäli (ou "Tesouros de África", na tradução literal) vai de brincos e colares a castiçais e cestos. Os produtos provêm de países como o Quénia, a África do Sul, Moçambique, Burkina Faso e Mali. Em Matonge, muitos comerciantes mantém uma ampla rede de fornecedores no continente africano.
Foto: DW/E. Shoo
Um ponto de encontro
A Associação Cultural Kuumba integra africanos e europeus. Há comida africana, bem como concertos, noites de cinema ou passeios guiados pelo bairro Matonge. Além do suaíli, fala-se especialmente o francês. Mas em Kuumba pratica-se também o holandês: o café cultural é apoiado em grande medida pela comunidade flamenga.
Foto: DW/E. Shoo
Construíndo pontes entre África e Europa
O café cultural Kuumba foi ideia de Jeroen Marckelbach. "Tudo começou, quando circulei de bicicleta de Matonge em Bruxelas a Matonge em Kinshasa em 2008", diz ele. "Eu queria fazer algo para melhorar a relação entre os africanos e os belgas. Eles se conhecem muito pouco. Por meio de cursos de línguas, arte e literatura, as culturas devem aprender uma com a outra."
Foto: DW/E. Shoo
Multicultural e multilingue
Em Matonge, encontram-se diferentes culturas e línguas. Muitos falam francês, alguns também inglês ou holandês. Alain Mpetsi, que nasceu no Congo, se beneficia da diversidade linguística. Ele fala cinco línguas e trabalha como intérprete. Além disso, ele também dá aulas de suaíli e lingala, duas das línguas mais importantes da República Democrática do Congo.
Foto: DW/E. Shoo
Tesouros culinários
A comunidade africana não vem a Matonge apenas para fazer compras. É igualmente importante encontrar-se para tomar uma cerveja e ouvir música africana, ou para comer. Vários restaurantes oferecem bebidas e pratos tradicionais de África. O restaurante Soleil d'Afrique (ou "Sol de África", na tradução literal) é um dos mais famosos em Matonge. Tanto moradores quanto turistas vêm aqui.
Foto: DW/E. Shoo
Banana cozida e mandioca
No cardápio, estão pratos como Mafe (carne com molho de amendoim), Yassa (carne marinada temperada), peixe e bolinhos recheados com legumes ou carne moída. Os pratos geralmente vêm da África Oriental e Ocidental. Como acompanhamento há, por exemplo, arroz ou banana frita. Em Matonge substituem as tradicionais batatas fritas da Bélgica.
Foto: DW/E. Shoo
Música congolesa ao vivo
Em Matonge, a música é omnipresente. Cantores, alguns deles estrelas na República Democrática do Congo, se apresentam em muitos restaurantes e bares africanos nos finais de semana. Também nas lojas e salões de cabeleireiros, ouve-se música por todo dia. Assim, Matonge traz um pedaço colorido da alegria de viver africana ao cotidiano de Bruxelas, no coração da Europa.