União Europeia e EUA anunciam sanções contra Moscovo
23 de fevereiro de 2022Depois da União Europeia UE) e do Reino Unido, também o Presidente norte-americano Joe Biden detalhou, ontem à noite, a lista de sanções que serão implementadas já esta quarta-feira contra indivíduos e entidades russas.
"Estamos a aplicar sanções completamente bloqueadoras a duas grandes instituições financeiras russas. Isso significa que a Rússia não pode obter capital do Ocidente. Iremos também impor sanções às elites russas e suas famílias", disse.
Biden adiantou ainda que os EUA estão a trabalhar com a Alemanha "para assegurar que o gasoduto Nord Stream 2 não irá avançar, como já tinha prometido".
Antes, o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, tinha anunciado a aprovação, por unanimidade entre os 27 Estados-membros, de um pacote de sanções à Rússia, visando "atingir e muito" as autoridades russas, após reconhecimento de territórios separatistas no leste ucraniano.
Como tem vindo a ser frisado por vários governantes, o Ocidente pretende continuar a responder a Moscovo de forma concertada. Prova disso foram as sanções impostas ao longo das últimas horas. A comunidade internacional também é unânime no próximo passo. Se a Rússia invadir a Ucrânia, as consequências serão bem mais nefastas.
Invasão da Ucrânia?
Mas o que é afinal considerado uma invasão da Ucrânia? Aqui, a interpretação parece variar. A Casa Branca, que até ontem tinha sido relutante em utilizar o termo "invasão", mudou de posição. Primeiro foi Joe Biden quem se referiu ao destacamento de tropas russas para o leste ucraniano como "o início da invasão" à Ucrânia.
Mais tarde, já na madrugada desta quarta-feira (23.02), as mesmas palavras foram usadas pelo secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, para justificar o cancelamento da sua reunião com o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, que estava agendada para quinta-feira (24.02) em Genebra. "Agora que vemos o início da invasão e a Rússia deixou claro a sua total rejeição à diplomacia, não faz sentido em prosseguir com essa reunião", disse.
A União Europeia e o Reino Unido não vão ainda tão longe. Em declarações na terça-feira (22.02), o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, definiu o movimento de Putin como uma "invasão renovada".
Já o alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, preferiu falar numa "invasão mais ou menos encoberta". Ainda assim, ambos clarificaram que é do seu entendimento que a Rússia se prepara para a chamada "invasão em grande escala".
Violação da soberania
Analistas ouvidos pela DW dizem também não ter dúvidas. Quando um país envia, sem autorização, as suas tropas para o território de outro país, independentemente de lhe chamar "tropas de manutenção da paz", estamos perante uma invasão, explicam.
O mesmo afirma o secretário-geral da ONU, António Guterres: "Quando as tropas de um país entram no território de outro país sem o seu consentimento, não podem ser consideradas forças de paz imparciais. Não são de modo algum forças de manutenção da paz."
O reconhecimento por Moscovo da independência de Donetsk e Lugansk é tido pelos países ocidentais como "uma violação da soberania da Ucrânia" que representa a anulação do acordo de cessar-fogo de Minsk, assinado em 2014.
O parlamento russo formalizou ontem o reconhecimento da independência das repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk , no leste da Ucrânia, e autorizou o envio de tropas russas para Donbass, menos de 24 horas depois de Putin decretar a sua mobilização para operações de "manutenção da paz".