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Desastres

Parlamento Europeu debate situação em Moçambique após Idai

2 de abril de 2019

A ajuda da União Europeia às vítimas do ciclone Idai em Moçambique vai continuar. Uma garantia deixada hoje no Parlamento Europeu. A principal preocupação é agora a cólera, que fez 2 mortos e afeta quase 1.500 pessoas.

Número de mortos provocados pelo ciclone Idai subiu para 598 em MoçambiqueFoto: Reuters/Red Cross Red Crescent Climate Centre/D. Onyodi

Moçambique enfrenta neste momento um surto de cólera, com quase 1.428 casos confirmados. A doença disseminou-se na região após a passagem do ciclone e esta terça-feira (02.04) causou uma segunda vítima mortal no centro do país. A primeira morte foi registada domingo (31.03) na Beira, a cidade mais devastada pelo ciclone, e o segundo óbito aconteceu no Dondo, também na província de Sofala.

Para manter o surto sob controlo, começa esta quarta-feira (03.04) uma campanha de vacinação. Ao terreno chegaram já 900 mil doses de vacinas contra a cólera. "Esperamos que a campanha de vacinação comece amanhã. A campanha irá decorrer principalmente em quatro áreas: na cidade da Beira, no distrito do Dondo, no distrito de Nhamatanda e no distrito de Buzi, onde toda a população será vacinada com uma dose única", anunciou o porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS), Christian Lindmeier.

Bicampeã de futebol de Moçambique ajuda vítimas do Idai

02:08

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Evitar a propagação da cólera é uma das prioridades no terreno. Uma preocupação também manifestada esta terça-feira, no Parlamento Europeu, em Bruxelas, por Dominique Albert, do Departamento de Ajuda Humanitária e Proteção Civil da União Europeia (UE).

"A cólera já chegou à Beira, onde foi declarado um surto. Mas pode não afetar só a Beira. Também há muitos casos de diarreia aguda e que possivelmente poderão ser casos de cólera. Além disso, a malária também é um problema", destacou.

Debate no Parlamento Europeu

A resposta da UE às necessidades humanitárias dos países afetados pelo ciclone Idai esteve esta terça-feira em debate no Parlamento Europeu.

Depois de ter sido acionado o Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia, a pedido de Moçambique, vários estados-membros, como Portugal, Alemanha e Espanha, enviaram meios para o país, incluindo equipamento, equipas de especialistas e apoios em dinheiro. No terreno continua também a Missão de Assistência da UE.

União Europeia garante que ajuda a Moçambique vai continuar

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Mas depois da assistência imediata, a reabilitação das zonas afetadas também deve ser uma prioridade, defendeu o deputado Enrique Guerrero, do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE).

"Não se trata de responder apenas à crise de água ou à cólera, desde logo as medidas mais urgentes", salientou Enrique Guerrero. "É preciso ter em conta que estamos perante uma crise tão grande que vai continuar durante bastantes anos. E, por isso, deve fazer parte da estratégia de preparação futura de cooperação da UE com África e especificamente com estes países."

Ajuda da UE é suficiente?

A ajuda de 3,5 milhões de euros anunciada pela Alta Comissária para a Política Externa da União Europeia, Federica Mogherini, tem sido questionada por vários deputados europeus, que perguntam se terá sido suficiente.

Dominique Albert, do Departamento de Ajuda Humanitária e Proteção Civil, assegura que a resposta europeia às necessidades humanitárias dos países afetados pelo ciclone Idai "ainda não terminou". A intervenção da Proteção Civil europeia vai continuar no terreno. "Do ponto de vista humanitário, os esforços também vão continuar, tendo em conta não só a cólera, mas também a necessidade de melhorar as condições de vida das populações", explicou.

A médio prazo, reconheceu ainda Dominique Albert, "também é preciso pensar na reabilitação e na recuperação, começando provavelmente por estratégias de resiliência e gestão de riscos e desastres naturais porque a região é propícia a desastres."

O número de mortos provocados pelo ciclone Idai subiu para 598 em Moçambique. O Idai também deixou 181 vítimas mortais no Zimbabué e 59 no Malawi. Mais de 800 mortos no total e millhares de desalojados nos tres países, segundo os dados oficiais mais recentes.