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Angola: UNITA promete contagem paralela nas eleições gerais

17 de junho de 2022

O maior partido da oposição em Angola, a UNITA, pretende monitorar em tempo real os resultados das eleições gerais de 24 de agosto. Oposição acredita que poderá vencer se o escrutínio for justo e transparente.

Foto: B. Ndomba/DW

A União Total para a Independência de Angola (UNITA) está a preparar um centro de escrutínio para fazer a contagem paralela dos votos das eleições gerais.

Segundo Alcino Kuvalela, dirigente do partido e porta-voz da campanha eleitoral da Frente Patriótica Unida - plataforma eleitoral que integra a UNITA, o Bloco Democrático e o projeto político PRA-JA Servir Angola - estão a ser criadas todas as condições técnicas e humanas para monitorar os resultados em tempo real.

Alcino Kuvalela: "Teremos capacidade de provar por A+B"Foto: B. Ndomba/DW

Os delegados das listas nas mesas das assembleias de voto serão indispensáveis, explica Kuvalela. "Os delegados têm direito a ter as atas sínteses das mesas das assembleias" e, com base nesses dados, o Centro de Escrutínio Paralelo poderá verificar "se há convergência" dos seus resultados com os da Comissão Nacional Eleitoral.

"Onde houver insegurança e incerteza nos resultados, teremos capacidade de provar por A+B através deste centro de escrutínio."

Receio de fraude

Esta não é primeira vez que a oposição angolana fala em contagem paralela dos votos.

A UNITA disse ter monitorado as últimas eleições, em 2017, mas os resultados não chegaram a ser divulgados, apesar de o partido ter considerado o escrutínio fraudulento.

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Este ano, a oposição já se queixou várias vezes da forma como o processo eleitoral está a decorrer. Questionou a credibilidade do registo eleitoral oficioso e pediu mais transparência na organização das eleições.

Sobre o dia da votação, em agosto, a UNITA entende que – mesmo detetando indícios de fraude – o processo poderá ser convertido, desde que haja condições de voto para todos os eleitores registados.

"Estamos a mobilizar o povo para todos irem votar, porque, no final, o que conta é o voto debitado na urna e a confirmação através dos delegados de listas dos partidos concorrentes, que vai certificar o resultado final das eleições", diz Alcino Kuvalela.

Iniciativa ilegal?

Ao que a DW África apurou, o Centro de Escrutínio Paralelo deverá funcionar no Complexo do Sovsmo, sede da UNITA em Luanda, e será apoiado por consultores israelitas com experiência em monitoria eleitoral.

Sobre estes dados, o porta-voz da Frente Patriótica Unida não se quis pronunciar. 

Para o coordenador da organização não-governamental Projeto Agir, Fernando Sakuayela, não há qualquer ilegalidade na iniciativa da UNITA. Mas "isto demonstra bem o clima de desconfiança em que decorrem as eleições".

Fernando Sakuayela: "Isto demonstra bem o clima de desconfiança em que decorrem as eleições"Foto: B. Ndomba/DW

O ativista espera que, desta vez, os resultados da contagem paralela sejam tornados públicos para comparar com os resultados oficiais e esclarecer eventuais irregularidades.

"Tivemos esta experiência em 2017. A UNITA não chegou a apresentar os resultados da sua contagem, eventualmente condicionada por algumas razões. Esperamos que estas razões não venham a estar presentes no atual momento", comenta Fernando Sakuayela.

Eleições justas e transparentes

O porta-voz da campanha eleitoral da Frente Patriótica Unida acredita que, com a contagem paralela, as eleições poderão ser verdadeiramente justas e transparentes.

Se isso acontecer, segundo Alcino Kuvalela, poderá haver uma reviravolta política em Angola daqui a menos de três meses.

"Hoje em dia, a Frente Patriótica Unida engaja não só os partidos subscritores e alguns membros da sociedade civil, mas também membros de alto destaque do MPLA [Movimento Popular de Libertação de Angola, no poder], que subscrevem a FPU. Isso dá-nos força e [confiança de que], no dia 24 de agosto, haverá uma surpresa neste país."

Os votos escrutinados pela oposição deverão ser divulgados depois de a Comissão Nacional Eleitoral publicar os resultados oficiais das eleições gerais.

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