UNITA exige investigação a ataques contra mulher de ativista
22 de novembro de 2022A UNITA, maior partido da oposição angolana, exigiu, esta terça-feira (22.11), ao Presidente angolano ação sobre os vários e recentes atos de agressão contra a mulher do jornalista da Rádio Despertar, Cláudio Emanuel Pinto, praticados, em Luanda, por homens desconhecidos.
Numa conferência de imprensa, o líder do grupo parlamentar da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Liberty Chiaka, questionou o silêncio das autoridades competentes para a investigação deste caso.
Em causa estão ataques, por três vezes, a Ludmila Pinto, mulher do ativista e jornalista da rádio afeta à UNITA, desde setembro passado, num intervalo de cerca de 30 dias.
Três ataques
Segundo Liberty Chiaka, o primeiro ataque teve como atores dois homens armados e mascarados, que invadiram a residência do casal, enquanto o jornalista se encontrava ausente de casa, no dia 20 de setembro, por volta do início da noite, quando "torturaram, agrediram e cortaram os braços da esposa e ameaçaram matar o filho de apenas um ano e três meses".
Já o segundo ataque ocorreu num ginásio próximo de casa, quando um homem se aproximou "e rapidamente fez um corte na perna esquerda da esposa com um objeto cortante, bisturi".
A mulher "levou cinco pontos e o segurança que a acompanhava não conseguiu evitar o ataque, isso foi no dia 18 de outubro", disse o deputado, relatando o terceiro ataque, ocorrido esta segunda-feira, quando Ludmila Pinto, acompanhada do segurança, foi ao supermercado e na saída, ao entrar para o táxi, "deu conta que a sua roupa estava ensanguentada, que tinha um corte profundo na coxa esquerda".
"Ligou para o esposo e foram imediatamente para a clínica Estoril do Patriota. A esposa levou 15 pontos, a Doutora Selma disse que o corte foi efetuado com um bisturi. Diante desses factos queremos saber a quem interessa o clima de terror, a quem interessa o clima de medo, a quem interessa intimidar e condicionar a família de um jornalista e ativista cívico", questionou.
Falta de ação das autoridades
O líder do grupo parlamentar da UNITA interrogou por que razão os órgãos competentes do Estado, nomeadamente o Serviço de Investigação Criminal (SIC), a Procuradoria-Geral da República (PGR), os Serviços de informação e Segurança do Estado (Sinse) não agem.
Liberty Chiaka acusou os órgãos competentes do Estado de inércia por terem sido "sequestrados por agentes do regime ou porque são coniventes ou autores".
"O grupo parlamentar da UNITA vem exigir do Presidente da República uma postura republicana, alinhada à defesa dos interesses das pessoas, das famílias, das empresas. Ninguém investe num país onde a corrupção coabita com o terrorismo de Estado", afirmou.
De acordo com o deputado, "o Estado é responsável por esta ação de terrorismo", caso contrário "os autores, tanto morais como os autores materiais estariam presos".
"O Estado tem condições tecnológicas e humanas para hoje mesmo deter os autores daquele ato. Primeiro, o Kero do Kilamba tem câmaras de vídeovigilância, segundo, o autor moral do ato, o mandante deste ato de terrorismo, enviou uma mensagem, a dizer ao jornalista, que ele estaria a ver a sua esposa a morrer aos poucos e dizia textualmente já tinha avisado o chefe, o seu 'boss' Adalberto [líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior]", frisou.
O deputado salientou que está a ser reeditado "o regime de terror dos últimos três anos".
"Os angolanos são testemunhas, nos últimos três anos, a imprensa pública foi usada para combater a UNITA, para combater o seu líder, os tribunais foram usados para condicionar a competição política, inviabilizaram a constituição de partidos políticos sérios, inviabilizaram o congresso da UNITA, tentaram inviabilizar a candidatura da UNITA por via dos tribunais, muitos membros da UNITA foram comprados e temos provas, por responsáveis dos Serviços da Segurança do Estado", descreveu.
Para a UNITA, esta é uma mensagem direta para o ativista e jornalista Cláudio Emanuel, conhecido por Cláudio In, apresentador de um programa de crítica social, denominado "In", há cerca de dez anos, que passa entre as 17:00 e 19:00, às segundas, quartas e sexta-feiras.