Restos mortais de Savimbi serão entregues esta sexta-feira
Lusa
30 de maio de 2019
O presidente da UNITA, Isaías Samakuva, disse, em Luanda, que os restos mortais de Jonas Savimbi serão entregues à família e ao partido na sexta-feira, no município do Andulo, província do Bié.
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Em declarações à Rádio Ecclesia, emissora católica de Angola, após ter sido recebido em audiência, em Luanda, pelo Presidente angolano, João Lourenço, Isaías Samakuva fez saber que os restos mortais de Jonas Savimbi serão entregues na manhã desta sexta-feira, 31 de maio, à família e a direção da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), no Andulo, onde foram anteriormente depositados pelo Governo.
"Portanto, contamos amanhã [sexta-feira] de manhã receber os restos mortais do Dr. Savimbi, cumprir com o programa que estava estabelecido no Andulo, e, também à tarde, como estava previsto, o corpo ser transportado para Lopitanga, onde acontecerá o velório principal", disse.
"Para no sábado, dia 01 de junho, as 10:00, acontecer a cerimónia de inumação", adiantou.
"Presidente mantém promessa"
O Presidente angolano, João Lourenço, recebeu esta quinta-feira (30.05) em audiência Isaías Samakuva na sequência de uma carta de urgência enviada, na quarta-feira, pela UNITA que pedia a resolução da questão do funeral de Jonas Savimbi, morto em combate em 2002.
Questionado sobre a alegada vandalização dos restos mortais de Jonas Savimbi, tal como apontou durante um comício, na quarta-feira, na província angolana do Huambo, Samakuva sublinhou que essa suspeição é legítima pelo facto de o Governo angolano ter retirado os restos mortais do cemitério do Luena, província do Moxico, sem as entidades previstas.
"Porque passámos o dia todo sem saber onde a urna se encontrava e parece-me que as palavras que utilizei ontem [quarta-feira] se justificam, mas agora devemos olhar para frente, porque sempre quisemos facultar um funeral condigno ao nosso líder fundador e isso vai ser feito, no dia 01 de junho, como estava previsto", adiantou.
E "o resto", realçou, "fica para as lições da história".
"O senhor Presidente disse que mantém a sua promessa. Foi o que ele [João Lourenço] prometeu desde o início e não vê razões para recuar, portanto cada um de nós há-de retirar as suas conclusões em relação àquilo que disse no Cuíto", acrescentou.
Polémica
O impasse começou na terça-feira com o processo de entrega dos restos mortais de Jonas Savimbi, morto em combate em 22 de fevereiro de 2002, na província do Moxico e onde foi igualmente sepultado.
De acordo com a UNITA, os restos mortais deveriam ter sido entregues no Cuíto, província do Bié, onde foi concentrada toda a delegação e participantes no ato, mas o Governo anunciou que foram deixados no município do Andulo, também no Bié, mas no norte, numa unidade militar local.
Na ocasião, Samakuva considerou que a troca do local de entrega do corpo de Savimbi constituía "uma humilhação" para a família e para a UNITA, enquanto Pedro Sebastião, ministro de Estado e da Casa de Segurança do Presidente da República e coordenador da comissão responsável por este processo, acusou o partido de estar a querer tirar "dividendos políticos" da situação, garantindo que todos sabiam onde o Governo iria entregar os restos mortais.
"Heróis de hoje": Os mais votados pelos leitores da DW África em 2015
Durante um mês, a DW África pediu aos seus leitores sugestões para "heróis de hoje". Chegaram numerosas respostas e muitas concentraram-se numa dúzia de pessoas. Saiba quem foram os "heróis de hoje" mais votados.
Foto: Maka Angola
12° lugar: William Tonet
O jornalista angolano foi a décima segunda pessoa mais votada pelos ouvintes da DW como "herói de hoje". Tonet é diretor e proprietário do semanário independente "Folha 8" e um dos jornalistas mais conhecidos de Angola. No ano passado, foi constituído arguido num processo que lhe foi movido pelos serviços secretos angolanos por difamação e injúria. Tratou-se da 98ª vez que Tonet foi processado.
Foto: DW/N. Sul d'Angola
11° lugar: Nelson Mandela
Embora tenha sido um concurso da DW África à procura de "heróis de hoje", Nelson Mandela reuniu um número grande de propostas. O ex-Presidente da África do Sul (de 1994 a 1999) e líder da luta contra o regime racista do "Apartheid" faleceu no dia 5 de dezembro de 2013. Mesmo assim, continua ser um símbolo mundial da luta por uma sociedade mais justa e sem discriminação racial.
10° lugar: Jonas Malheiro Savimbi
Mais um político já falecido fica no décimo lugar. Jonas Savimbi foi guerrilheiro e líder histórico da UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola) durante mais de 30 anos. Combateu o colonialismo português e depois da independência de Angola em 1975, o Governo do MPLA. Após a morte de Savimbi em combate em 2002, a UNITA assinou um acordo de paz e passou a ser um partido político.
Foto: Getty Images/Keystone
9° lugar: Samora Machel
O nono lugar dos "heróis de hoje" mais votados também pertence a um político já falecido. Samora Moisés Machel foi líder da FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique), de inspiração marxista. A seguir à independência de Moçambique, em 1975, tornou-se o primeiro Presidente do país. Em 1986, morreu num acidente de aviação, cujas causas continuam por esclarecer, nos Montes Libombos, África do Sul.
Foto: Getty Images/Keystone
8° lugar: Carlos Serra Júnior
O jurista é o ambientalista moçambicano mais conhecido. Ficou famoso pelas suas campanhas contra o desmatamento descontrolado das florestas do seu país. Denunciou práticas ilegais dos madeireiros e dos compradores dos troncos, que em muitos casos acabaram por ser exportados para a China. Ultimamente, Carlos Serra envolveu-se em campanhas contra sacos plásticos e a favor da limpeza das praias.
Foto: privat
7° lugar: Os 15 ativistas detidos em Angola
Muitos ouvintes da DW votaram nos 15 ativistas que estão detidos desde junho, sob a acusação de planearem um golpe de Estado. Vários também votaram em Nito Alves (na foto), o jovem que já foi preso em 2014 depois de ter mandado imprimir camisolas com dizeres considerados ofensivos sobre o Presidente angolano. O rapper Luaty Beirão ("Brigadeiro Mata Frakus") foi outro ativista preso muito votado.
Foto: DW/Nelson Sul D´Angola
6° lugar: Afonso Dhlakama
Assumiu a liderança da RENAMO após a morte do primeiro presidente do movimento, André Matsangaíssa, em 1979. Em 1992, assinou um acordo de paz com o Governo da FRELIMO pondo fim à guerra civil. Candidatou-se cinco vezes à Presidência e lidera a oposição moçambicana. Dhlakama goza de popularidade entre os ouvintes da DW, apesar dos confrontos armados dos últimos anos entre a RENAMO e o Governo.
Foto: António Cascais
5° lugar: David Mendes
O advogado é conhecido como um dos maiores defensores dos direitos humanos, das liberdades e do Estado de Direito em Angola. Nos últimos anos, David Mendes defendeu muitos prisioneiros políticos como Nito Alves. Como membro da organização não-governamental Associação Mãos Livres é uma das vozes mais relevantes da sociedade civil angolana.
Foto: DW/P.B. Ndomba
4° lugar: Brigadeiro Dez Pacotes
O músico angolano Brigadeiro Dez Pacotes recebeu muitos votos dos ouvintes da DW, que louvaram a sua coragem de enfrentar o Governo do MPLA. Em 2011 (na foto), num vídeo no portal Youtube, criticou a censura do seu disco "Ditadura da Pedra" , cuja venda foi proibida pelo Ministério da Cultura. É tido como uma das vozes mais conhecidas dos chamados "jovens revolucionários" angolanos.
Foto: Screenshot Youtube
3° lugar: Azagaia
O rapper moçambicano Azagaia (Edson da Luz) tornou-se famoso através da sua música "Povo no Poder", sobre os protestos contra o aumento dos preços dos táxis coletivos, os chamados "chapas", em 2008. Várias emissoras estatais deixaram de tocar a música. Nos anos seguintes, o cantor fez jus aos seu nome artístico quando lançou críticas ácidas ao Governo da FRELIMO e contra a violência policial.
Foto: DW/R.d.Silva
2° lugar: Alice Mabota
Em segundo lugar está a advogada moçambicana Alice Mabota, a única mulher dentro dos 12 "heróis de hoje" mais votados pelos ouvintes da DW África. Durante muitos anos, foi uma das vozes mais ativas da sociedade civil de Moçambique como presidente da organização não-governamental Liga dos Direitos Humanos (LDH). Como advogada, Alice Mabota também defendeu António Muchanga, o porta-voz da RENAMO.
Foto: DW/Leonel Matias
1° lugar: Rafael Marques
No pódio como "herói de hoje" dos ouvintes da DW África está o jornalista angolano Rafael Marques. Denuncia a corrupção em Angola através do seu portal Maka Angola e tem sido uma das vozes mais críticas em relação ao Governo de José Eduardo dos Santos (MPLA). Recentemente, foi condenado a seis meses de prisão suspensa, acusado de denúncia caluniosa por causa do seu livro "Diamantes de Sangue".