Além de promover intercâmbio cultural entre os dois países, o novo Centro de Língua Alemã traz grandes vantagens para o setor turístico do arquipélago.
Publicidade
Nesta terça-feira (28.11), a Universidade Pública de São Tomé e Príncipe inaugurou o Departamento de Língua Alemã. A cerimónia contou com a presença do embaixador da Alemanha no país, Burkhard Ducoffre, e com a diretora de Turismo, Miriam Daio.
Inaugurado Departamento de Língua Alemã em São Tomé
Este é o culminar de um projeto que começou em 2015 e já permitiu a três estudantes santomenses viajar à Alemanha, para um intercâmbio cultural. Persiley Neto, engenheiro informático, foi um dos contemplados.
"O estudo foi na Universidade de Münster, uma cidade alemã bastante tradicional, organizada e bonita. Eles não só recebem estudantes africanos, como também estudantes do mundo inteiro. Os professores têm toda uma dinâmica, uma pedagogia, para que os alunos de várias partes do mundo tenham o máximo de aproveitamento”, contou o engenheiro.
O ensino da língua alemã em São Tomé e Principe é hoje um projeto consolidado.
No mesmo dia da inauguração do Departamento de Língua Alemã, o primeiro grupo de alunos a frequentar o curso do idioma alemão com duração de um ano, recebeu seus primeiros certificados.
Investindo no futuro
Luis Afonso, guia turístico, disse que, após ter frequentado o curso de um ano na Universidade Pública de São Tomé e Príncipe, já possui um conhecimento básico de alemão. "A língua”, considerou, "é uma ferramenta fundamental para o meu trabalho”. O guia turístico revelou que quando os alemães vêm ao país, eles preferem visitar Bombaim, uma aldeia que fica localizada no distrito de Mé Zóchi, para fazer observação de pássaros.
Nos últimos anos, a Alemanha tem sido um mercado emissor de turistas para São Tomé e Príncipe. Segundo a directora de Turismo, Miriam Daio, para além de promover o intercâmbio cultural entre dois povos e países, o novo Centro de Língua Alemã na ilha tem grandes vantagens para o sector turístico.
"Estrategicamente, decidimos trabalhar com este mercado, que está em pleno crescimento no arquipélago, porque tem um grande potencial ao nível de mercado emissor de turistas. E São Tomé e Príncipe só faz boa aposta", declarou a directora.
Na Universidade Pública de São Tomé e Príncipe, o idioma alemão já faz parte do curso de Turismo e Hotelaria. A professora Diana Cruz, que idealizou o projeto, está radiante com os ganhos alcançados. A próxima meta da professora é estender o curso de alemão para os alunos do ensino primário.
"Agora, começamos o projeto piloto com as crianças do 3º e 4 º anoa da Escola Internacional. Durante este ano letivo, queremos observar quais frutos isso dará para o ensino dentro e fora da escola", informou a professora.
Património histórico - Roças de São Tomé e Príncipe
As roças de São Tomé e Príncipe foram a base económica das ilhas até à independência em 1975, altura em que se deu a sua nacionalização. Esta galeria apresenta o património histórico das roças do arquipélago.
Foto: DW/R. Graça
Nas montanhas: a Roça Agostinho Neto
A roça organiza-se através da artéria principal que é fortemente marcada pelo imponente hospital, implantado na extremidade mais elevada, bem como pelos terreiros e socalcos que acompanham o declive. Na era colonial era esta roça que possuia o sistema ferroviário do arquipélago, a partir do qual se estabelecia a ligação e o abastecimento entre as suas dependências e o porto na Roça Fernão Dias.
Foto: DW/R. Graça
Uma roça memorial e emblemática
A Roça Agostinho Neto recebeu este nome após a independência nacional em 1975, em memória do primeiro Presidente de Angola. É uma das mais emblemáticas e impressionantes estruturas agrícolas do país. Situa-se no distrito de Lobata, norte da ilha de São Tomé, a 10 quilómetros da capital. Foi fundada em 1865 pelo Dr. Gabriel de Bustamane e foi explorada a partir de 1877, pelo Marquês de Vale Flor.
Foto: DW/R. Graça
Aqui começou a cultura do cacau
Fundada nos finais do século XVIII, a Roça Água-Izé foi a primeira da Ilha de São Tomé que implementou a cultura de cacau. José Ferreira Gomes trouxe a planta do Brasil para a Ilha do Princípe, inicialmente como uma planta ornamental, mas a cultura do cacau prosperou no arquipélago e tornou as ilhas o maior produtor de cacau a nível mundial. Esta roça é composta por nove dependências.
Foto: DW/R. Graça
O hospital da Roça Água-Izé
Implantada numa zona litoral, a Roça Água-Izé é o exemplo mais representativo da necessidade de expansão. Essa urgência levou à construção de um segundo hospital, de novos blocos de senzalas e edíficios de apoio à produção, como armazéns, fábricas de sabão e cocheiras.
Foto: DW/R. Graça
A Roça Uba Budo
Localizada na parte leste da ilha de São Tomé, no distrito de Cantagalo, esta roça foi fundada em 1875. Pertenceu à Companhia Agrícola Ultramarina, administrada na altura pelo general português Humberto Gomes Amorim. A principal cultura na Roça Uba Budo era o cacau.
Foto: DW/R. Graça
Cenário de televisão
Nos anos 90, a Roça Uba Budo foi o cenário escolhido pela RTP Internacional, o canal internacional da televisão pública de Portugal, para rodar uma série televisiva. Retratava a história de amor entre uma escrava e o seu patrão.
Foto: DW/R. Graça
Uma das mais antigas: a Roça Monte Café
A Roça Monte Café localiza-se numa zona bastante acidentada, na região de Mé-Zóchi, no centro da Ilha de São Tomé. É uma das mais antigas roças do país, tendo sido fundada em 1858, por Manuel da Costa Pedreira. A 670 metros de altitude, em terrenos bastante propícios para a cultura de café arábica, assumiu o lugar de destaque como a maior produtora de café, entre as restantes roças são-tomenses.
Foto: DW/R. Graça
Uma pequena cidade: Roça Roca Amparo
O desenvolvimento e a modernização das estruturas das roças, originaram um contínuo crescimento de espaços e equipamentos, e a Roça Roca Amparo é um exemplo disso. Esta evolução permitiu que se criasse uma malha de ruas, jardins e praças, cada qual com a sua função e importância. O processo de crescimento correspondia ao de uma pequena cidade.
Foto: DW/R. Graça
Uma noite na roça
A Roça Bombaim localiza-se em Mé-Zóchi, um dos distritos mais populosos de São Tomé. Bombaim é uma das unidade hoteleiras de referência do arquipélago que promove o turismo rural. Encravada no meio de uma floresta densa, a sua estrutura arquitetónica faz dela um espaço único para quem procura paz. Para se aceder à roça passa-se pela Cascata S. Nicolau, um dos encantos são-tomenses.
Foto: DW/R. Graça
A Roça Vista Alegre
A casa principal da Roça Vista Alegre constitui um dos exemplos arquitetónicos de maior interesse. Desenvolve-se sobre uma planta retangular em dois pisos, parcialmente elevada e um terceiro, formando apreendas apoiadas em pilares contínuos de madeira. Conserva-se ainda em estado razoável, devido às intervenções na casa principal, sendo que os restantes edifícios requerem obras de restauro.
Foto: DW/R. Graça
As senzalas - antigas casas dos escravos
Representa a casa do africano, oriunda do quimbundo angolano e referenciada nas pequenas povoações autóctones, formadas por cubatas (pequenas casas de madeira com cobertura de colmo). Com a exportação de mão de obra africana para o Brasil ao longo do século XVI, a dominação "senzala" foi aplicada ao conjunto habitacional onde residiam os trabalhadores escravos nas estruturas agrárias.
Foto: DW/R. Graça
Na Roça Boa Entrada, a maioria é pobre
Hoje, a Roça Boa Entrada é habitada por pessoas de diversas proveniências. Umas vieram de outras roças do país e outras vieram de outros países de África, principalmente de Cabo Verde. A maioria da população de Boa Entrada é pobre. A roça tem uma forte densidade populacional e uma grande concentração de pessoas num espaço relativamente reduzido e organizado em torno da antiga casa senhorial.
Foto: DW/R. Graça
O abandono das roças
A Roça Porto Real, localizada na Ilha do Princípe, faz parte das 15 grandes unidades agro-industriais criadas depois da independência e sucessivamente abandonadas. Antigamente, a roça tinha uma produção agrícola variada. Há quem diga que produzia o melhor óleo da palma de toda a ilha.