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Trabalhadores guineenses enfrentam as "piores condições"

Iancuba Dansó (Bissau)
30 de abril de 2021

Na véspera do 1º de maio, o Dia Internacional dos Trabalhadores, sindicato anuncia uma nova greve. Secretário-geral da UNTG diz que "a situação laboral na Guiné-Bissau está a atravessar a pior fase".

Foto: DW/F. Tchuma Camara

A greve da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG) já dura cinco meses e vai continuar. Segundo o secretário-geral da organização, Júlio Mendonça, as condições de vida dos trabalhadores pioram de dia para dia.

"Para sermos realistas, a situação laboral na Guiné-Bissau está nas piores condições e a atravessar a pior fase", afirma Mendonça em declarações à DW.

"O mais caricato de tudo é que, durante este período da pandemia, em que todo o mundo ficou com dificuldades financeiras, a Guiné-Bissau é o único país que infelizmente agravou a carga fiscal para os trabalhadores. Isso repercute negativamente no salário das pessoas e consequentemente na capacidade de compra."

Greve da Função Pública sem fim à vista

A greve está a ter maior impacto nos hospitais públicos e nas escolas, que se encontram paralisadas. Analistas referem que o ano letivo corre "sérios riscos" de ser anulado. No setor da saúde, observam-se os serviços mínimos, que ainda assim não chegam para o "atendimento perfeito".

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Para a próxima segunda-feira (03.05) está marcado o início de mais uma greve, até 31 de maio. A paralisação foi convocada pela UNTG, que exige, entre vários pontos, a revogação dos despachos que nomearam novos funcionários na administração pública sem concurso, a aprovação dos diplomas que regulam o exercício das atividades dos médicos e enfermeiros e ainda a devolução do dinheiro da carga horária retirada aos professores.   

"Para fazer parte da classe docente, a pessoa tem que ter muita coragem devido ao mau tratamento dos governantes", observa Sene Djassi, presidente da Frente Nacional dos Professores e Educadores (FRENAPROFE). "Tudo o que a lei reserva aos professores na Guiné-Bissau só é conseguido através da greve. É uma situação lamentável."

Paralelamente à greve da UNTG, os trabalhadores de alguns departamentos estatais, com autonomia administrativa, denunciam a existência de alegada corrupção e falta de pagamento dos salários nas instituições.

"Paz social está a ser minada"

No entanto, de visita à sede da Confederação Geral dos Sindicatos Independentes (CGSI), que não adere à paralisação, o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, pede ponderação nas reivindicações.

Chefe de Estado guineense, Umaro Sissoco EmbalóFoto: presidency GB

"O país vive uma situação ímpar, a Guiné-Bissau não tem recursos e o nosso rendimento são as receitas das alfândegas e da DGCI – Direção Geral das Contribuições e Impostos. Mesmo no setor das pescas há vários barcos que já não vêm pedir licenças [por causa da pandemia de Covid-19]. As nossas receitas caíram, é uma questão mundial, por isso é preciso compreensão", apelou Sissoco Embaló.

O secretário-geral da UNTG rejeita, contudo, que os trabalhadores continuem a ser "sufocados". Segundo Júlio Mendonça, "há centenas de pessoas que não estão a receber os salários desde o mês de junho [do ano passado] e o Presidente tem conhecimento disso".

"Porque é que [Umaro Sissoco Embaló] não pressionou o Executivo para desbloquear o salário das pessoas?"

Perante esta realidade e com mais uma greve à vista, a diretora da organização não-governamental "Voz di Paz", Udé Fati, aponta a saída para a onda de greves: "Pensar na paz social é pensar também na possibilidade da negociação coletiva, no diálogo social e concertação social", sublinha.

"A situação da greve mostra-nos que a paz social está a ser minada" na Guiné-Bissau, diz Udé Fati. "É necessário que haja um entendimento entre o Governo e os sindicatos para criar um espaço de diálogo sincero."

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