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Urgem medidas contra a desnutrição em Nampula

Sitoi Lutxeque (Nampula)
21 de fevereiro de 2019

A desnutrição crónica em Nampula, no norte de Moçambique, atingiu um índice alarmante de 55% da população. Isto apesar da província ser rica em alimentos nutritivos e uma das maiores produtoras do país.

Foto: DW/S. Lutxeque

Em Moçambique estima-se que 43% das crianças até aos cinco anos enfrente desnutrição crónica. O Governo em Maputo criou uma plataforma multissetorial para travar a deterioração da situação em Moçambique e diz que vai continuar a firmar parcerias com ONG para o efeito.

A província de Nampula tem um dos índices de má nutrição mais elevados do país. O problema afeta sobretudo crianças menores de cinco anos, de acordo com um estudo da Fundação para Desenvolvimento da Comunidade (FDC), realizado no ano passado e agora apresentado em Nampula. As organizações da sociedade civil local lamentam a situação e propõem algumas soluções.

Mudar os hábitos alimentares

Segundo Joaquim Oliveira, diretor de advocacia da FDC, uma das principais razões para o problema é o comportamento em relação à alimentação, tanto em Nampula como um pouco por todo o país. "Outro fator detetado pelo estudo, e que nos parece muito importante, é que os alimentos que são produzidos não servem para reforçar a nutrição. As pessoas acham que os alimentos servem para ter força para trabalhar e para conseguir rendimento", diz.

Urgem medidas contra a desnutrição em Nampula

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Por isso, explica Oliveira, grande parte dos alimentos de qualidade é vendida. Os produtores consomem apenas aqueles que acreditam dar energia para trabalhar.

O estudo da FDC aponta também os problemas de saneamento e a gravidez precoce como fatores que contribuem para a má nutrição. Para Joaquim Oliveira, não será possível encontrar uma solução enquanto não for coordenado o trabalho das organizações governamentais e privadas. Por isso, propõe uma unificação dos esforços.

"O estudo revelou que existem muitas intervenções aqui na província de Nampula, mas todas as que temos aqui atuam de forma isolada; elas não trazem o impacto desejado. Podemos ter um caso em que um ator trabalha na educação nutricional, mas já não é o ator que trata dum assunto relacionado com água e saneamento'', disse o especialista à DW África.

Coordenar o combate à subnutrição

Para contornar a situação, o Governo criou, no ano passado, o Conselho Nacional de Segurança e Nutricional. Fátima Varende, chefe do Departamento dos Recursos Humanos do Secretariado Técnico de Segurança e Nutricional, adiantou que participam no grémio para a redução da desnutrição crónica, liderado pelo primeiro-ministro Carlos Agostinho do Rosário, vários ministros de áreas chaves.

Organizações da sociedade civil estão preocupadas com a situação de desnutriçãoFoto: DW/S. Lutxeque

"A criação deste conselho e a expansão em todo o território nacional, vai fazer com que o comprometimento seja maior por parte das lideranças em relação à segurança alimentar e nutricional. Isto vai fazer com que todos nós despertemos e lutemos para o mesmo objectivo, que é a redução da desnutrição crónica", disse a responsável.

Além da FDC, organização moçambicana liderada por Graça Machel, viúva do primeiro Presidente moçambicano, Samora Machel, as autoridades governamentais colaboram nesta empreitada com a Bi Win, uma ONG internacional.