Vários mortos em tentativa de detenção de opositor do Chade
AFP | Reuters | mjp
28 de fevereiro de 2021
Governo diz que duas pessoas morreram numa troca de tiros na residência de Yaya Dillo, potencial candidato à sucessão de Idriss Déby. Opositor afirma que cinco familiares foram mortos pelas forças de segurança.
Publicidade
Duas pessoas foram mortas e cinco ficaram feridas, este domingo (28.02), depois de as forças de segurança tentarem deter uma figura da oposição chadiana que quer candidatar-se à Presidência em abril, anunciou o Governo.
Três dos feridos são elementos das forças de segurança que foram alvo de tiros a partir da residência de Yaya Dillo Djerou, segundo o porta-voz do Governo, Cherif, Mahamat Zene. "Não tiveram outra hipótese se não devolver os disparos em auto-defesa", afirmou.
O comunicado adianta que as forças de segurança se dirigiram à casa do opositor para o deter, depois de Dillo ter recusado responder a dois mandados judiciais, e foram recebidos com resistência armada. O documento não esclarece a que se referem os mandados e os detalhes da troca de tiros ainda não foram confirmados por fontes independentes.
Na madrugada de sábado (27.02), Yaya Dillo, antigo líder rebelde nomeado ministro depois de unir forças com o Presidente Idriss Déby, anunciou no Facebook que militares e agentes da polícia tinham cercado a sua residência, em N'Djamena. "Acabaram de matar a minha mãe e vários familiares", acrescentou, minutos depois. "Um veículo blindado arrombou a minha porta. A luta pela justiça tem de continuar para salvar o nosso país. Meus caros compatriotas, ergam-se!", escreveu na última mensagem.
Chade vive momento de tensão
Ouvido pela agência de notícias Reuters, Dillo reafirmou que foi atacado por membros da guarda presidencial na sua residência e que cinco membros da sua família tinham morrido, incluindo a sua mãe. Ainda não foi possível confirmar se o opositor foi ou não detido.
Publicidade
Num comunicado ao final do dia, o porta-voz do Executivo, Mahamat Zene, condenou o que descreveu como uma "rebelião armada no coração da capital". O Governo acredita que estava a ser planeada há muito tempo, acrescentou.
A Internet está em baixo na capital desde a manhã de domingo, segundo testemunhas ouvidas pela Reuters. Dillo, uma das 16 pessoas que já anunciaram a intenção de concorrer à Presidência do Chade, em abril, afirma que a sua residência está cercada por forças do Governo desde o incidente.
O país vive momentos de tensão, nas vésperas das eleições. No início do mês, as autoridades proibiram as marchas e protestos em N'Djamena e nas províncias. A 18 de fevereiro, um tribunal do Chade condenou um ativista dos direitos humanos a três anos de prisão, por escrever que Idriss Déby estava gravemente doente e a receber tratamento em França. Déby, que lidera o Chade há mais de 30 anos, candidata-se a um sexto mandato.
Os chefes de Estado há mais tempo no poder
São presidentes, príncipes, reis ou sultões, de África, da Ásia ou da Europa. Estes são os dez chefes de Estado há mais tempo no poder.
Foto: Jack Taylor/Getty Images
Do golpe de Estado até hoje - Teodoro Obiang Nguema
Teodoro Obiang Nguema Mbasogo assumiu a Presidência da Guiné Equatorial em 1979, ainda antes de José Eduardo dos Santos. Teodoro Obiang Nguema derrubou o seu tio do poder: Francisco Macías Nguema foi executado em setembro de 1979. A Guiné Equatorial é um dos países mais ricos de África devido às receitas do petróleo e do gás, mas a maioria dos cidadãos não beneficia dessa riqueza.
Foto: DW/R. Graça
O Presidente que adora luxo - Paul Biya
Paul Biya é chefe de Estado dos Camarões desde novembro de 1982. Muitos dos camaroneses que falam inglês sentem-se excluídos pelo francófono Biya. E o Presidente também tem sido alvo de críticas pelas despesas que faz. Durante as férias, terá pago alegadamente 25 mil euros por dia pelo aluguer de uma vivenda. Na foto, está acompanhado da mulher Chantal Biya.
Foto: Reuters
Mudou a Constituição para viabilizar a reeleição - Yoweri Museveni
Yoweri Museveni já foi confirmado seis vezes como Presidente do Uganda. Para poder concorrer às eleições de 2021, Museveni mudou a Constituição e retirou o limite de idade de 75 anos. Venceu o pleito com 58,6% dos votos, reafirmando-se como um dos líderes autoritários mais antigos do mundo. O candidato da oposição, Bobi Wine, alegou fraude generalizada na votação e rejeitou os resultados oficiais.
Foto: Getty Images/AFP/I. Kasamani
"O Leão de Eswatini" - Mswati III
Mswati III é o último governante absolutista de África. Desde 1986, dirige o reino de Eswatini, a antiga Suazilândia. Acredita-se que tem 210 irmãos; o seu pai Sobhuza II teve 70 mulheres. A tradição da poligamia continua no seu reinado: até 2020, Mswati III teve 15 esposas. O seu estilo de vida luxuoso causou protestos no país, mas a polícia costuma reprimir as manifestações no reino.
Foto: Getty Images/AFP/J. Jackson
O sultão acima de tudo - Haji Hassanal Bolkiah
Há quase cinco décadas que o sultão Haji Hassanal Bolkiah é chefe de Estado e Governo e ministro dos Negócios Estrangeiros, do Comércio, das Finanças e da Defesa do Brunei. Há mais de 600 anos que a política do país é dirigida por sultões. Hassanal Bolkiah, de 74 anos, é um dos últimos manarcas absolutos no mundo.
Foto: Imago/Xinhua/J. Wong
Monarca bilionário - Hans-Adam II
Desde 1989, Hans-Adam II (esq.) é chefe de Estado do Liechtenstein, um pequeno principado situado entre a Áustria e a Suiça. Em 2004, nomeou o filho Aloísio (dir.) como seu representante, embora continue a chefiar o país. Hans-Adam II é dono do grupo bancário LGT. Com uma fortuna pessoal estimada em mais de 3 mil milhões de euros é considerado o soberano europeu mais rico.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Nieboer
De pastor a parceiro do Ocidente - Idriss Déby
Idriss Déby (à esq.) foi Presidente do Chade de 1990 a 2021. Filho de pastores, Déby formou-se em França como piloto de combate. Apesar do seu autoritarismo, Déby foi um parceiro do Ocidente na luta contra o extremismo islâmico (na foto com o Presidente francês Macron). Em abril de 2021, um apenas dia após após a confirmação da sua sexta vitória eleitoral, Déby foi morto num combate com rebeldes.
Foto: Eliot Blondet/abaca/picture alliance
Procurado por genocídio - Omar al-Bashir
Omar al-Bashir foi Presidente do Sudão entre 1993 e 2019. Chegou ao poder em 1989 depois de um golpe de Estado sangrento. O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu em 2009 um mandado de captura contra al-Bashir por alegada implicação em crimes de genocídio e de guerra no Darfur. Em 2019, foi deposto e preso após uma onda de protestos no país.
Foto: Getty Images/AFP/A. Shazly
O adeus - José Eduardo dos Santos
José Eduardo dos Santos foi, durante 38 anos (de 1979 a 2017), chefe de Estado de Angola. Mas não se recandidatou nas eleições de 2017. Apesar do boom económico durante o seu mandato, grande parte da população continua a viver na pobreza. José Eduardo dos Santos tem sido frequentemente acusado de corrupção e de desvio das receitas da venda do petróleo. A sua família é uma das mais ricas de África.
Foto: picture-alliance/dpa/P.Novais
Fã de si próprio - Robert Mugabe
Robert Mugabe chegou a ser o mais velho chefe de Estado do mundo (com uma idade de 93 anos). O Presidente do Zimbabué esteve quase 30 anos na Presidência. Antes foi o primeiro-ministro. Naquela época, aconteceram vários massacres que vitimaram milhares de pessoas. Também foi criticado por alegada corrupção. Após um levantamento militar, renunciou à Presidência em 2017. Morreu dois anos mais tarde.