Organização Mundial da Saúde anunciou esta segunda-feira o início da campanha de vacinação contra o ébola na República Democrática do Congo. Vírus já fez 27 vítimas mortais e há quase 50 casos registados.
Publicidade
A campanha de vacinação começou um dia depois de o Ministério da Saúde ter confirmado que uma enfermeira era a mais recente vítima mortal do vírus em Bikoro, uma cidade a noroeste, região onde o surto de ébola foi anunciado no início de maio.
A maioria dos casos concentram-se em Mbandaka, a 700 quilómetros de Kinshasa. A cidade possui mais de um milhão de habitantes, facto que preocupa ainda mais as autoridades. O local foi escolhido para receber as primeiras doses da vacina, ainda em fase experimental.
"Foi mais fácil mobilizar os cidadãos em Mbandaka para a primeira etapa de vacinação, mas é importante dizer que as vacinas já estão a ser enviadas para Bikoro, onde o processo também começará esta semana", disse o ministro da Saúde da RDC, Oly Illunga.
De acordo com o governante, inicialmente, a campanha de vacinação terá como alvo 600 pessoas, principalmente médicos, enfermeiros, pessoas que tiveram contacto com casos suspeitos e todos aqueles que de alguma forma estiveram expostos ao risco de contaminação.
Vacina contra o ébola
Mais de quatro mil doses já estão no país e outras estão a caminho, disseram as autoridades. Os primeiros profissionais de saúde vacinados celebram o início da campanha de combate ao surto da doença.
"Estamos muito contentes por ter recebido a vacina, porque o ébola é uma doença muito difícil de tratar e o vírus pode ser fatal. Por isso, nós, nesta região, temos a sorte de ser vacinados", conta a médica Anni Loyoko.
Vacinação contra o ébola já arrancou na RDC
O secretário-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, disse ter adotado as recomendações do Regulamento Sanitário Internacional (RSI) para não declarar uma emergência internacional de saúde pública, numa altura em que aumenta o receio de que a doença possa espalhar-se além de Mbandaka.
OMS "mais preparada"
"Temos casos de ébola num centro urbano na RDC, mas estamos muito mais preparados para lidar com esse surto do que em 2014", declarou o secretário-geral da OMS em Genebra, na Suíça,
A OMS foi acusada de não responder de forma eficaz ao surto na África Ocidental - o maior surto de ébola de sempre, que resultou em mais de 11 mil mortes entre 2014 e 2016 na Serra Leoa, Libéria e Guiné-Conacri.
Não há tratamento específico contra o vírus. A vacina que está a ser usada na campanha na RDC ainda está em fase de testes, mas foi eficaz no surto da África Ocidental há alguns anos. Cerca de 30 agentes de saúde da Guiné-Conacri que estiveram diretamente envolvidos no estudo da vacina em 2015 viajaram para a RDC para ajudar nas imunizações.
Os sintomas do ébola incluem febre, vómitos, diarreia, dor muscular e, por vezes, hemorragias internas e externas. O vírus pode ser fatal em até 90% dos casos.
Ébola: luta contra o vírus mortal
Apesar das medidas preventivas, algumas pessoas já se contaminaram com o vírus na Europa e Estados Unidos. Cuidadores utilizam trajes para prevenir a propagação, mas na África a proteção ainda deixa a desejar.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Woitas
Traje de proteção
Na luta contra o ebola, roupas de proteção adequadas para médicos e enfermeiros são essenciais. Toda a pele deve ser coberta com material impenetrável pelo vírus. Mas trajes apenas não bastam, também é necessário seguir corretamente as prescrições de segurança.
Trabalho em conjunto
Os profissionais de saúde devem treinar a colocação correta dos trajes protetores. Como aqui, na unidade especial de isolamento de Düsseldorf. Novos trajes são utilizados a cada vez, para que não haja risco de contaminação no processo. Dessa forma, cuidadores sem proteção também podem ajudar os colegas a se vestir.
Foto: picture-alliance/dpa/Federico Gambarini
Isolamento total
Os quartos dos pacientes na unidade de isolamento em Düsseldorf são completamente protegidos do mundo exterior. O ar é filtrado e as águas residuais são tratadas separadamente. As vestes de proteção, que os cuidadores trajam permanentemente, são pressurizadas. Essas medidas de segurança vão além do necessário: o ebola pode ser transmitido por objetos contaminados, mas não pelo ar.
Após o tratamento dos pacientes, todo o traje é aspergido por fora com desinfetante, a fim de eliminar potenciais contaminações viróticas. Somente após essa ducha as vestimentas podem ser removidas, cuidadosamente.
Foto: picture-alliance/dpa/Sebastian Kahnert
Ajuda externa
Durante a remoção dos trajes protetores, os profissionais de saúde devem ser extremamente cautelosos. Luvas de proteção permanentemente instaladas nas aberturas da câmara permitem ajuda externa sem contato direto com o traje. Após o uso, estes são imediatamente descartados e incinerados.
Foto: picture-alliance/dpa/Federico Gambarini
Enfermeiras contaminadas
Apesar dos altos padrões de segurança, , na Espanha e Estados Unidos três enfermeiras contraíram a doença. As circunstâncias da contaminação ainda não foram esclarecidas. As residências das profissionais (na foto, Texas) foram isoladas e desinfetadas após a descoberta do contágio.
Foto: Reuters/City of Dallas
Proteção em África
Agora, médicos e enfermeiros na África Ocidental também foram equipados com trajes protetores. No entanto, estes nem sempre obedecem as normas para uma proteção efetiva. Por vezes, pequenas áreas da pele ficam descobertas ou o material usado é permeável. Além disso, colocar e retirar o traje pode ser arriscado.
Foto: picture alliance/AP Photo
Isolando os mortos
Os funerais das vítimas do ebola também requerem cuidados extremos. Na África Ocidental, a tradição de os familiares de lavarem os corpos dos mortos resultou em numerosas novas infecções. Para família e amigos, costuma ser difícil compreender e acatar as rigorosas medidas de isolamento.
Foto: Reuters/James Giahyue
Isolamento em barracas
Numa região onde os cuidados médicos são extremamente precários, uma epidemia das atuais proporções representa um enorme desafio. Os infectados são tratados em barracas improvisadas, como se vê na foto feita na Libéria. No entanto, até mesmo um país como a Alemanha ficaria sobrecarregado nessas circunstâncias. No momento, há apenas 50 leitos nas unidades de isolamento alemãs.
Foto: Zoom Dosso/AFP/Getty Images
Incineração em vez de sol
Em algumas regiões afetadas na África Ocidental, os trajes contaminados são pendurados para secar ao sol, numa tentativa de desinfetá-los para reutilização. No entanto, é muito mais seguro as roupas serem imediatamente incineradas após o uso, como ocorre na Guiné. Escassez e altos custos dos trajes dificultam essa medida: as roupas de proteção custam entre 30 e 200 euros.
Foto: Cellou Binania/AFP/Getty Images
Controles nos aeroportos
As viagens aéreas são a maior ameaça na transmissão de longa distância do vírus. Por esse motivo, a temperatura dos passageiros está sendo monitorada em alguns aeroportos. Entretanto, o método não oferece garantia absoluta, já que o período de incubação do ebola é de 21 dias.