Pelo menos, 18 pessoas morreram devido ao novo surto de ébola no oeste da República Democrática do Congo. Governo congolês deu luz verde à importação de 4.000 doses de uma vacina experimental, que já vão a caminho.
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Pelo menos, 18 mortos e 39 casos contabilizados - este é o mais recente balanço do novo surto de ébola na República Democrática do Congo (RDC). O surto na província do Equador fez soar os alarmes internacionais pela primeira vez desde a epidemia que fez mais de 11.300 mortos na Serra Leoa, Libéria e Guiné-Conacri entre 2014 e 2016.
No país, a gravidade da situação já levou o ministro congolês da Saúde, Oly Ilunga, a levantar todas as restrições no acesso aos hospitais: "O atendimento está a ser gratuito para todos. Por isso, insisti junto do pessoal médico de outras áreas: disse à frente de todos que o atendimento é gratuito e quando as pessoas têm sintomas não devem ficar em casa. Devem procurar um hospital para serem examinadas."
O vírus ébola espalha-se através do contacto com fluidos corporais, como sangue, esperma e suor de pessoas e animais infetados. Não há um tratamento específico para este vírus, cuja mortalidade pode atingir os 90%.
Nono surto na RDC
Foi precisamente na República Democrática do Congo onde o vírus foi descoberto em 1976. Este país vai já no nono surto da doença; o último fez 4 mortos no ano passado.
Vacina experimental para travar ébola na RD Congo
A Organização Mundial de Saúde (OMS), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a Federação Internacional da Cruz Vermelha e a organização Médicos Sem Fronteiras já mobilizaram pessoal e recursos para conter o vírus, especialmente porque o epicentro dos casos é Bikoro, uma área de passagem para a vizinha República do Congo e rota comercial.
O Programa Alimentar Mundial da ONU facilitou entretanto uma ponte aérea que consiste em voos diários para transportar pessoal, alimentos e bens para a região, uma vez que a área afetada não é acessível por estrada.
Vacina aprovada
A OMS garantiu na segunda-feira (14.05) que vai fornecer 4.000 doses de uma vacina experimental da farmacêutica Merck para travar o surto.
"Já temos acordo, registo e licença de importação. Tudo foi formalmente acordado e a vacina é segura, eficaz e já foi testada. Tudo está a ser preparado para a usar", explicou Tedros Adhanom, o diretor-geral da OMS que esteve no terreno no fim-de-semana.
O Executivo congolês já aprovou a utilização desta vacina experimental, que tem elevados efeitos secundários e que por isso carece de autorização por parte dos governos. Foi desenvolvida durante o surto de ébola de 2014 e é a mais eficaz segundo a ciência. Será administrada a pessoas que estejam na iminência de ficar infetadas.
A logística é, porém, um problema: a vacina tem de ser mantida entre os 60 e os 80 graus negativos para não perder a sua eficácia.
Ébola: luta contra o vírus mortal
Apesar das medidas preventivas, algumas pessoas já se contaminaram com o vírus na Europa e Estados Unidos. Cuidadores utilizam trajes para prevenir a propagação, mas na África a proteção ainda deixa a desejar.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Woitas
Traje de proteção
Na luta contra o ebola, roupas de proteção adequadas para médicos e enfermeiros são essenciais. Toda a pele deve ser coberta com material impenetrável pelo vírus. Mas trajes apenas não bastam, também é necessário seguir corretamente as prescrições de segurança.
Trabalho em conjunto
Os profissionais de saúde devem treinar a colocação correta dos trajes protetores. Como aqui, na unidade especial de isolamento de Düsseldorf. Novos trajes são utilizados a cada vez, para que não haja risco de contaminação no processo. Dessa forma, cuidadores sem proteção também podem ajudar os colegas a se vestir.
Foto: picture-alliance/dpa/Federico Gambarini
Isolamento total
Os quartos dos pacientes na unidade de isolamento em Düsseldorf são completamente protegidos do mundo exterior. O ar é filtrado e as águas residuais são tratadas separadamente. As vestes de proteção, que os cuidadores trajam permanentemente, são pressurizadas. Essas medidas de segurança vão além do necessário: o ebola pode ser transmitido por objetos contaminados, mas não pelo ar.
Após o tratamento dos pacientes, todo o traje é aspergido por fora com desinfetante, a fim de eliminar potenciais contaminações viróticas. Somente após essa ducha as vestimentas podem ser removidas, cuidadosamente.
Foto: picture-alliance/dpa/Sebastian Kahnert
Ajuda externa
Durante a remoção dos trajes protetores, os profissionais de saúde devem ser extremamente cautelosos. Luvas de proteção permanentemente instaladas nas aberturas da câmara permitem ajuda externa sem contato direto com o traje. Após o uso, estes são imediatamente descartados e incinerados.
Foto: picture-alliance/dpa/Federico Gambarini
Enfermeiras contaminadas
Apesar dos altos padrões de segurança, , na Espanha e Estados Unidos três enfermeiras contraíram a doença. As circunstâncias da contaminação ainda não foram esclarecidas. As residências das profissionais (na foto, Texas) foram isoladas e desinfetadas após a descoberta do contágio.
Foto: Reuters/City of Dallas
Proteção em África
Agora, médicos e enfermeiros na África Ocidental também foram equipados com trajes protetores. No entanto, estes nem sempre obedecem as normas para uma proteção efetiva. Por vezes, pequenas áreas da pele ficam descobertas ou o material usado é permeável. Além disso, colocar e retirar o traje pode ser arriscado.
Foto: picture alliance/AP Photo
Isolando os mortos
Os funerais das vítimas do ebola também requerem cuidados extremos. Na África Ocidental, a tradição de os familiares de lavarem os corpos dos mortos resultou em numerosas novas infecções. Para família e amigos, costuma ser difícil compreender e acatar as rigorosas medidas de isolamento.
Foto: Reuters/James Giahyue
Isolamento em barracas
Numa região onde os cuidados médicos são extremamente precários, uma epidemia das atuais proporções representa um enorme desafio. Os infectados são tratados em barracas improvisadas, como se vê na foto feita na Libéria. No entanto, até mesmo um país como a Alemanha ficaria sobrecarregado nessas circunstâncias. No momento, há apenas 50 leitos nas unidades de isolamento alemãs.
Foto: Zoom Dosso/AFP/Getty Images
Incineração em vez de sol
Em algumas regiões afetadas na África Ocidental, os trajes contaminados são pendurados para secar ao sol, numa tentativa de desinfetá-los para reutilização. No entanto, é muito mais seguro as roupas serem imediatamente incineradas após o uso, como ocorre na Guiné. Escassez e altos custos dos trajes dificultam essa medida: as roupas de proteção custam entre 30 e 200 euros.
Foto: Cellou Binania/AFP/Getty Images
Controles nos aeroportos
As viagens aéreas são a maior ameaça na transmissão de longa distância do vírus. Por esse motivo, a temperatura dos passageiros está sendo monitorada em alguns aeroportos. Entretanto, o método não oferece garantia absoluta, já que o período de incubação do ebola é de 21 dias.