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Vale Moçambique registou prejuízo de 44 milhões de dólares no primeiro trimestre

Leonel Matias (Maputo)23 de maio de 2014

Apesar dos resultados, a mineira confia que o cenário pode ser invertido. Para isso é preciso aumentar a competitividade na cadeia de extração e exportação do carvão, diz a empresa.

Foto: Marta Barroso

Em Moçambique, a Vale diz ter produzido um milhão de toneladas de carvão nos primeiros três meses de 2014, mas os prejuízos rondaram os 44 milhões de dólares. Segundo o presidente do conselho de administração da Vale Moçambique, Pedro Gutemberg, as receitas da venda de carvão e as despesas logísticas não chegam para pagar os investimentos da empresa e os custos operacionais da mina de Moatize, na província de Tete.

Até 2011, altura da entrada em funcionamento da mina, a Vale investiu cerca de dois mil milhões de dólares.

Pedro Gutemberg diz que uma desvantagem do projeto em Moçambique é o facto de a mina estar muito distante dos locais de aquisição dos insumos e do porto para a exportação da produção, contrariamente ao que acontece na Austrália, onde a Vale tem o principal negócio de carvão. O responsável acrescentou, por outro lado, que a Austrália tem a vantagem de estar mais próxima dos consumidores.

"O facto de ter uma reserva de carvão em Tete, que fica muito longe do mar e de quem compra o carvão na China, jamais fará com que essa reserva tenha 'economicidade' por si só", disse Gutemberg.

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Para compensar essa desvantagem, o responsável defende que é necessário garantir maior eficiência na cadeia de produção e exportação.

Redução temporária de impostos?

A Vale está a investir neste momento na construção de uma linha férrea para a exportação do carvão através do porto de Nacala. O investimento contribuirá para a redução dos custos atuais, apesar de eles permanecerem elevados, afirma Gutemberg.

Para minimizar os prejuízos em situações similares, o gestor afirmou que alguns governos têm tomado a iniciativa de "oferecer uma redução de imposto temporária, que permita que as empresas sobrevivam durante algum tempo. E, logicamente, no momento em que a situação do negócio melhorar bastante, recupera aqueles impostos que deixou de arrecadar."

Segundo Pedro Gutemberg, a Vale pagou a Moçambique 18 milhões de dólares em impostos diretos, no primeiro trimestre.

A sociedade moçambicana tem defendido que a contribuição da indústria extrativa no Produto Interno Bruto do país tem sido largamente prejudicada, devido à concessão de isenções e reduções nos impostos pagos pelas companhias estrangeiras.

Vale diz que custos aumentam pelo facto da zona de extração de carvão, em Moatize, estar afastada dos locais de exportação da produçãoFoto: DW

Competitividade

Para garantir maior competitividade, a Vale acaba de lançar um debate com os vários intervenientes na cadeia de exploração e exportação do carvão e mostra-se confiante nos resultados da iniciativa.

"Vai dar certo, porque já fizemos isso noutros lugares", disse Pedro Gutemberg. "O nível de contribuição ou de colaboração de cada um dos participantes é sempre variável, porque todos têm os seus interesses. O Governo tem os seus interesses, defende os interesses da sociedade. Também os fornecedores e as empresas de logística têm interesse nessa cadeia. O que precisamos é que esses interesses sejam equilibrados."

A Vale decidiu transferir a sua sede do negócio do carvão da Austrália para Moçambique. O esforço visa conferir maior competitividade na indústria extrativa do carvão no país.

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