Desconhecidos roubaram cabos elétricos na ponte Maputo-Katembe, que ficou às escuras na noite passada. Na infraestrutura inaugurada há apenas um mês também há vendedores ambulantes que tentam fazer negócio.
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Desconhecidos roubaram cabos de média tensão que abastecem as luzes da infraestrutura, deixando a ponte Maputo-Katembe, entre as duas margens da baía da capital moçambicana, sem luz várias horas, entre a noite de segunda-feira (17.12) e esta madrugada.
As obras de reparação da ponte, inaugurada há um mês, já estão em curso. O roubo provocou estragos orçados em um milhão de meticais (14.200 euros), mas a luz foi reposta, disse à emissora estatal Rádio Moçambique o porta-voz da Eletricidade de Moçambique (EDM), Luís Amado.
O porta-voz da companhia de eletricidade pública lamentou a situação, alertando para os riscos decorrentes para os automobilistas, que tiveram de atravessar a ponte num cenário de completa escuridão.
Negócios ambulantes
Um mês depois da inauguração da ponte Maputo-Katembe, vendedores ambulantes tentam fazer negócio na infraestrutura. Fabiano Chambule, de 28 anos, é um dos vendedores nos arredores do mercado da Malanga, onde desagua a ponte, na parte ocidental da cidade.
Chambule confirma a existência de alguns vendedores que sobem até à ponte para fazer negócio. "Eles acham que como é um ponto de encontro entre pessoas que vêm de lá de baixo da linha-férrea, aproveitam para vender coisas ao longo da ponte, por isso é que ficam debaixo da ponte. É ali onde ganham pão", conta.
Vendedores como Natércia Sitoe costumavam fazer negócio no removido mercado Nwankakan. "No início, diziam que nem todos cabiam no mercado, mas houve um consenso e acabamos por ter espaço para ficar. Estamos aqui na rua porque lá dentro estão aqueles que vendem hortícolas. E nós, que vendemos roupa, temos um espaço lá dentro, mas não há negócio", explica.
Juvenildo Ernesto, de 23 anos, vende chinelos perto da ponte. Conta que muitas vezes tem de fugir da polícia municipal, que proíbe o negócio naquele local sob pena de apreensão dos produtos. "É fácil fazer negócio aqui porque há movimento", justifica.
Polícia mobilizada
O município de Maputo mobilizou a polícia municipal para impedir que as pessoas circulem a pé ou façam negócio ao longo da infraestrutura. Nos primeiros dias após a inauguração, muitas pessoas deslocaram-se ao local para tirar selfies, outras para urinar. Por isso, justifica o porta-voz da polícia municipal, Joshua Lai, a corporação teve de usar medidas coercivas impedir aquelas práticas.
Vandalismo na ponte Maputo-Katembe
"Houve resistência como sempre, mas logo depois da inauguração da ponte entramos em ação através da apreensão de produtos. Foi uma ação coerciva. Mas com o trabalho feito com as estruturas locais conseguimos realojar os vendedores no interior dos mercados da Malanga e de Luís Cabral", bairro a oeste de Maputo, explica Joshua Lai.
A gestora da infraestrutura, a Maputo Sul, lamenta a ocorrência de cinco acidentes e a morte de uma pessoa. "Quase todos os casos são excesso de velocidade. Tivemos um caso triste em que uma viatura com cinco ocupantes capotou e a nossa equipa de socorro esteve no local e levou as vítimas para o hospital, mas no dia seguinte uma das vítimas perdeu a vida", disse o presidente do Conselho de Administração da Maputo Sul, Silva Magaia.
Desde que a ponte foi inaugurada, já passaram pela ponte mais de 150 mil viaturas, sobretudo turistas que foram conhecer a Ponta de Ouro, mais a sul da província de Maputo.
A maior ponte suspensa de África liga Maputo a Katembe
Ponte que liga Maputo a Katembe foi inaugurada no sábado, 10 de novembro de 2018. Tem cerca de três quilómetros de extensão. Muitas famílias foram realojadas para dar espaço a este projeto no sul de Moçambique.
Foto: DW/R. da Silva
Do lado de Maputo
Esta parte da ponte passa por cima da zona onde se localizam muitas fábricas na baixa da capital, mais descaído para a parte ocidental. Ao fundo, vê-se o porto de Maputo. A ponte que liga Maputo a Katembe foi inaugurada no sábado, 10 de novembro de 2018. Tem cerca de três quilómetros de extensão e será a maior ponte suspensa de África.
Foto: DW/R. da Silva
Até 1.200 meticais para circular na ponte
Esta é a entrada da ponte do lado da Katembe. Com a conclusão das obras, as viaturas deixarão de pagar entre quatro e doze euros pela travessia da baía de Maputo. Já a portagem da ponte custa entre 40 meticais (57 cêntimos) e 1.200 meticais (17,30 euros), anunciou a Maputo-Sul, empresa que gere a infraestrutura.
Foto: DW/R. da Silva
Portagem na Katembe
Esta é a inevitável portagem do lado da Katembe. Quem sai de Maputo, encontra esta barreira para pagar pela circulação na ponte e na estrada. Os automobilistas já se queixam dos preços das portagens. A Maputo-Sul, citada pelo jornal O País, desvaloriza as queixas. Fala em falta de informação e desconhecimento do real valor da obra.
Foto: DW/R. da Silva
Obras demoradas
Deste lado da Katembe, veem-se camiões que transportam materiais para o acabamento das obras. A construção da ponte teve início em 2014 e a conclusão do empreendimento sofreu vários adiamentos desde dezembro. Segundo o Governo, os atrasos resultaram de dificuldades na retirada de famílias que viviam nas proximidades da infraestrutura.
Foto: DW/R. da Silva
O pomo da discórdia
A zona que interceta com a Avenida 24 de Julho foi um dos pontos em que as obras sofreram atrasos. Foi aqui, onde passa uma rampa que dá acesso à ponte, que ocorreu uma das principais discórdias, entre os vendedores do mercado Nwakakana, a empresa Maputo-Sul e o município de Maputo.
Foto: DW/R. da Silva
Famílias indemnizadas facilitam construção atempada
As famílias que viviam neste local, maioritariamente refugiadas da guerra civil em Moçambique, foram transferidas para dar lugar à construção desta secção da ponte. Aqui, as obras não atrasaram porque as famílias rapidamente foram indemnizadas e realocadas para a região de Pessene, na Moamba, ocidente da província de Maputo.
Foto: DW/R. da Silva
Transporte precário
Esta embarcação transporta as viaturas que atravessam a baía de Maputo. Tem sido tortuoso para os automobilistas que vivem ou fazem negócios do lado da Katembe, pois quando esta embarcação avaria, a alternativa é um percurso de quase 100 km.
Foto: DW/R. da Silva
Cais de Maputo
O cais de acesso às embarcações que fazem a travessia da baía é um local que não oferece muita segurança, pois não existem barreias de segurança ou limites para as movimentações. O mesmo para viaturas, devido à precariedade da sua estrutura.
Foto: DW/R. da Silva
Cais da Katembe
Do outro lado, na Katembe, os problemas são os mesmos. A estrutura é precária, por isso, o Governo interditou a travessia na embarcação de camiões de grande tonelagem.
Foto: DW/R. da Silva
Vista da Katembe para Maputo
Esta é a parte da Katembe onde a ponte atravessa. Também nesta zona (no lado esquerdo da imagem), algumas famílias tiveram de ser retiradas para dar lugar à construção da gigantesca ponte. O desenho e a construção foram responsabilidade da China Road and Bridge Corporation (CRBC), uma das maiores empresas de construção da China. O controlo de qualidade foi feito pela empresa alemã Gauff.
Foto: DW/R. da Silva
A maior de África
Esta é a parte da ponte que nos leva à cidade de Maputo, concretamente na EN-1 e na avenida 24 de Julho. Na imagem, veem-se as obras para fazer alguns acertos neste troço. Daqui pode contemplar-se a extensão da ponte.
Foto: DW/R. da Silva
Ponte que desagua do lado da Katembe
Uma obra de grande engenharia que custou aos cofres do estado cerca de 600 milhões de euros. Veem-se na imagem as curvas as subidas e as descidas que dão outra beleza a esta mega estrutura.