Mondlane é eleito cabeça de lista da RENAMO em Maputo
Lusa | kg
21 de julho de 2018
Ex-deputado do MDM foi escolhido por unanimidade para ser cabeça de lista na capital moçambicana do maior partido da oposição nas eleições autárquicas de 10 de outubro.
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O Conselho da Cidade de Maputo da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) elegeu este sábado (21.07) Venâncio Mondlane como cabeça de lista do maior partido da oposição na capital de Moçambique.
O antigo deputado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), a terceira força política do país, foi apresentado na terça-feira pelo secretário-geral da RENAMO, Manuel Bissopo, como membro do partido.
Venâncio Mondlane foi eleito por unanimidade, após a desistência dos três membros da RENAMO que também concorriam a cabeça de lista em Maputo para as eleições autárquicas de 10 outubro.
Mondlane declarou que este é o momento de o partido resgatar o município de Maputo, apelando à união desta força política, dentro dos ideais de Afonso Dhlakama, o líder histórico do partido que morreu este ano.
"O nosso general Afonso Dhlakama nos uniu e esse é o espírito que deve ser mantido. Nós vamos limpar Maputo", declarou Venâncio Mondlene, aplaudido pelos mais de 200 membros do partido.
Além dele, concorriam a cabeça-de-lista em Maputo Gilberto Xirindza, Aristidia Chuquela e Jaime Gingador, que desistiriam da eleição, manifestando apoio ao ex-deputado do MDM. "Esta candidatura veio para fazer com que os munícipes de Maputo voltem a sonhar", acrescentou Mondlane.
Desvinculação do MDM
As razões da desvinculação de Venâncio Mondlane do MDM não são conhecidas. O ex-deputado recusou a sua indicação a candidato do partido em Maputo nas eleições autárquicas, afirmando que não foi consultado sobre a decisão.
Após renunciar ao seu mandato em junho como deputado no Parlamento pelo MDM, alegando "incompatibilidade e constrangimentos" no exercício da sua função, Mondlane afirmou à DW África que ir para a RENAMO era "uma opção a considerar".
O político foi candidato do MDM à presidência de Maputo nas autárquicas de 2013, tendo sido derrotado por David Simango, da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), partido no poder.
Além de Mondlane, o autarca de Quelimane, Manuel de Araújo, recusou ser cabeça de lista pelo MDM para as eleições de outubro, alegando desentendimentos com os membros do partido naquela Assembleia Municipal. Dois dias depois da sua renúncia, Manuel de Araújo apresentou-se como cabeça de lista pela RENAMO no município de Quelimane.
Venâncio Mondlane e Manuel da Araújo abandonam o MDM numa altura em que o líder do partido, Daviz Simango, tem sido criticado por uma alegada concentração de poderes e marginalização de opositores internos.
Guerrilheiras da RENAMO aguardam paz e reintegração
A desmilitarização também se faz no feminino. As mulheres estão prontas para entregar as armas, assegura a Liga Feminina da RENAMO, e aguardam com expetativa a reintegração nas forças governamentais.
Foto: DW/M. Mueia
Na expetativa do acordo
Muitas mulheres na RENAMO são guerrilheiras e aguardam a sua reintegração social. Estão interessadas em entregar as armas e exercerem outras atividades profissionais. Esperam pelo acordo final entre as principais partes envolvidas no processo de deliberação, neste caso as bancadas parlamentares da RENAMO e A FRELIMO.
Foto: DW/Marcelino Mueia
O aguardado regresso à vida civil
Teresa Abdul, da província do Niassa, começou a combater quando tinha apenas 14 anos. Aguarda o desarmamento e o regresso à vida civil com muita expectativa. “Este processo é muito melhor. Temos muitas pessoas que passaram pela guerra, lutaram, mas até agora não estão a ser reintegradas nos seus lugares, é triste. Caso este processo ocorra, estaremos agradecidos porque todos estarão na linha”.
Foto: DW/Marcelino Mueia
Luta de quase quatro décadas
As mulheres do maior partido da oposição comemoraram o 38º aniversário da criação da Liga Feminina a 5 de Julho de 2018. As celebrações a nível nacional tiveram lugar na província moçambicana da Zambézia, juntando representantes do partido oriundos maioritariamente das províncias.
Foto: DW/Marcelino Mueia
Que se cumpra o acordo feito com Dhlakama
Albertina Naene, ex-guerrilheira, ingressou nas fileiras militares da RENAMO com apenas 13 anos. Hoje, com 46, apela ao Presidente para prosseguir com os acordos de cessação definitiva das hostilidades militares."O Governo da FRELIMO está a atrasar o processo. Deveria cumprir o que ficou acordado com o presidente Dhlakama. Queremos que aqueles nossos irmãos saiam para virem conviver connosco”.
Foto: DW/Marcelino Mueia
Encontros para motivar e mobilizar apoiantes
A morte do líder da RENAMO não significa o fim do regime partidário. As autoridades políticas da RENAMO na província da Zambézia, têm mantido encontros constantes depois da morte de Afonso Dhlakama. Os encontros não visam apenas traçar planos de atividade para as delegações distritais e membros do partido, também servem para motivar os seus simpatizantes e eleitores.
Foto: DW/Marcelino Mueia
Maria Inês Martins - presidente da Liga da Mulher da RENAMO
Para a presidente da Liga da Mulher da RENAMO, a integração dos guerrilheiros nas forças governamentais podia começar pelos que, depois dos acordos de paz de 1992, foram integrados e depois afastados “sem justa causa”. “Foram desmobilizados e despromovidos, a outros foram dadas reformas compulsivas. Esta seria uma prova de que o Presidente Nyusi está disponível para cumprir o que acordaram".
Foto: DW/M. Mueia
O desejo de uma vida em paz
Populares querem paz, para continuar a produzir comida, dizem as vendedeiras ao longo da estrada EN1 em Malei, distrito de Namacurra, na Zambézia. Apesar da zona não ter sido afetada pelo conflito no ano passado, algumas vendedeiras dizem que
temiam a situação. Dormiam em prontidão, com malas preparadas para abandonarem as suas casas, em caso de conflito.
Foto: DW/Marcelino Mueia
Partido "envelhecido"
A RENAMO, continua a ser um partido político com muitos membros idosos. De acordo com o politólogo Ricardo Raboco, a derrota da RENAMO nos pleitos eleitorais está também associada a este fator. Mas o politólogo também opina que, em Moçambique, os mais velhos são mais fiéis à RENAMO e poucos emigram para outras formações políticas. E há cada vez mais idosos a filiar-se pela RENAMO.