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Mondlane: "Está-se a cometer crimes contra a humanidade"

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26 de outubro de 2024

Num direto na rede social Facebook, Venâncio Mondlane considerou que têm sido cometidos "crimes contra a humanidade" em Moçambique no âmbito dos protestos. A terceira etapa vai ser "muito mais dura e pesada", garante.

Venâncio Mondlane
A terceira etapa da manifestação geral vai ser "muito mais dura e pesada", garante Venâncio MondlaneFoto: Alfredo Zungia/AFP

Venâncio Mondlane voltou este sábado (26.10) a recorrer à sua página oficial do Facebook para se dirigir aos moçambicanos.

Em mais um direto, o candidato presidencial, apoiado pelo PODEMOS, começou por agradecer à comunidade internacional e todos aqueles que "manifestaram publicamente o repúdio não só aos assassinatos de Elvino Dias e Paulo Guambe, mas também aos assassinatos que a Polícia da República de Moçambique (PRM) está a fazer em relação à manifestação geral e nacional". 

Mondlane diz não ter dúvidas de que os assassinatos, pessoas feridas e detenções constituem "crimes contra a humanidade".

"O Tribunal Penal Internacional está à espera e vai receber aqueles que hoje estão a cometer estes crimes, a mandar disparar contra a população indefesa e desarmada. O tribunal de Haia está à vossa espera", afirmou. 

Polícia infiltrada nas manifestações

O político voltou a reiterar que estão por vir outras duas etapas da série de protestos que tem vindo a convocar no país. 

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"Acho que já perceberam que o povo está disposto a ir até às últimas consequências", complementou. 

Quanto aos protestos realizados, Venâncio Mondlane denuncia que tem havido "infiltrados" a fazerem "a destruição de bens públicos e privados".

"Temos vários vídeos de elementos da própria polícia, vestidos à civil, a destruir lojas, barracas, empresas. A própria polícia está a saquear e a destruir bens públicos e privados. Isso deve ficar bem claro", aponta.

Apagão de Internet

Mondlane também usou o direto no Facebook para comentar o corte de internet que aconteceu no país na sexta-feira (25.10), que, no seu entender, "fere as liberdades fundamentais dos cidadãos".

Uma vez mais acusa o Estado de estar a "cometer uma violação de direitos humanos" ao limitar o acesso à informação. "É preciso processar o próprio Estado e as operadoras de telecomunicações que ganham muito dinheiro com a população".

Segundo Mondlane, a população já ameça - em caso de novo apagão "intencional" -, "queimar as antenas, os balcões das operadoras, as direções distritais e provinciais do Ministério dos Transportes e Telecomunicações e nas delegações provinciais do Instituto Nacional de Comunicações".

"Não obriguem o povo a ter que ir para vias radicais", exortou. 

Terceira etapa de manifestações será "extremamente difícil de ser parada" e o "povo vai estar capacitado para usar o seu direito de autodefesa", diz MondlaneFoto: Siphiwe Sibeko/REUTERS

"Vai ser uma etapa muito difícil"

Venâncio Mondlane avançou ainda que na próxima segunda-feira (28.10) vai anunciar "com detalhes" os moldes da terceira etapa da manifestação geral e nacional. 

Para já, sublinha que será "muito mais dura e pesada". 

"Nesta [terceira] etapa vamos subir o escalão em que vamos envolver quatro milhões de moçambicanos. A partir da próxima semana vai ser muito mais dicífil, vai ser pesadíssimo. Vais ser uma etapa extremamente difícil de ser parada. O povo vai estar capacitado e autorizado para usar o seu direito de autodefesa. Se for atacado também vai atacar", rematou. 

Ontem, a Polícia da República de Moçambique (PRM) anunciou que deteve em todo o país 371 pessoas em resultado dos protestos na quinta-feira e na madrugada de sexta-feira, com confrontos entre as autoridades policiais e manifestantes.

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