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Venezuela a ferro e fogo

Lusa | rl
24 de fevereiro de 2019

Ânimos exaltaram-se quando camiões com ajuda humanitária foram incendiados. Maduro lembrou que passaram 30 dias desde que Guaidó se autoproclamou Presidente interino do país e não foram convocadas eleições.

Venezuela Hilfslieferung aus Brasilien
Foto: Getty Images/AFP/N. Almeida

A situação na Venezuela está cada vez mais difícil, com os confrontos entre cidadãos e forças policiais a tornarem-se mais frequentes e agressivos. Números divulgados pelo ministro dos Negócios Estrangeiros colombiano dão conta de que, pelo menos, 60 elementos das forças armadas da Venezuela desertaram no sábado (24.02) e procuraram refúgio na Colômbia.

Neste mesmo dia, as forças leais ao presidente Nicolás Maduro impediram a entrada no país de ajuda humanitária. Estava previsto que camiões, carregados com alimentos e medicamentos, enviados por vários países, entre os quais os Estados Unidos, entrassem na Venezuela pelas fronteiras terrestres com a Colômbia e o Brasil. No entanto, a chegada do auxílio ficou marcada por episódios de violência, com camiões incendiados. Pelo menos quatro pessoas morreram e 285 ficaram feridas, na sequência de confrontos com as autoridades.

"Todas as opções em aberto", diz Guaidó

A entrada da ajuda humanitária tinha sido convocada por Juan Guaidó, líder do parlamento venezuelano e o autoproclamado Presidente interino da Venezuela. Já ao final do dia, Guaidó anunciou, na rede social Twitter, que vai pedir formalmente à comunidade internacional que mantenha "abertas todas as opções para conseguir a libertação" do país.

Juan Guaidó, autoproclamado Presidente interino da VenezuelaFoto: Reuters/M. Bello

"Os acontecimentos de hoje [sábado] obrigam-me a tomar uma decisão: propor formalmente à comunidade internacional que devemos manter abertas todas as opções para conseguir a libertação desta Pátria que luta e que continuará a lutar. A esperança nasceu para não morrer, Venezuela!", escreveu.

Na sequência deste episódio, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, afirmou que Washington "vai tomar medidas" para apoiar a democracia na Venezuela. "É hora de agir para apoiar as necessidades do desesperado povo venezuelano", declarou Pompeo.

Jà este domingo (24.02), foi a União Europeia quem pediu moderação às forças de segurança venezuelanas. "Fazemos um forte apelo aos organismos de segurança de cumprimento da lei para que mostrem moderação, evitem o uso da força e permitam a entrada de ajuda", referiu a alta representante da União Europeia para a política externa, Federica Mogherini, em comunicado. Repudiando "o uso de grupos armados para intimidar civis e legisladores", a União Europeia apelou ao Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, para que "reconheça a emergência humanitária" dada a escalada de tensão no país.

Pelo menos quatro pessoas morreram, este sábado (23.02), na sequência dos confrontos com as autoridades venezuelanasFoto: AFP/J. Barreto

Nicolas Maduro anunciou, entretanto, o corte de relações com a Colômbia, à semelhança do que já havia feito com os Estados Unidos. E fez saber que aceitará uma oferta da União Europeia para introduzir "legalmente" ajuda humanitária no país. De acordo com Maduro, o envio desta ajuda será "coordenado com a ONU". "Tudo o que enviarem, a Venezuela vai pagar, porque não somos mendigos de ninguém. Que cheguem aos nossos portos, de maneira legal. Aceitamos", frisou.

Maduro desafia Guaidó

Este sábado (23.02) era a data limite anunciada por Juan Guaidó para a entrada no país de 14 camiões e 200 toneladas de ajuda humanitária na Venezuela. Passaram também 30 dias desde que Guaidó se autoproclamou Presidente interino do país. Uma data que Nicolas Maduro não deixou escapar.  "Trinta dias passaram [depois de se autoproclamar Presidente] porque não convocou eleições? Onde está a convocatória, se têm um Presidente interino. Eu desafio-o a convocar eleições, para ver quem tem votos e quem ganha eleições neste país", afirmou Maduro, apelidando Juan Guaidó de "marioneta vendida ao império".

Segundo Nicolás Maduro, "as eleições deveriam ser hoje, porque assim o manda a Constituição", fazendo alusão à legislação venezuelana segundo a qual uma vez assumido o cargo o Presidente interino tem um mês para convocar eleições presidenciais.

Entretanto, Juan Guaidó anunciou que participará, esta segunda-feira (25.02), em Bogotá, numa cimeira do Grupo de Lima. O encontro, que reunirá todos os chefes da diplomacia da região e também com o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, visa "discutir possíveis ações diplomáticas.

Guaidó: Regime de Nicolás Maduro "não tem futuro"

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