Eleições europeias revelaram a ascensão de vários partidos ecologistas: uma "onda verde" na UE. E pela primeira vez, o Partido Popular Europeu e Aliança dos Socialistas e Democratas Progressistas não conseguem maioria.
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Segundo os resultados provisórios mais recentes, os Verdes europeus conseguiram 67 assentos, tirando o lugar aos Reformistas e Conservadores Europeus (que conseguiu 61) e tornando-se na quarta força mais votada nestas eleições europeias, que elegeram um total de 751 eurodeputados.
A predominar na assembleia europeia continuam, ainda assim, o Partido Popular Europeu (PPE), com 180 eleitos, a Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D), com 152, e a Aliança dos Liberais e Democratas pela Europa (ALDE), com 105, de acordo com os resultados provisórios.
Com a perda de mais de 39 deputados, PPE e S&D, de centro-direita, pela primeira vez nem juntos conseguem uma maioria. Portanto, a partir desta segunda-feira (27.05) será preciso iniciar negociações que permitam acordos com os Verdes, a ALDE, do Presidente francês, Emmanuel Macron, e a Europa das Nações e das Liberdades (ENL), do ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, que foi o grupo que mais cresceu eleitoralmente.
"Onda verde" na UE
A nova relação de forças vai definir quem ocupará o mais alto cargo da União Europeia: a presidência da Comissão Europeia. Os candidatos são nomeados pelo Conselho Europeu - que reúne os chefes de executivo dos Estados-membros - e aprovados por maioria simples no Parlamento. O candidato em melhor posição é o alemão Manfred Weber, do PPE.
Verdes ganham terreno no Parlamento Europeu
"Não conquistamos uma grande vitória nestas eleições, mas somos o grupo mais forte", admitiu Manfred Weber. "É preciso que os grupos pró-europeus cooperem nesta nova fase, especialmente os Verdes que são também os vencedores do dia. Os verdes são os potenciais parceiros com quem devemo-nos sentar e elaborar estratégias para os próximos cinco anos."
Com o clima na ordem do dia, em que o fim do plástico se tornou numa luta comunitária, as eleições para o Parlamento Europeu, que decorreram entre quinta-feira e domingo, revelaram a ascensão de vários partidos ecologistas na União Europeia (UE). Uma "onda verde" na UE, como afirmou o eurodeputado ecologista holandês Bas Eickhout.
Abstenção mais baixa dos últimos 20 anos
A taxa de participação nestas eleições europeias foi de 50,5%, a mais elevada dos últimos 20 anos e oito pontos acima do anterior sufrágio. O porta-voz do Parlamento Europeu, Jaume Duch, sublinhou que este é o aumento da afluência às urnas "mais significativo" desde as primeiras eleições, em 1979.
Como funcionam as eleições europeias?
01:12
Portugal contraria esta tendência, com as projeções a apontarem para uma abstenção entre 65% e 70%, provavelmente a mais elevada de sempre.
A liberal dinamarquesa e comissária da EU Margrethe Vestager, candidata à presidência da Comissão Europeia, disse em entrevista à DW que as pessoas perceberam a diferença do voto: "Votar é poder e esse poder deve ser exercido."
Para Margrethe Vestager, "há partidos que querem destruir a UE, há partidos que se dizem nacionalistas, mas vendem as suas terras para os russos, o que fez as pessoas pensarem que deveriam votar desta vez."
Apesar de vitórias em Estados-membros tão importantes quanto França, Itália, Reino Unido ou Polónia, as forças de extrema-direita e eurocépticas vão ocupar cerca de 22,5% do hemiciclo, uma percentagem bem mais baixa que os 33% que ambicionavam, que seria o número necessário para bloquear a atividade legislativa do Parlamento Europeu.
Bienvenu à Matonge: um pedaço de África em Bruxelas
Bruxelas é a capital da União Europeia - e lar de cerca de 100 mil africanos. No colorido bairro de Matonge, eles vivem um pouco como na terra natal, a República Democrática do Congo (RDC).
Foto: DW/E. Shoo
Kinshasa na Bélgica
Cerca de 100 mil pessoas com raízes africanas vivem em Bruxelas, o que é quase 10% da população da capital da Bélgica. A maioria veio das ex-colónias belgas - República Democrática do Congo e Ruanda. Outros, de países do Oeste Africano - como Senegal, os Camarões e Burkina Faso. Todos eles encontram um pedaço de casa em Matonge, que é também o nome de um bairro da capital do Congo, Kinshasa.
Foto: DW/E. Shoo
Vestidos para ocasiões especiais
Pode-se comprar de todas as cores e modelos: tecidos de algodão para casamentos ou festas religiosas. Mesmo as europeias compram aqui e apreciam as opções coloridas. Em muitas lojas, a proprietária corta o modelo desejado na hora. Porém, os tecidos não são provenientes do Gana ou do Congo, mas da Holanda. "Eles têm uma melhor qualidade", diz uma vendedora.
Foto: DW/E. Shoo
Cabelos do Brasil, da Índia e da China
Perucas, tranças, cosméticos. Em Matonge, estão os especialistas em cabelos crespos. É lá que as mulheres de ascendência africana vão buscar seu novo visual - do mais simples ao mais complexo. As extensões de cabelo e perucas variam consideravelmente em qualidade e preço. Mechas de cabelo artificial podem custar a partir de 10 euros. Uma peruca feita de cabelo brasileiro pode valer até 300 euros.
Foto: DW/E. Shoo
Bate-papo em Matonge
Também os homens vêm a Matonge. Emmanuel sempre recebe aqui o seu novo corte de cabelo. Ele vem de Kinshasa, e em Matonge ele se sente um pouco como em casa. "Sempre encontro conhecidos aqui," diz. Por um novo visual, os pagam menos que as mulheres - o corte de cabelo custa a Emmanuel apenas oito euros.
Foto: DW/E. Shoo
Ligação com África
As lojas em Matonge se adaptaram às necessidades dos seus clientes africanos. Especialmente populares são as lojas de telefonia que oferecem chamadas de baixo custo para a terra natal. Além disso, se instalaram aqui prestadores de serviços financeiros que ganham bastante com os muitos africanos que transferem parte de seu salário para a família em África.
Foto: DW/E. Shoo
Pequenos presentes de África
Quem procura um presente colorido de África na cinzenta Bruxelas, vai encontrá-lo aqui. A variedade na loja Afrikamäli (ou "Tesouros de África", na tradução literal) vai de brincos e colares a castiçais e cestos. Os produtos provêm de países como o Quénia, a África do Sul, Moçambique, Burkina Faso e Mali. Em Matonge, muitos comerciantes mantém uma ampla rede de fornecedores no continente africano.
Foto: DW/E. Shoo
Um ponto de encontro
A Associação Cultural Kuumba integra africanos e europeus. Há comida africana, bem como concertos, noites de cinema ou passeios guiados pelo bairro Matonge. Além do suaíli, fala-se especialmente o francês. Mas em Kuumba pratica-se também o holandês: o café cultural é apoiado em grande medida pela comunidade flamenga.
Foto: DW/E. Shoo
Construíndo pontes entre África e Europa
O café cultural Kuumba foi ideia de Jeroen Marckelbach. "Tudo começou, quando circulei de bicicleta de Matonge em Bruxelas a Matonge em Kinshasa em 2008", diz ele. "Eu queria fazer algo para melhorar a relação entre os africanos e os belgas. Eles se conhecem muito pouco. Por meio de cursos de línguas, arte e literatura, as culturas devem aprender uma com a outra."
Foto: DW/E. Shoo
Multicultural e multilingue
Em Matonge, encontram-se diferentes culturas e línguas. Muitos falam francês, alguns também inglês ou holandês. Alain Mpetsi, que nasceu no Congo, se beneficia da diversidade linguística. Ele fala cinco línguas e trabalha como intérprete. Além disso, ele também dá aulas de suaíli e lingala, duas das línguas mais importantes da República Democrática do Congo.
Foto: DW/E. Shoo
Tesouros culinários
A comunidade africana não vem a Matonge apenas para fazer compras. É igualmente importante encontrar-se para tomar uma cerveja e ouvir música africana, ou para comer. Vários restaurantes oferecem bebidas e pratos tradicionais de África. O restaurante Soleil d'Afrique (ou "Sol de África", na tradução literal) é um dos mais famosos em Matonge. Tanto moradores quanto turistas vêm aqui.
Foto: DW/E. Shoo
Banana cozida e mandioca
No cardápio, estão pratos como Mafe (carne com molho de amendoim), Yassa (carne marinada temperada), peixe e bolinhos recheados com legumes ou carne moída. Os pratos geralmente vêm da África Oriental e Ocidental. Como acompanhamento há, por exemplo, arroz ou banana frita. Em Matonge substituem as tradicionais batatas fritas da Bélgica.
Foto: DW/E. Shoo
Música congolesa ao vivo
Em Matonge, a música é omnipresente. Cantores, alguns deles estrelas na República Democrática do Congo, se apresentam em muitos restaurantes e bares africanos nos finais de semana. Também nas lojas e salões de cabeleireiros, ouve-se música por todo dia. Assim, Matonge traz um pedaço colorido da alegria de viver africana ao cotidiano de Bruxelas, no coração da Europa.