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"Via política" é a única solução para o conflito na Líbia

Lusa | EFE | ms
29 de abril de 2020

Depois de o marechal Khalifa Haftar ter anunciado que assumiu o controlo político da Líbia, a Rússia defende que a única solução para o conflito líbio é "a via política e diplomática". Governo em Tripoli condena golpe.

Foto: Imago-Images/A. Salahuddien

"Moscovo está convencido de que a única solução possível na Líbia é a via da comunicação política e diplomática entre todas as partes do conflito", indicou o porta-voz do Kremlin. Dmitri Peskov disse ainda que a Rússia continua em contacto com todas as partes do processo de reconciliação líbio.

Khalifa Haftar, líder do executivo não reconhecido no leste da Líbia, anunciou que o Conselho Militar a que preside se dispõe a assumir o controlo político do país e que nesse sentido se retira do acordo patrocinado pela ONU em 2015 e assinado na cidade marroquina de Skhirat, que estabeleceu o governo de acordo nacional (GAN), com sede em Tripoli e dirigido por Fayez al-Sarraj.

O marechal Haftar não precisou que tipo de governo pretende liderar, mas sublinhou que responde ao que na sua opinião é "a vontade do povo". Segundo o GAN, o marechal Haftar, que tenta desde abril de 2019 ocupar a capital Tripoli, pretendia com aquele anúncio "dissimular a derrota das suas milícias e mercenários" e o "fracasso do seu projeto ditatorial".

A Líbia mergulhou no caos após a queda de Muammar Kadhadi em 2011 e a ofensiva militar das forças de Haftar contra Tripoli já causou centenas de mortos e mais de 200.000 deslocados. O marechal conta com o apoio dos Emirados Árabes Unidos, do Egito e da Rússia, enquanto o GAN é ajudado pela Turquia, Qatar e Itália.

Governo em Tripoli condena golpe de Haftar

O GAN, reconhecido pela ONU, condenou mais um "golpe de Estado" do seu rival, o marechal Khalifa Haftar, que assegurou na véspera ter o "mandato do povo" para governar a Líbia. E denunciou uma "farsa e um novo golpe de Estado, que se junta a uma série de outros que começaram há anos".

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Segundo o GAN, o marechal Haftar, que tenta desde abril de 2019 ocupar a capital Tripoli, pretendia "dissimular a derrota das suas milícias e mercenários" e o "fracasso do seu projeto ditatorial".

Os Estados Unidos, por seu turno, viram no anúncio de Haftar uma "sugestão (...) segundo a qual as mudanças na estrutura política da Líbia podem ser impostas por uma declaração unilateral", indicou o embaixador norte-americano na rede social Twitter.

Acusado pelos seus críticos de querer instaurar uma nova ditadura militar na Líbia, o marechal Haftar também anunciou "o fim do acordo de Skhirat", assinado no final de 2015 em Marrocos sob a égide da ONU, do qual resultou o GAN.

"Trégua humanitária" durante o Ramadão

Alemanha, França, Itália e o alto representante da União Europeia apelaram já a uma "trégua humanitária" na Líbia por ocasião do Ramadão, mês sagrado para os muçulmanos, que começou na sexta-feira passada no país.

Num comunicado conjunto, os signatários do documento lamentam que "o conflito continue com a mesma intensidade e os desenvolvimentos das últimas semanas estão a levantar preocupações crescentes", principalmente para a população líbia, "que sofre há muito tempo".

"Apelamos a todos os atores líbios a inspirarem-se no espírito do Ramadão, para retomar as discussões sobre um verdadeiro cessar-fogo e unir esforços face ao inimigo comum que é o risco da propagação da pandemia [da covid-19], no interesse de todo o país", concluem.

A missão de apoio da ONU na Líbia denunciou, recentemente, uma escalada de violência no país, incluindo atos de represálias em cidades a Oeste do país, conquistadas pelas forças do GNA. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a Líbia regista 61 casos confirmados do novo coronavírus e duas mortes.

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