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PolíticaAlemanha

Vice-Chanceler alemão procura novos investimentos em África

Martina Schwikowski
2 de dezembro de 2024

O vice-Chanceler alemão e ministro Federal da Economia, Robert Habeck, desloca-se ao Quénia para promover novos investimentos no continente. Muitos empresários alemães consideram África demasiado arriscada para negócios.

Robert Habeck na África do Sul durante a sua visita ao país em 2022
Robert Habeck na África do Sul durante a sua visita ao país em 2022Foto: Bernd von Jutrczenka/dpa/picture alliance

A autobiografia da ex-chanceler da Alemanha, Angela Merkel, continua a dar que falar. Desta feita, o tema em discussão é a relação entre África e Alemanha.

No livro recentemente publicado, "Liberdade. Memórias 1954-2021", Merkel escreve que nunca foi fácil "convencer os dirigentes das grandes empresas alemãs a acompanharem-na nas viagens ao continente africano".

A antiga chanceler alemã explica que a maioria via poucas oportunidades para os seus negócios nos mercados africanos.

Agora, o atual Vice-Chanceler e ministro Federal dos Assuntos Económicos, Robert Habeck, tentará a sua sorte com uma delegação ao continente para participar na "German African Business Summit" (GABS).

Este formato realiza-se de dois em dois anos num país diferente do continente. E este ano acontece de 2 a 4 de dezembro em Nairobi, Quénia.

Robert Habeck participa, de 2 a 4 de dezembro, no "German African Business Summit" em Nairobi (foto de arquivo)Foto: Bernd von Jutrczenka/dpa/picture alliance

Investir em África é um risco?

Serwah Prempeh, colaboradora do Instituto Africa Policy Research Institute, afirma que investir em África é visto como um risco para os investidores alemães.

"A perspetiva sobre África é de riscos políticos e económicos exagerados: politicamente instável, corrupta, com infraestruturas fracas, obstáculos burocráticos e um ambiente de alto risco. Isto dissuade os investidores alemães, especialmente os que investem em pequenas e médias empresas, que são geralmente mais avessas ao risco", começa por explicar.

O mesmo se aplica aos bancos alemães, acrescenta Prempeh. "Por aversão ao risco, operam com taxas de juro elevadas para investimentos em África ou não financiam empresas privadas alemãs no continente".

A Alemanha tem tido pouco envolvimento político e económico em África nas últimas décadas. O investimento direto estrangeiro está a estagnar: De acordo com a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, a Alemanha ocupa o nono lugar entre os 10 principais países investidores em África em 2022, com 13 mil milhões de euros. Apenas mais dois mil milhões do que em 2018.

Em 2022, antes da sua primeira viagem a África como ministro Federal da Economia à África do Sul e à Namíbia, Habeck apelou a um "novo começo" para as relações entre a Alemanha, a Europa e África.

No Quénia, a Alemanha atua, por exemplo, como parceiro financeiro para a expansão da maior central geotérmica de África.

Em maio de 2023, o Chanceler Olaf Scholz anunciou pessoalmente um novo empréstimo de 45 milhões de euros. Durante a sua visita de dois dias ao Quénia, Habeck quer agora também visitar a central, cuja capacidade deverá duplicar para 2000 megawatts até ao final da década.

No Quénia, a Alemanha atua como parceiro financeiro para a expansão da maior central geotérmica de ÁfricaFoto: David Ehl/DW

Investimento alemão em África em crise

O economista queniano James Shikwati vê o conceito de investimento alemão em África, e em particular no Quénia, numa dupla crise.

Em primeiro lugar, a Alemanha enfrenta uma crise interna. A economia alemã está sob pressão devido aos conflitos na Europa. No que diz respeito a África, os potenciais investimentos alemães enfrentam a concorrência da China e de outras economias emergentes que se tornaram agressivas na sua abordagem ao investimento em África.

No entanto, desde a pandemia da COVID-19 e os novos conflitos no continente, as economias de muitos países africanos foram gravemente afetadas e os orçamentos financeiros são voláteis. Por conseguinte, é crucial que os investimentos futuros estejam protegidos contra estes riscos.

Christoph Kannengießer, Diretor-Geral da Associação Empresarial Germano-Africana, afirma que a ideia de África ser uma região de risco para investimento estrangeiro não é bem assim.

"Fala-se muito de risco, ignorando o facto de que África pode dar um contributo importante para salvaguardar os modelos empresariais contra os riscos e torná-los mais resistentes. O continente não partilha muitos dos riscos globais e das cadeias de abastecimento na mesma medida e, objetivamente, não é mais arriscado do que outras regiões do mundo", argumenta. 

Kannengießer diz que ainda que "a perceção falsa e defensiva por parte das agências de notação e das classes de risco listadas pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) torna mais dispendioso para as empresas que pretendem desenvolver actividades em África obterem capital emprestado".

Analistas ouvidos pela DW afirmam que os governos africanos estão abertos e dispostos a fazer negócios e deixam uma dica à diplomacia alemã: aconselha as empresas alemãs a abordarem os investimentos estatais e as zonas económicas especiais em África, que são por vezes muito animadas.

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