Vigília em Angola denuncia repressão e apoia Moçambique
22 de outubro de 2024Dezenas de ativistas angolanos realizaram, na segunda-feira (21), uma vigília de solidariedade ao povo moçambicano, com foco na "verdade eleitoral e direito à vida". Durante a manifestação, jovens entoaram cânticos e discursos em apoio aos moçambicanos, expressando o desejo de ter um líder similar a Venâncio Mondlane, uma figura de resistência em Moçambique.
O evento aconteceu na Biblioteca "Despadronizada", reunindo mais de duas dezenas de jovens. Imagens do advogado Elvino Dias, que representava o candidato presidencial moçambicano Inácio Mondlane, assassinado em Maputo, e de Paulo Guambe, mandatário do partido Podemos, foram exibidas durante a vigília. O momento foi marcado por um minuto de silêncio, precedido pela entoação do hino nacional "Angola Avante".
"Frelimo fora, MPLA fora, ditadores fora"
Kenedy Manuel, um dos organizadores do evento, justificou a iniciativa, afirmando que a juventude angolana não podia ficar indiferente à situação em Moçambique: "É necessário fazermos essa vigília para mostrarmos que os moçambicanos não estão sozinhos, moçambicanos estão com Angola, e nós estamos com eles. Para tudo o que vier."
Sobre a repressão da manifestação pela polícia moçambicana, Kenedy comentou: "Já se previa, os governos ditatoriais têm esse lado de mostrar violência, de não querer conversar... então isso já se previa."
Durante a vigília, os manifestantes também entoaram cânticos de protesto, como "FRELIMO fora, MPLA fora, ditadores fora", sugerindo uma equivalência entre os dois partidos. Matady Mandombe, um dos participantes, afirmou: "Não difere. Não difere porque são dois partidos que lutaram pelas independências e permanecem quase meio século no poder." Eduardo Lubienga acrescentou: "Angola e Moçambique, naquilo que é a gestão, a governação, não diferem muito. Moçambique quer libertar-se de um sistema, e nós, angolanos, teremos de fazer o mesmo posteriormente."
Mondlane angolano?
Eduardo e outros manifestantes expressaram o desejo de ter uma liderança como a de Venâncio Mondlane nas eleições gerais angolanas de 2027. Eduardo reforçou: "Todos nós devemos ser um Mondlane, devemos renascer esse sentimento dentro de nós. Gostaríamos de ter um Mondlane." Arikson Amady compartilhou o mesmo sentimento: "Desde que conheci o presidente Mondlane, tenho visto os seus pronunciamentos, nós só estamos a precisar de um líder que diga: Vamos. Nós vamos ir."
Com velas protegidas por plásticos reciclados contra o vento, a chama simbolizava a energia e a determinação dos jovens ativistas em apoiar a luta moçambicana. Sobre os possíveis resultados da vigília em Maputo, Matady Mandombe foi confiante: "Vai sim. Vai porque, de qualquer das formas, nós estaremos a encorajar os nossos irmãos a continuarem a lutar, a não desistirem, e também para desencorajar os assassinatos perpetrados pelo sistema vigente em Moçambique."
Ao lado da roda dentada da bandeira angolana, cartazes exibiam uma frase icônica do rapper Azagaia: "Povo no poder." Os jovens entoaram o coro da canção: "Povo no poder, povo no poder, povo no poder."