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Violência de Boko Haram dificulta operação do governo nigeriano

Katrin Gänsler / Cristina Krippahl21 de junho de 2013

Apesar do governo ter enviado 2000 soldados para o norte da Nigéria e de ter decretado o estado de emergência, o grupo radical islâmico ainda ataca. A sociedade civil quer diálogo mas rejeita a amnistia dos terroristas.

Soldado nigeriano em Maiduguri, estado federado de Borno
Soldado nigeriano em Maiduguri, estado federado de BornoFoto: Getty Images/AFP

Os atentados a duas escolas (noticiadas a 10 de junho), em Damaturu e Maiduguri, no nordeste da Nigéria, causaram a morte de 16 alunos e de dois professores. O que representa um sério revés para a operação militar do governo nigeriano. Ainda na semana passada, este fizera um balanço intermédio positivo do estado de emergência decretado, em meados de maio, nos estados federados de Borno, Zamfara e Yobe.
As organziações da sociedade civil desde sempre defenderam que a ofensiva militar só por si não serve de resposta. Man Paddy Kemdi Njoku, presidente do conselho nigeriano para exames escolares, o National Examinations Council (NECO), diz que “há que investigar como é possível que organizações como o Boko Haram ganhem tanta força. Essa resposta tem que ser dada a nível da sociedade civil”.

“Para que a população receba melhor formação, temos que ensinar os nigerianos a serem cidadãos responsáveis. O governo tem que perceber que deve criar emprego para as pessoas. E os pais devem ser um bom exemplo para os filhos", comenta Man Paddy Kemdi Njoku.

Sociedade quer saber mais sobre o Boko Haram

O arcebispo católico da capital económica, Abuja, o cardeal John Onaiyekan, diz que é importante perceber quem está por detrás dos extremistas. E porque é que o grupo se radicalizou tanto nos últimos anos.
Segundo o clérigo, um dos principais motivos foi o fracasso do Estado em lidar com a comunidade islâmica: "estas pessoas têm as suas próprias ideias sobre como deve funcionar o Estado. Insistem num estado islâmico. Esta ideia está muito espalhada pelo mundo entre muçulmanos fanáticos. O mundo está em guerra porque não quer aceitar o islão. No entanto, o islão é a religião da paz".

Estas são palavras radicais para muitos cristãos nigerianos, que representam cerca de metade da população de 160 milhões de habitantes.

Nigerianos querem diálogo mas não amnistia

Também o governo nigeriano parece decidido em abrir uma frente de diálogo pararelamente à militar. Recentemente (24.04) criou uma comissão de amnistia incumbida de convencer os terroristas a deporem as armas e a sentarem-se à mesa das negociações. Em contrapartida serão amnistiados.
Esta estratégia é contudo criticada por muitos nigerianos. Emmanuel Nnadozie Onwubiko, dirigente de uma organização de escritores que se empenha pelos direitos humanos (HURIWA) considera a estratégia uma “contradição enorme” porque: “não se pode declarar guerra aos terroristas e ao mesmo tempo aliciá-los com promessas. Não é uma estratégia particularmente inteligente", justifica Emmanuel Nnadozie Onwubiko.

Mas não obstante a crítica, o governo mantém a sua estratégia dupla. Após meses de debates públicos, o conselho de amnistia reúne-se agora regularmente. No entanto, até ao momento, o grupo radical Boko Haram recusou o diálogo.

O cardeal John Onaiyekan diz que urge sobretudo que a sociedade nigeriana se empenhe pela paz e a reconciliação no norte. O arcebispo de Abuja reivindica a criação de um grémio misto de representantes do governo e da sociedade civil.
"Espero que possamos então enfrentar os problemas e falar sobre eles abertamente. Assim poderemos encontrar soluções aceitáveis. É óbvio que teremos que fazer compromissos. Mas neste momento não vejo nada disso. Vejo apenas a tentativa de apagar incêndios", observa John Onaiyekan.

Segundo a organização de defesa dos Direitos Humanos, Human Rights Watch, os atentados de Boko Haram e a repressão da insurreição pelas forças de segurança causaram, pelo menos, 3600 mortos, desde 2009.

Violência de Boko Haram dificulta operação do governo nigeriano

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Soldado nigeriano patrulha a localidade de Baga, no estado de Borno, no nordeste do paísFoto: Getty Images/AFP
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