África do Sul envia missão a países africanos após violência
Lusa
15 de setembro de 2019
O Presidente Cyril Ramaphosa enviou uma missão à Nigéria, Níger, Gana, Senegal, Tanzânia, República Democrática do Congo e Zâmbia para entregar mensagens de solidariedade devido à vaga de violência xenófoba no país.
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A missão, composta pelo ex-ministro da energia Jeff Radebe, o embaixador Kingsley Mmabolo e o veterano do partido no poder Khulu Mbatha, visitará a Nigéria, o Níger, o Gana, o Senegal, a Tanzânia, a República Democrática do Congo e a Zâmbia, refere a presidência sul-africana em comunicado divulgado hoje na página oficial de internet.
Moçambique e Portugal, cujas diásporas na África do Sul foram também afetadas pela violência xenófoba, não são mencionados no comunicado presidencial como parte do itinerário dos enviados especiais nomeados pelo chefe de Estado sul-africano.
O comunicado adianta que os enviados especiais partiram da África do Sul no sábado "para entregar mensagens de solidariedade a vários Chefes de Estado e de Governo em África".
Tranquilizar e informar
De acordo com o comunicado, os enviados são portadores de uma mensagem do Presidente Ramaphosa "sobre os incidentes de violência contra imigrantes estrangeiros na África do Sul, que se manifestaram em ataques a estrangeiros e na destruição de propriedades".
"Os enviados especiais têm a tarefa de tranquilizar os países africanos de que a África do Sul está comprometida com os ideais de unidade e solidariedade pan-africanas. Os enviados especiais vão também reafirmar o compromisso da África do Sul com a Lei e Ordem", salienta a nota.
A Presidência da República sul-africana refere ainda que "os enviados especiais têm por missão informar os governos dos países africanos identificados sobre as medidas que o governo da África do Sul está a tomar para parar com os ataques e responsabilizar os perpetradores".
Os últimos dados oficiais das autoridades sul-africanas indicam que a recente onda de violência xenófoba contra locais e estrangeiros resultou na morte de 12 pessoas, a maioria sul-africanos, mais de 600 detidos e no repatriamento voluntário de 600 nigerianos e cerca de 140 moçambicanos desde o início, a 1 de setembro.
Dados do Ministério dos Negócios Estrangeiros moçambicano indicam que a recente onda de violência xenófoba na África do Sul afetou mais de 400 moçambicanos.
Pelo menos doze comerciantes e empresários portugueses foram alvo de violentos saques e destruição dos seus negócios.
Congoleses em fuga de Angola: RDC promete retaliação
Mais de 270 mil congoleses foram obrigados a abandonar Angola. Em retaliação, o ministro dos Negócios Estrangeiros congolês deu dois meses aos angolanos ilegais para abandonarem a RDC. ACNUR teme nova crise humanitária.
Foto: Reuters/G. Paravicini
Ao ritmo de 1.000 imigrantes por hora
Imigrantes congoleses chegam à localidade fronteiriça de Kamako, já do lado da República Democrática do Congo (RDC), ao ritmo de 1.000 pessoas por hora. Mais de 270 mil imigrantes ilegais congoleses foram obrigados a abandonar Angola, após um decreto do Presidente João Lourenço que visa acabar com a imigração ilegal no país, sobretudo nas regiões diamantíferas das Lundas.
Foto: Reuters/G. Paravicini
RDC promete retaliação
O Governo em Kinshasa utiliza o termo "expulsos" quando se refere aos imigrantes que Angola diz estarem a "sair de forma voluntária" do país. Como represália, o ministro dos Negócios Estrangeiros congolês definiu um prazo de dois meses para que todos os angolanos em situação irregular saiam da RDC. A tensão levou os Governos e representações diplomáticas dos dois países a iniciarem conversações.
Foto: Reuters/G. Paravicini
Detidos com documentos angolanos falsos
Em colaboração com o ACNUR e com organizações não-governamentais, as autoridades congolesas estão a vigiar a pente fino as entradas no país. Entre os cidadãos obrigados a abandonar Angola, há portadores de documentação da nação vizinha. Porém, o porta-voz da "Operação Transparência" anunciou a detenção de imigrantes com "documentos angolanos falsos" que serão julgados em Luanda.
Foto: Reuters/G. Paravicini
Congoleses dedicavam-se ao garimpo ilegal
O comandante da Polícia Nacional de Angola, António Bernardo, garante que os imigrantes que estão a abandonar o país "não se coíbem de dizer" que se deslocaram para Angola "para ganhar dinheiro na exploração ilegal de diamantes". Com o encerramento das cooperativas e casas ilegais de venda e compra de pedras preciosas, "os imigrantes decidiram voluntariamente sair do país", diz o responsável.
Foto: Reuters/G. Paravicini
ACNUR não confirma mortes
Apesar das denúncias de mortes e maus-tratos perpetrados por agentes da Polícia Nacional de Angola, no âmbito da "Operação Transparência", o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) não confirma essas informações "por falta de dados". Philippa Candler, representante do ACNUR em Angola, diz que os imigrantes estão a sair de Angola pelo próprio pé, mas sob pressão do Governo.
Foto: Omotola Akindipe
Cerca de 35 mil refugiados legais em Angola
Dados do ACNUR indicam que há 35 mil refugiados legais em Angola. Estão, sobretudo, na Lunda Norte, inseridos num assentamento em Lóvua ou distribuídos pelas povoações. No entanto, a ONU denunciou a expulsão de 50 migrantes com estatuto de refugiados. O ACNUR está a verificar a informação. A escalada do conflito tribal no Kasai levou milhares de congoleses a procurar refúgio fora de portas.
Foto: Reuters/G. Paravicini
A pé ou à boleia de motorizadas e bicicletas
Os migrantes congoleses que estão em viagem de regresso ao país de origem escolheram vários meios para fazê-lo. Alguns aceitaram a ajuda do Governo angolano que disponibilizou camiões para transportar os congoleses até à fonteira. Outros preferem fazê-lo pelo próprio pé ou socorrendo-se de bicicletas e motorizadas. Consigo carregam os seus pertences.
Foto: Reuters/G. Paravicini
De regresso às antigas rotinas
Ainda em viagem, mulheres e crianças lavam roupas nas margens do rio junto à localidade de Kamako, na província de Kasai. O objetivo é regressarem às suas povoações outrora ameaçadas ou reiniciarem uma nova vida longe da sua última morada na RDC. No entanto, a situação nesta província congolesa é instável. A falta de infraestruturas está também a preocupar as Nações Unidas.
Foto: Reuters/G. Paravicini
Nova crise humanitária iminente
A ONU expressou preocupação sobre a saída forçada de Angola nas últimas semanas de centenas de milhares de cidadãos. Para as Nações Unidas, as "expulsões em massa" são "contrárias às obrigações" da Carta Africana e, por isso, exortou os Governos em Luanda e em Kinshasa a trabalharem juntos para garantirem um "movimento populacional" seguro e evitarem uma nova crise humanitária.