Violência na Líbia leva a colapso do sistema de saúde
EBU | AP | vct
24 de maio de 2018
Aumentam os ataques a unidades de saúde na Líbia. Alguns médicos e enfermeiros chegam a abandonar o país com medo de serem raptados ou mortos. Organização Mundial de Saúde pede ajuda.
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A violência na Líbia está a pôr em causa a prestação de cuidados de saúde aos cidadãos. As Nações Unidas têm registado ataques a profissionais de saúde e pacientes. De maio de 2017 a maio de 2018, houve 36 ataques a unidades médicas, trabalhadores e pacientes. Mas acredita-se que haja muito mais casos do que os reportados.
"São atacados, intimidados, ameaçados e feridos, normalmente por membros de grupos armados", afirma Matilda Bogner, chefe da Divisão de Direitos Humanos da Missão de Apoio da ONU na Líbia.
Um relatório da organização fala ainda em detenções e raptos de pessoal médico - às vezes, por prestarem ajuda a alegados combatentes inimigos.
"Ataques diretos a unidades e pessoal médico são proibidos. Fazer reféns e matar doentes e feridos são crimes muito sérios que podem constituir crimes de guerra", acrescenta Bogner.
Fuga do país
O conflito na Líbia arrasta-se desde a queda do regime de Mouammar Kadhafi em 2011, e há médicos e enfermeiros que abandonam o país, o que contribui ainda mais para o colapso do sistema de saúde.
Osama Sharif, coordenador de emergência da Organização Mundial de Saúde, lembra que toda a população é afetada quando as unidades de saúde são alvo de ataques.
"É um serviço que é garantido a qualquer paciente. Mesmo as pessoas envolvidas no conflito têm familiares que são pacientes com doenças crónicas, como diabetes, e precisam destas instalações de saúde que servem todos os residentes da área, seja em Sabha, Benghazi ou qualquer outra área na Líbia."
Apelo
Para resolver este problema, o chefe de missão da Organização Mundial de Saúde na Líbia, Jaffar Hussein, sugere que se envolva líderes locais e religiosos.
"Não podemos controlar ou parar os combates, mas podemos deixar um forte apelo: Por favor, poupem as unidades médicas e os profissionais de saúde."
De acordo com a Cruz Vermelha, só nos últimos dois anos, ocorreram 1.200 incidentes violentos contra hospitais e profissionais de saúde em 16 países. Já um relatório recente da organização internacional "Aliança para a Proteção da Saúde nos Conflitos" fala em 700 ataques em 23 países do mundo, só em 2017. Síria, territórios palestinianos e Afeganistão representam mais de metade dos casos.
Dez líderes africanos que morreram em exercício
A população costuma acompanhar com atenção o estado de saúde dos altos dirigentes – muitos especulam atualmente, por exemplo, sobre a saúde do Presidentes da Nigéria. Vários chefes de Estado já morreram em exercício.
Foto: picture-alliance/dpa
John Magufuli, Presidente da Tanzânia
Morreu a 17 de março de 2021, doente. O seu estado de saúde, pouco antes da falecer, esteve em volto a muito secretismo. Assumiu a liderança do país em 2015 e boa parte do seu povo enaltece os seus feitos, tais como a melhoria dos sistemas de saúde, educação e transporte. Mas também foi contestado por algumas políticas duras e por perseguir os seus críticos.
Foto: Sadi Said//REUTERS
1) Malam Bacai Sanhá, Presidente da Guiné-Bissau (2012)
Malam Bacai Sanhá morreu em 2012. Ele sofria de diabetes e morreu em Paris, aos 64 anos, menos de três anos depois de chegar ao poder. Sanhá tinha vários problemas de saúde.
Foto: dapd
2) João Bernardo "Nino" Vieira, Presidente da Guiné-Bissau (2009)
João Bernardo "Nino" Vieira foi assassinado em março de 2009. Tinha 69 anos de idade. Esteve no poder durante mais de duas décadas. Tornou-se primeiro-ministro em 1978 e, em 1980, tomou a Presidência. Ficou no cargo até 1999, ano em que foi para o exílio. Regressou a Bissau em 2005 e venceu nesse ano as presidenciais.
Foto: picture-alliance/dpa/L. I. Relvas
3) Mouammar Kadhafi, chefe de Estado da Líbia (2011)
Mouammar Kadhafi foi assassinado em 2011. Kadhafi, auto-intitulado líder da "Grande Revolução" da Líbia, foi morto por forças rebeldes em circunstâncias ainda por esclarecer. Estava no poder há 42 anos, desde um golpe de Estado contra a monarquia líbia em 1969, onde não houve derramamento de sangue. A sua liderança chegou ao fim com a chamada "Primavera Árabe".
Foto: Christophe Simon/AFP/Getty Images
4) Umaru Musa Yar'Adua, Presidente da Nigéria (2010)
Umaru Musa Yar'Adua morreu em 2010 aos 58 anos de idade. Morreu no seu país, vítima de uma inflamação do pericárdio – estava há apenas três anos no poder. Já durante a campanha eleitoral, Yar'Adua teve de se ausentar várias vezes devido a problemas de saúde. Depois de ser eleito, em 2007, a sua saúde deteriorou-se rapidamente.
Foto: P. U. Ekpei/AFP/Getty Images
5) Lansana Conté, Presidente da Guiné-Conacri (2008)
Após 24 anos no poder, Lansana Conté morreu de "doença prolongada" aos 74 anos de idade. O Presidente da Guiné-Conacri sofria de diabetes e de problemas cardíacos. Conté foi o segundo chefe de Estado do país, de abril de 1984 até à sua morte, em dezembro de 2008.
Foto: Getty Images/AFP/Seyllou
6) John Atta Mills, Presidente do Gana (2012)
John Atta Mills morreu de apoplexia em 2012. Tinha 68 anos. Atta Mills esteve apenas três anos no poder. Enquanto chefe de Estado, introduziu uma série de reformas sociais e económicas que lhe granjearam fama a nível local e internacional.
Foto: AP
7) Meles Zenawi, primeiro-ministro da Etiópia (2012)
Meles Zenawi morreu na Bélgica aos 57 anos de idade, vítima de uma infeção não especificada. Zenawi liderou a Etiópia durante 21 anos – como Presidente, de 1991 a 1995, e como primeiro-ministro, de 1995 a 2012. Foi elogiado por introduzir o multipartidarismo, mas criticado por reprimir violentamente os protestos do povo Oromo no norte da Etiópia.
Foto: AP
8) Omar Bongo, Presidente do Gabão (2009)
Omar Bongo morreu em Barcelona, Espanha, em junho de 2009, vítima de cancro nos intestinos. Bongo estava no poder há 42 anos e morreu aos 72 anos de idade. Foi um dos líderes que esteve mais tempo no poder e um dos mais corruptos. Bongo acumulou uma riqueza imensa enquanto a maior parte da população vivia na pobreza, apesar de o país ter grandes receitas de petróleo.
Foto: AP
9) Michael Sata, Presidente da Zâmbia (2014)
Michael Sata morreu no Reino Unido aos 77 anos. A causa da morte não foi divulgada. Após a sua eleição em 2011, circularam rumores sobre o estado de saúde do Presidente. As suas ausências em eventos oficiais alimentaram ainda mais as especulações, apesar dos seus porta-vozes garantirem que estava tudo bem.
Foto: picture-alliance/dpa
10) Bingu wa Mutharika, Presidente do Malawi (2012)
Bingu wa Mutharika morreu em 2012. Teve um ataque cardíaco e faleceu dois dias depois, aos 78 anos de idade. Esteve oito anos no poder e ganhou gama internacional devido às suas políticas agrícolas e de alimentação. A sua reputação ficou manchada por uma onda de protestos por ter gasto 14 milhões de dólares num jato presidencial.