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ConflitosRepública Democrática do Congo

Violência na RDC desperta ressentimento contra Ocidente

DW (Deutsche Welle) | af | com agências
14 de fevereiro de 2024

Os combates no leste da República Democrática do Congo (RDC) provocaram a deslocação de milhares de pessoas e novos protestos. Muitos congoleses consideram que a culpa pela violência é da ONU e das potências ocidentais.

Os rebeldes do M23 controlam vastas áreas do Kivu do Norte
Os rebeldes do M23 controlam vastas áreas do Kivu do NorteFoto: Arlette Bashizi/REUTERS

Piora a cada dia que passa a situação militar no leste da RDC, onde as forças governamentais travam intensos combates com os rebeldes do M23.

A cidade de Sake, com cerca de 50 mil habitantes, a 20 quilómetros de Goma, a capital da província do Kivu do Norte é o palco dos combates.

Desde segunda-feira (12.02), os rebeldes do M23 têm tentado tomar o controlo da cidade, mas o exército congolês, ajudado pela milícia de autodefesa Wazalendo, procura bloquear o avanço dos rebeldes, como testemunhou à DW William Habamungu, um ativista da sociedade civil.

"Neste momento, o inimigo avançou muito desde as suas posições em Karuba até à cidade de Sake. Estão agora em Rutobogo e perto dos postes de telecomunicações. Há balas a voar por todo o lado, mas o nosso Wazalendo e alguns soldados das FARDC ainda estão na cidade", relata.

Bomba em campo de deslocados

Uma bomba, atribuída aos rebeldes do M23 pelas autoridades congolesas, explodiu num campo de deslocados perto de Sake, nesta segunda-feira (12.02). Matou três pessoas e feriu outras 15.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas condenou o incidente, que classificou como uma violação do direito humanitário.

Várias pessoas estão abandonar as suas casas em busca de locais seguros na cidade de Goma.

O ministro congolês da Defesa, Jean-Pierre Bemba confirma a deterioração da situação em Sake, declarando que "tudo está a ser feito pelas nossas forças armadas para garantir que Sake e Goma sejam protegidas e que todos os territórios pertencentes à RDC - Rutshuru e Masisi - possam ser libertados."

Jovens da RDC juntam-se ao Exército para combater o M23

01:43

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África do Sul envia militares

O chefe de Estado sul-africano, Cyril Ramaphosa, não ficou indiferente. Na segunda-feira (12.02) anunciou que o seu país vai enviar 2.900 soldados como parte de um esforço conjunto da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) para acabar com os combates no Congo.

O responsável pela defesa na RDC, Jean-Pierre Bemba reagiu ao anúncio da África do Sul com satisfação.

"É uma mensagem de conforto e apoio, também às nossas Forças Armadas, aos nossos amigos de outras forças que estão aqui, a SADC, as empresas privadas que estão aqui, os nossos irmãos Wazalendo que também estão a lutar e a quem felicitamos, pela defesa do nosso território", declarou.

As forças da SADC já estão a combater ao lado do exército congolês.

Protesto no Kivu do Norte contra a MONUSCO (imagem de arquivo)Foto: Benjamin Kasembe/DW

Cresce o ressentimento

O ressentimento da população está a crescer contra organizações internacionais como a missão da ONU no Congo, a MONUSCO, vista como responsável, em parte, pela atual situação.

Em Kinshasa, a capital do país, várias pessoas protestaram esta segunda-feira (12.02), junto aos escritórios da MONUSCO, às embaixadas dos Estados Unidos, da França entre outras.muito".

"Os americanos, os franceses e toda a comunidade internacional estão a ver-nos ser mortos e não dizem nada. Porquê?", questionava um dos manifestantes.

"Dizem uma coisa, mas praticam outra. Avisamos a comunidade Internacional para não interferir mais nos nossos assuntos", avisou outro habitante.

 

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