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PolíticaEstados Unidos

Vitória de Biden: Empatia vence a Presidência

Julia Mahncke
8 de novembro de 2020

Joe Biden venceu as presidenciais nos Estados Unidos, numa altura em que o país enfrenta uma forte crise, tanto de saúde como económica. Analistas elogiam o tom conciliatório de Biden e a sua capacidade de empatia.

Foto: Kevin Lamarque/Reuters

Este ano, a campanha eleitoral nos Estados Unidos girou em torno da resposta à pandemia da Covid-19 e os dois principais candidatos à Casa Branca demonstraram ter estratégias completamente distintas.

Enquanto o republicano Donald Trump aconselhou os americanos a não terem medo e não se deixarem "dominar" pela pandemia, o democrata Joe Biden alertou repetidamente para a importância de usar máscara e respeitar o distanciamento físico.

"A minha solidariedade vai para todas aquelas famílias que, como aqueles de nós que perderam um filho, olham à noite para a cadeira vazia onde se sentava o seu ente querido. Estou solidário com todos aqueles que estão a ter dificuldades nesta crise económica e que são simplesmente esquecidos pelo Governo atual", disse Biden durante a sua campanha eleitoral.

O esforço de Biden por empatia durante a sua campanha contrastou com a campanha de Donald TrumpFoto: Kevin Lamarque/Reuters

Vida na política

Joe Biden esteve prestes a desistir da política por causa da morte de entes queridos, por duas vezes. A primeira vez foi em 1972. Biden tinha apenas 29 anos de idade quando decidiu desafiar o senador republicano no estado que o viu crescer, Delaware. O dinheiro era pouco e grande parte da sua equipa eram familiares. Mesmo assim, o político venceu a eleição em novembro. Poucas semanas depois, a esposa de Biden e a sua bebé de 1 ano morreram num acidente de viação. Biden pensou em rejeitar o cargo. Contudo, persuadiram-no a ficar.

Décadas mais tarde, em 2015, o seu filho mais velho morreu devido a um tumor cerebral. Joe Biden era então o vice de Obama e tencionava candidatar-se à Presidência no ano seguinte. No entanto, desistiu do plano para dedicar mais tempo à família.

Poucos dias antes de deixar a vice-Presidência, Barack Obama atribuiu a Biden a Medalha Presidencial da Liberdade. Obama disse na altura que "conhecer Joe Biden é conhecer o amor sem fingimento, o serviço sem olhar para si próprio e viver plenamente a vida".

O então vice-presidente Joe Biden nas cerimónias fúnebres do seu filho, Beau, que morreu em 2015Foto: Patrick Semansky/AP Photo/picture alliance

Empatia de Biden

Mitchell S. McKinney, especialista em comunicação política na Universidade de Missouri, diz que essa capacidade de Biden se colocar no lugar dos outros foi umas das razões que levou os democratas a escolhê-lo como candidato à Casa Branca.

"Razoável e estável, e, de certa maneira, compreensivo. São palavras que definem bem Joe Biden. São características importantes numa altura de pandemia, em que as pessoas temem pelas suas vidas. Acho que esse é o estilo de liderança mais desejado. Donald Trump não foi capaz de entender isso", explica.

A vitória de Biden indica que, depois de quatro anos de administração Trump, a maior parte dos norte-americanos quer um Presidente completamente diferente. O democrata é tido como alguém conciliador e não divisionista.

Joe Biden (dir.), Presidente eleito dos EUA, e Kamala Harris, vice-Presidente eleitaFoto: Kevin Lamarque/Reuters

Boa reputação

Segundo o politólogo Bruce Buchanan, Biden tem uma reputação no Congresso de trabalhar muito bem com os republicanos e de ser uma pessoa simpática. "É raro encontrar alguém que não goste dele", ressalta.

O que esperar então de Joe Biden na Presidência norte-americana? Será que o político dará uma mão aos republicanos enquanto, do outro lado, segura a mão dos democratas mais progressistas, por exemplo na luta contra as alterações climáticas?

O politólogo Bruce Buchanan avalia: "Acho que, se ele insistir em algo como as alterações climáticas ou o ativismo ambiental, haverá resistência. Mas ele é um político pragmático. Acho que quer trabalhar em conjunto com a oposição em vez de os enfrentar e de os desafiar, como fez Donald Trump".

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