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Moçambique: Vitória da oposição em Guruè? Só com "milagre"

Marcelino Mueia
10 de dezembro de 2023

Partidos apontam irregularidades na autarquia de Guruè, onde várias pessoas ficaram feridas na sequência de disparos da polícia na repetição das autárquicas. RENAMO, Nova democracia e MDM dizem que fraudes pioraram.

Foto: Marcelino Mueia/DW

Na província da Zambézia, a repetição da votação teve lugar em duas autarquias, Milange e Guruè, mas a atenção centrou-se na segunda, onde houve um maior número de partidos concorrentes: a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), a Nova Democracia e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM).

O município foi palco de violência logo na véspera da votação, com registo de disparos por parte da polícia. Já este domingo, agentes alvejaram três membros da Nova Democracia.

Antes mesmo do fim do processo de votação no município de Guruè, a RENAMO e a Nova Democracia submeteram uma reclamação junto da Comissão Distrital de Eleições e do tribunal distrital local a contestar a atuação policial e erros nos cadernos eleitorais distribuídos aos delegados de candidatura dos partidos da oposição.

O presidente da Nova Democracia, Salomão Muchanga, garante que não vai aceitar os resultados "que virão a favor do partido no poder".

 Salomão MuchangaFoto: Marcelino Mueia/DW

Irregularidades e paralisações

As urnas abriram às 07h00, mas até às 10h00 várias assembleias de voto só haviam recenseado 5 eleitores por causa da inconformidade dos nomes nos cadernos. Repetidas vezes, o STAE teve que imprimir novas listas de eleitores para as assembleias de voto, paralisando a votação.

Em entrevista à DW, o cabeça da lista do MDM na autarquia de Guruè, Teixeira Elene, lamenta as irregularidades registadas, lembrando que "foi flagrado um professor, por sinal um diretor de uma escola, com boletins para introduzir na urna".

"Se [a situação] se repete no Guruè é porque houve situações anormais na eleição passada. O que se deveria fazer agora era deixar tudo o que aconteceu naquela altura e hoje ser um processo modelo", diz o político.

Forças de segurança durante a votação em GuruèFoto: Marcelino Mueia/DW

Vitória só com ajuda divina, diz RENAMO

"Quando o processo, a fraude ou ilegalidade é cometida pelo órgão de gestão e administração, a pessoa responsável por garantir eleições justas e transparentes, vamos reclamar a ele?", questiona o candidato da RENAMO, Manteigas Bulaisse, para quem só a ajuda divina conduzirá a oposição à vitória.

"Continuará a FRELIMO na dianteira, está-se a fazer tudo para que a FRELIMO esteja à frente, a menos que Deus faça milagre", afirma.

A Nova Democracia também aponta graves irregularidades nesta repetição das eleições. "As mesmas irregularidades que passaram no dia 10 de outubro, desta vez também acenderam de uma maneira cautelosa, podemos dizer assim, porque nós na cidade de Gurué respeitamos a lei, mas não houve nenhum regulador proveniente da Comissão Nacional de Eleições que pudesse servir de guião para evitarmos a repetição dos mesmos erros", lamenta Orlando Janeiro, cabeça de lista do partido.

"Hoje, o contingente militar também tomou conta deste processo. A pergunta que faço é: onde terminará o povo, que não tem armas?", questiona.

Votação em Moçambique: Agitação em Guruè

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