1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
HistóriaAngola

William Tonet: "Os crimes nunca prescreverão"

25 de maio de 2012

A DW África falou com advogado e jornalista angolano William Tonet que, em 1977, trabalhava no gabinete de Nito Alves. Hoje é uma das vozes que denunciam as atrocidades cometidas por ordem do presidente Agostinho Neto.

Verwendung weltweit, usage worldwide, No third party sales., Keine Weitergabe an Drittverwerter., Bitte Einschränkungen der Hand Afrika; Afrikanisch; Alan Gignoux; Angola; Angolan; Anpassung; Auswirkung; Farbe; Fotographie; Gebäude; Gehäuse; ImpactPhotos1; Küste; Land; Luanda; Meer; Palme; Skyline; Strand; Straße; Struktur; Tag; Tor; Wohnung; Wolkenkratzer; cityscape; ernstlich; errichtendes Äußeres; flach; hohe Winkelsicht; horizontal; niemand; photograph; städtisch; skyline; nobody; impact; high; angle; view; building; exterior; Alan; Gignoux; Republic; of; Southern; Africa; urban; sea; coast; capital; beach; street; skyscraper; country; housing; day; port; palm; tree; colour; Af; photographer; landscape; flat; apartment; residence; goal; structure; route; roads; Road_Transport; palm tree; countryside; littoral; coastal; box; apartment building; buildings; color; alignment; African
Skyline von LuandaFoto: picture-alliance/Alan Gignoux/imagestate/Impact Photos

DW África: O que, representa, para si, o 27 de maio?

William Tonet (WT): Nós conhecemos em África, depois de uma independência, uma das maiores chacinas seletivas do ponto de vista ideológico. E essa chacina foi cometida para acabar com a liberdade de pensamento e de expressão.

DW África: Os números das vítimas são divergentes...

WT: Não me repugna falar em mais de 60 mil ou um número próximo dos 80 mil de assassinatos, porque aqueles que dirigiram a chacina nunca estiveram preocupados com a quantidade. Bastava que alguém dissesse que aquele indivíduo talvez... para ser imediatamente preso. Se perguntar a eles: quantas pessoas prenderam, eles não sabem responder, mas sabemos que eles ficavam contentes quando, num dia, matavam mais cem ou mais duzentos. E muitos dos assassinos estão vivos. Eles têm que assumir isso. Veja quantos denominados responsáveis do 27 de maio sobraram?

DW África: Não acha que os crimes prescreveram, 35 anos depois?

WT: São crimes contra a humanidade, não prescreveram. E não prescreveram porque as pessoas responsáveis, que ainda estão vivas, não fazem nenhum esforço por se penitenciarem. Eles só vêem o poder, não vêem as consequências. Esse crime não prescreve. Os crimes da segunda guerra mundial também não prescreveram e não irão prescrever. Há pessoas à beira dos cem anos a serem responsabilizadas civil e criminalmente na Europa, e aqui em Angola também vai haver isso. Infelizmente nós não temos uma cultura de reconciliação. O MPLA tem medo de liderar um processo, como fez a África do Sul. Em África, Angola não está a dar um bom exemplo de uma política de verdadeira reconciliação nacional, ao contrário da África do Sul.

DW África: Porque é que o tema 27 de maio continua a ser um tabú em Angola?

WT: Porque as pessoas não pensam o país, e quando as pessoas - em vez de pensarem o país - pensam o poder, a verdade torna-se tabú. Eu costumo dizer: todos os movimentos de libertação cometeram erros graves, violações graves dos direitos humanos. Mas aqui em Angola só se fala da FNLA e da UNITA, como se os outros fossem um poço de pureza, mas não foram. É preciso que nós tenhamos a coragem de refazer a história e penitenciarmo-nos todos e dizer que foi num dado momento, que as circunstâncias foram estas, mas vamos reencontrar-nos em vez de continuarmos a cavalgar, uns no poder e outros com um sentimento de revolta.

William Tonet, em 1977, trabalhava no gabinete de Nito Alves e costumava abrir os comícios deleFoto: VOA

Autor: Manuel Vieira (Luanda)
Edição: António Cascais / António Rocha

25.05. William Tonet - 27 de maio - entrevista p/ jornal - MP3-Mono

This browser does not support the audio element.

Saltar a secção Mais sobre este tema

Mais sobre este tema

Ver mais artigos