Moçambicanos residentes na África do Sul começam a regressar
16 de abril de 2015 O chefe da diplomacia moçambicana, Oldemiro Baloi, disse em conferência de imprensa, que o grupo que está a caminho de Maputo é constituido por noventa pessoas.
O governante moçambicano apelou ainda à calma. Contudo, informações indicam que duas empresas sul africanas foram forçadas a paralisar as suas atividades, na sequência de manifestações em protesto contra os atos xenófobos.
Estima-se em quatrocentos o número de moçambicanos que foram desalojados das suas residências e despojados dos seus haveres em Durban e tiveram de refugiar-se em centros de acomodação.
O Embaixador de Moçambique na África do Sul, Fernando Fazenda, diz que o número subiu com a descoberta de um campo que alberga moçambicanos em Green World Park. Fazenda acrescentou que o centro está a funcionar há dez dias, mas não era do conhecimento das autoridades moçambicanas.
Apoio às vítimas e apelos à calma
O embaixador esteve no local na quarta-feira (15.04), tendo prometido apoio às vitimas.Para acompanhar de perto o processo de repatriamento dos moçambicanos, o Governo enviou na quinta-feira (16.04) a Durban o ministro do Interior, Jaime Monteiro.
Entretanto, cresce o número de vítimas de xenofobia que manifestaram já interesse em regressar a Moçambique, segundo revelou o director operativo de emergência do Instituto Nacional de Calamidades, Maurício Xerinda. "Infelizmente, a lista está a aumentar. Tínhamos uma indicação inicial de cerca de 78 pessoas, mas hoje, com a atualização que recebemos, a lista já inclui 230 pessoas". O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, prometeu todo o apoio do Governo. "Assistimos com grande preocupação e angústia ao sofrimento dos nossos concidadãos que estão a ser vítimas de atos de xenofobia no país irmão. Renovamos a nossa solidariedade para com as famílias enlutadas e vítimas e aproveitamos para manifestar a disponibilidade do meu Governo de tudo fazer para mitigar o sofrimento dos nossos irmãos, prestando-lhes toda assistência necessária", disse o Presidente Moçambicano.
Centro de acomodação está pronto
De acordo com Maurício Xerinda, um centro de acomodação está pronto para acolher os regressados na zona de Boane, a cerca de 30 quilómetros da capital Maputo. "Estamos a montar tendas de abrigo e casas de banho móveis, para além de criarmos as coindições para fornecermos refeições quentes, e, sobretudo, criar condições para o rápido transporte dessas pessoas para as suas zonas de destino em Moçambique".
O Governo apela à população para manter a calma e a não retaliar. O Governador de Inhambane, Agostinho Trinta disse num comício popular esta quinta-feira em Inharrime. "O que está a acontecer na África do Sul é muito mau e por isso lançamos o seguinte apelo: Não podemos imitar aquela situação; não podemos pagar o mal com o mal. A solução é ter paciência e perdoar. Devemos continuar a conviver com os sul-africanos".
Apesar dos apelos do Governo há informações indicando que os trabalhadores moçambicanos na empresa sul africana SASOL, em Inhassouro, província de Inhambane, paralisaram as suas operações durante o dia.
Clima tenso
Na província de Tete, a empresa sul africana KHENTZ , que presta serviços à empresa mineira brasileira Vale, fechou as portas na sequência de uma troca de insultos entre trabalhadores moçambicanos e sul africanos.
Não há registo de confrontos ou de vítimas, mas sabe-se que a KHENTZ organizou ainda esta quinta-feira o regresso à casa dos trabalhadores sul- africanos da empresa.
Centenas de trabalhadores sul-africanos trabalham em empresas moçambicanas e outros visitam frequentemente o país para a prática de turismo.
Por outro lado, Moçambique tem a sua maior comunidade no estrangeiro a residir na África do Sul. onde é estimada em cerca de três milhões de pessoas.