Vila será transferida para outra zona da província da Zambézia devido a inundações. Estrada principal de acesso à região está cortada deixando dezenas de famílias isoladas, segundo a administração local.
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As autoridades locais de Maganja da Costa, a cerca de 300 quilómetros de Quelimane, decidiram transferir a sede do posto administrativo de Nante para outra região. A localidade tem sido ciclicamente afetada pelas cheias.
"O plano de transferirmos a sede de Nante para o bairro de reassentamento de Mussaia é uma realidade. Vamos efetivar isso. Vamos materializar, vamos construir lá também uma sede. Este é o plano do Governo. Não há como voltar atrás. Não há plano sem execução financeira. Dentro deste ano, temos que materializar", anunciou o administrador do distrito de Maganja da Costa, Carlos Carneiro, em entrevista à DW África.
Estima-se que a transferência custe milhões de meticais, porque será preciso construir hospitais, escolas, mercados, mesquitas e igrejas.
Zambézia: Autoridades confirmam transferência da vila de Nante
Resgate das famílias
Até ao último fim de semana, centenas de famílias foram transferidas para um bairro de reassentamento, por causa do mau tempo na região. Neste momento, segundo o administrador, a situação em Maganja da Costa "não é das boas, porque está cortada a transitabilidade para a sede do Nante".
"O dique que liga Nante à sede de Maganja da Costa está praticamente interrompido. Tivemos que fazer movimentos via marítima, usando embarcações, e tivemos o reforço de um helicóptero, que nos permitiu fazer a supervisão de todas as áreas. Continuamos a priorizar o trabalho de resgate e salvamento das nossas populações. Todo o Baixo Licungo está inundado", afirma Carlos Carneiro.
Por telefone, um morador da região de Nante confirmou à DW que "a situação está complicada".
Há falta de alimentos e "a estrada de Nante para Moloa está cortada. Para as pessoas passarem para lá, só com apoio e com ajuda. Há aquelas pessoas que estão ali a ajudar as outras a se locomoverem de uma margem para a outra. Cobram [dinheiro] quando tem carga. Há aquelas pessoas que não conseguem sair, há outras que não aceitam".
As inundações já afetaram cerca de 4.960 pessoas no distrito de Maganja da Costa, segundo dados oficiais. Estima-se que 25 mil pessoas terão ser transferidas compulsoriamente das suas zonas de origem para centros de reassentamento, onde futuramente serão reerguidas as infraestruturas sociais básicas.
Vítimas do ciclone Idai na Zambézia: A vida renasce no centro de reassentamento
No centro de reassentamento de Dugudiua, na província central da Zambézia, os desalojados refazem a vida. Constroem as suas próprias casas com o material distribuído pelo INGC. Até uma escola está a ser edificada.
Foto: DW/M. Mueia
A escola ficou mais longe
As crianças do centro de reassentamento de Dugudiua, na província central da Zambézia, ficaram sem escola na sequência do ciclone Idai. Algumas tiveram de se mudar para casas de familiares que vivem próximo da estrada, para ficarem mais perto da escola mais próxima. Mesmo assim percorrem longas distâncias para lá chegarem.
Foto: DW/M. Mueia
Faltam terrenos
O régulo ″Dugudiua” pede ajuda para a população reassentada. A maioria das famílias não tem casa e nem terreno. Os terrenos distribuídos pelas autoridades não são suficientes para as mais de 200 famílias carenciadas.
Foto: DW/M. Mueia
Terrenos agrícolas para habitação
A falta de terrenos para a habitação está a obrigar os desalojados a ocuparem alguns campos destinados a agricultura. Estão a ser ocupados de forma provisória, porque em breve as famílias serão retiradas do espaço, segundo relatam as vítimas das enchentes.
Foto: DW/M. Mueia
Já há mercado, mas...
Um comerciante convidou alguns amigos a instalar um pequeno mercado no centro de acomodação das vítimas das cheias no distrito de Nicoadala em Dugudiua. Madjembe, pende, e camarão, são os alimentos preferidos pelas famílias. Devido à falta de peixe fresco e dinheiro alguns fazem as refeições sem caril, o molho indispensável nas refeições de muitos moçambicanos. As verduras são a principal opção.
Foto: DW/M. Mueia
Lonas como cobertura
Nesta casa vivem sete pessoas, marido, mulher e filhos. Devido à falta de material para cobrir o teto as famílias recorrem a lonas ou coberturas plásticas oferecidas pelo
governo provincial da Zambézia.
Foto: DW/M. Mueia
Desalojados constroem escola
Um grupo de pais organizou-se para construir esta escola que vai lecionar da 1ª a 7ª
classe, porque desde fevereiro os filhos não estudam por falta de escola. A região onde se situa o centro de reassentamento, em Dugudiua, a escola terá apenas uma sala para as sete classes. A construção iniciou segunda feira (13.05.) e prevê-se que termine este final de semana.
Foto: DW/M. Mueia
Casa - modelo
As imensas dificuldades para aquisição de material de construção obrigam os desalojados a optarem pela construção de casas deste modelo, feita de paus e lonas. É a única forma de garantirem um teto.
Foto: DW/M. Mueia
Não há latrinas
Ativistas de saúde lamentam a falta de organização territorial. Isso dificulta a construção de latrinas. Até hoje as mais de duzentas famílias não têm latrinas e nem casas de banho, porque estão a ser movimentadas de um lado para o outro, não possuem um terreno fixo.
Foto: DW/M. Mueia
A água levou os documentos
Desde segunda-feira (13.05.), está em curso o registo civil dos habitantes do centro de acomodação de Dugudiua. Nenhuma das vítimas possui documentos de identificação. Os seus documentos desapareceram com as inundações.
Foto: DW/M. Mueia
Com as próprias mãos faz a sua casa
Jeremias Rui, pai de 4 filhos, diz que está empenhado na construção da sua casa que começou a ser edificada há duas semanas. Apesar da falta de material de construção, conseguiu receber lonas que cobrem o teto e a base da casa do INGC, o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades. Antes, dormia ao ar livre porque ainda não tinha recebido um terreno do governo provincial.
Foto: DW/M. Mueia
Água não falta
É a única fonte de água no centro de reassentamento que abastece com o precioso líquido mais de 200 famílias. É um fontenário manual e suporta a demanda do centro. A água é usada para beber, tomar banho, lavar a roupa e a loiça.
Foto: DW/M. Mueia
Onde construir a casa?
Emilia Aguenta está empenhada na construção da sua casa, ao lado do seu marido. Tem cinco filhos e está abalada como as outras familias porque não sabe onde construir a sua casa. Por duas vezes foi alertada para sair do terreno por um grupo de técnicos topógrafos. Estes alegam que foi ocupado um espaço delimitado para uma rua, dentro do centro de reassentamento